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Tio Phil na voz: “Tudo isso é uma guerra e a cada dia eu vou procurando formas de vencer”

MC da Cidade de Deus, no RJ, revela detalhes do single/vídeo "150 no Maço", escrita quando foi preso injustamente.

Dois relatórios da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ), feitos em 2022 juntamente com o Colégio Nacional de Defensores Públicos Gerais (CONDEGE), apontaram falhas no reconhecimento fotográfico em delegacias do Brasil. Os documentos revelam que de 2012 a 2020 foram realizadas ao menos 90 prisões injustas baseadas nesse método, sendo 73 delas no Rio de Janeiro. Dos 242 processos analisados, 30% dos réus tinham sido inocentados, 81% deles são negros e 80% dos inocentes ficaram presos preventivamente antes do julgamento por mais de 1 ano.

Nesta estatística está Raphael Rogério, o Tio Phil. Preso injustamente em 2019, cumprindo 1 ano e 7 meses no Complexo Penitenciário de Gericinó, Bangu 10, o MC da Cidade de Deus, favela da Zona oeste do Rio, dividia na época uma jornada entre a música e o trabalho no camelô. A liberdade só cantou depois de muita burocracia e campanhas de amigos e familiares que colocaram nos trends a hashtag #LiberdadeTioPhil. Porém, mesmo com toda a injustiça que sofreu, ele quer usar essa experiência para falar de superação e não de ódio.

“Lá dentro são várias energias… e tipo, quando foi chegando entre 8 e 9 meses, eu comecei a observar as pessoas e o que eu poderia fazer ali”, diz Phil via Zoom. “E aí, quando abria a cela pra todo mundo dar uma esticada, os caras ficavam me pedindo pra cantar pagode… foi aí que saquei o que deveria fazer. Assim, comecei a compor. Lá dentro eu aprendi bastante coisa que tá me ajudando a lidar com situações aqui fora”.

 

 

Na prisão, escrever foi uma espécie de fuga para o MC que começou no funk, mas ganhou notoriedade nas batalhas de rap. Atrás das grades essa habilidade aflorou ainda mais e confirmou o que todos já vislumbravam, inclusive o delegado responsável pelo caso: era questão de tempo para ele alçar voos altos.

“Pelo que eu vi nos seus olhos, ele não queria fazer parte dessa sacanagem toda não… me falou pra escrever histórias reais, porque ele conhecia pessoas que tinham sido presas, tá ligado, e conseguiram a superação. E depois desse tempo todo eu fui entender o que esse cara estava falando pra mim. Aí, comecei a compor lembrando de cada fato… creio eu se não fosse preso, eu morreria… os planos de Deus são muito maiores que o nosso, tá ligado!?”

Sorridente, com parte do cabelo e da barba descoloridos, Tio Phil mostra-se otimista – apesar de ainda estar “meio boladão com o Estado, porém sou muito educado, tranquilão, mas é eles lá e eu cá”. Quer que as pessoas deixem de lado o ódio e a revolta para dar lugar à esperança. É esse tipo de mensagem que ele transmite em “150 no Maço”, música que fez logo depois da sua primeira audiência quando soube da movimentação que seus amigos de rima estavam fazendo para que fosse liberto.

Assim como todo o conteúdo da composição, o título se baseia na realidade prisional. Na tranca, o maço de cigarro é a moeda corrente. A cotação é alta, inflacionada. Já a qualidade do produto não condiz com o preço. Porém, onde tem procura não falta demanda. “Os caras me cobraram 150 reais no maço de Minister não era nem de Carlton, parceiro. Tá maluco, rapá!? Tipo assim, tudo lá dentro é caro”, relembra.

 

 

Falar sobre a realidade que vive ou do que almeja alcançar no futuro é uma das premissas de Tio Phil. Ele enfatiza mais de uma vez que não gosta de cantar algo ficcional, porque o seu ideal é deixar que a verdade e a positividade transpareçam. Também observa que quando as pessoas escutam sua história relacionada à cadeia, logo imaginam que vão ouvir um “moleque revoltadão falando de Glock”. Não que em algumas de suas letras não fale sobre criminalidade. Até tem, mas o que pretende compartilhar é algo bem diferente.

“Cada música e cada hit causa impacto no mundo, pelo menos no que eu posso analisar. Tipo, águia anda com águia”, afirma. “Não sei se você consegue imaginar o impacto das pessoas querendo sair da zona de conforto, buscando coisas novas, e entendendo que ninguém cresce sozinho. Então, nessas tracks eu analiso o impacto. Se o cara fala de Glock toda hora, daqui a pouco vai ter um menorzinho querendo portar uma glock, porque tipo assim: querendo ou não esse é o papo. Vai passando de geração pra geração. É óbvio que tem horas que eu surto comigo mesmo, todo dia eu tenho que me vencer. Todos nós temos vontades, são várias vontades, sentimentos, razões.. então, agora estou visando o que é necessário pra mim, o que é vantajoso. Tudo isso é uma guerra e a cada dia eu vou procurando formas de vencer”.

BATALHAS

Iniciado no funk, Tio Phil migrou na sequência para o rap participando de batalhas de rima. No começo perdeu todas por não entender muito bem a dinâmica e ficar só no “Yo! Yo! Yo!”. Assim que sacou que poderia usar o “flow” do funk para as disputas, dominou o cenário. Isso aconteceu na Batalha da Mocidade. Diferente da maioria, ele começou a usar a melodia a seu favor. Resultado: ganhou várias batalhas consecutivas. Em cada disputa, o MC usava uma espécie de introdução antes de soltar as ideias.

Cantando com toda disposição, ele mostra como era: “Esse é Tio Phil, o melhor do Brasil eh, eh, eh / MC Tio Phil, cheguei, o seu coração foi a mil, eh, eh, eh / Garota vem pra cá, quero te ver cantar”. Foi assim que criou a marca Tio Phil na voz. Depois de ganhar destaque, fechou parceria com a Grito Filmes, do Ian Miranda, para gravar na sua área o vídeo (em voz e violão) de ‘Hipocrisia’, que fala de suas vitórias marcantes, que na sequência ficou marcada por uma dura que levou da polícia.

 

 

O enquadro, por causa de um baseado, resultou na perda do dinheiro da passagem para ir trabalhar no dia seguinte. Ele perdeu uns 9 reais e o seu primo, dono de um salão de cabeleireiro, todo o dinheiro todo que tinha feito no dia inteiro com os cortes de cabelo. Revoltado, Tio Phil colocou sua raiva na caneta e a transferiu para o papel.

“Eu acordei pronto pra batalha lançando um flow sem falha, seguindo a minha maré / no final veio os caras e deu uma dura e por eu estar com o fino levaram o din do café / Mas tá tranquilo mano, porque nós somos guerreiro o que eles pegam nós pega no dia a dia / o fato é que o sistema, que é o sistema vem roubar trabalhador e eu falo que é hipocrisia”, canta o verso.

Essa forma que Phil desenvolveu para narrar sua luta diária tem o colocado em lugar de destaque no rap do Rio de Janeiro. Seu início no funk (proibidão) e a participação nas batalhas foram primordiais para que criasse uma base de apoiadores. Quem já conhecia a música dele antes da ascensão, manteve o apoio. Seguir os conselhos que recebeu ao longo da caminhada, principalmente na cadeia, manteve ele focado aonde queria chegar.

“Quando eu fui preso, os caras lá dentro disseram: faz isso aí que vai dá bom. Então, eu acho muito da hora ser apoiado porque cada artista que começa é muito importante o apoio da galera da quebrada”, ressalta. “Eu costumo falar que a arte é inestimável, sabe. Sou apaixonado pela arte, porque a gente nunca sabe quem vai alcançar. Quem está escutando a gente, quem nos vê como inspiração e quanto a gente vai fazer um dia”.

 

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