Unleash the thrill of playing online pokies at the premier au casino online and experience pure excitement.

Kaliteli ve kazançlı oyun deneyimi sunan Casino Siteleri ile büyük ödüller kazanabilirsiniz.

Виртуальное казино авиатор приглашает вас на захватывающее путешествие в мир азарта и удачи.

Откройте для себя уникальное gamma casino и дайте волю своим азартным желаниям.

Начните свое азартное путешествие с Вавада казино и получите возможность выиграть крупные призы.

Доступ к сайту вавада зеркало дарит вам возможность наслаждаться игрой в любое время.

Pesquisar
Close this search box.
Foto: Isa Hansen

Victor Xamã: “sou apenas um instrumento da minha vivência”

Na conversa, Victor Xamã falam de todas as questões evidenciadas no EP "Calor".

Diferente da verocidade que sempre descarrega nas suas músicas, Victor Xamã é pura tranquilidade. Até parece que estou conversando com outra pessoa. Ele é cuidadoso com as palavras. Do lado de cá do meeting, o cachorro late e as crianças gritam. Aumento várias vezes o volume do headhphone para acompanhar com atenção a voz moderada do MC amazonense.

Se engana que acha que ele chegou só agora. Aos 12 anos, Victor já compunha suas músicas em Manaus, capital do Amazonas. “Janela” (2015) e “VE,CG” (2017) foram seus primeiros álbums autorais, que precederam os EPs “Cobra Coral” (2020) e o mais recente “Calor”. O manauara também faz parte do Qua$imorto ao lado de João Alquímico, Luiz Caqui, Fernando Vário$ e Dj MAQ.

Há pouco mais de um ano em São Paulo, onde se estabeleceu para fazer seu corre virar ainda mais, Xamã já produziu doIs projetos e tem muitos outros no esquema. Na conversa que tivemos, as ideias giraram em torno de todas as questões evidenciadas em “Calor”.

 

 

Não é de hoje que você vem trabalhando no Rap. Passa longe de ser um novato. Já tem 2 álbuns, um EP e agora chega com “Calor”. Os seus 2 primeiros discos foram feitos em Manaus, agora os EPs você produziu em São Paulo. Tá por SP agora?

 

Estou mano! Tô morando em São Paulo faz um ano. O meu primeiro disco eu escrevi em Salvador (falando do meu trabalho solo), mas gravei em Manaus. O segundo eu escrevi e produzi em Manaus, e estes dois trabalhos que eu lancei agora em formato de EP, eu escrevi e lancei eles aqui em São Paulo. Então, vamos pingando de lugar em lugar e deixando um pouco da gente.

 

E de que forma você lida com essas transições, levando em consideração que cada lugar tem uma atmosfera diferente? Neste EP, mesmo morando em São Paulo, você aborda temas que estão diretamente ligados a sua terra natal. Tudo isso influenciou na estruturação?

 

Vou responder por partes… Eu acho que a cidade reflete no indivíduo que habita nela. Então, quando você está localizado em um certo espaço geográfico que você nasceu e foi criado a maior parte da sua vida, você acaba criando carinho pelos costumes, pela vivência, pelas coisas que você aprendeu. Quando eu fiz meu primeiro disco, a minha mãe teve a oportunidade de emprego em Salvador e eu fui com ela. Por isso, eu fui “obrigado”a escrever esse disco em Salvador… Foi quando eu tive um insight e a cidade com certeza teve uma grande influência nisso, tanto Manaus quanto a cidade que eu estava na época. Então, eu acredito muito que a cidade e o momento acaba refletindo no indivíduo. Agora, esse trampo novo, já foi uma experiência que tivemos nesse período de pandemia… e eu decidi vim pra São Paulo justamente pra tentar novas oportunidades com o meu trabalho e com a minha música, e eu cheguei aqui e fiz só um show. Não me lembro o nome do local, mas foi um show muito massa em que eu pude me conectar com outros artistas. E logo após disso, começou a pandemia… Eu acho que tanto Cobra Coral como o EP Calor, eles são uma resistência, né mano. É uma nova possibilidade de estar expondo o meu trabalho para mais pessoas, de estar me reinventando.

 

“A indústria tá funcionando de uma forma muito rápida, mas ao mesmo tempo que tem essa rapidez, muitas coisas não trazem uma inovação”

 

Justamente no momento que você chega em São Paulo para, de certa forma, recomeçar a vida e expandir as oportunidades, uma pandemia se inicia. Sentiu, neste primeiro momento, tudo isso como um banho de água fria?

 

A princípio o que eu senti foi medo, depois senti raiva por toda a situação que a região norte tá passando por conta da pandemia, por questão da falta de oxigênios… foi um misto de coisas que realmente eu senti, que contribuíram para a escrita. Isso é incontestável. Às vezes, tudo isso pode contribuir com bloquei criativo, mas acho que no meu caso contribuiu como inspiração.

 

Dá para perceber que quando você já abre Calor falando de toda essa invisibilidade da região norte: “passei pra gringo, parquinho pro crime”. Aí a gente pode relacionar aos diversos tipos de crime, seja o corriqueiro do dia a dia e o crime que é cometido pelo governo, de fechar os para uma parte do país… É no sentido também de chamar a atenção para que deem mais atenção para a sua área, que há muito tempo tem sido invisibilizada?

 

Há mano, é muito chato você crescer… não sem referência, saca!? Mas só que tipo assim… quando a gente pensa de pessoas de Manaus que conseguiram fazer sucesso no Brasil e lá fora, a gente pensa em Zézinho Correia, David Assayag… que eu nem sei se são artistas que todo mundo conhece. Então, crescer sem esses exemplo de pessoas do norte que conseguiram exportar e não sobreviver, mas realmente viver da sua arte em todos os âmbitos, eu acho que é um tipo de referência falsa. Às vezes me pergunto: falsa por quê? Tipo, tem gente talentosa lá pra caramba em todas as áreas, mas, realmente, essa invisibilidade, essa falta de conexão com o eixo, essa dificuldade acaba tirando a esperança de muita gente que trabalha com arte, saca!? E realmente é invisível. É passeio pra gringo, porque as fronteiras são próximas e acaba sendo uma parte do Brasil que é mais visada, por causa da floresta Amazônica… e parquinho pro crime, porque é tanto parquinho pro crime de tráfico de drogas nas fronteiras, e a criminalidade na cidade é o bicho, e tanto a questão política: corrupção, totalmente escancarada, sabe!? Então esse foi um grito em que eu englobo tudo que acontece, tá ligado… nesse verso. E eu acho que ele tinha que ser responsável por apresentar a parada.

 

 

Você falou da “falta de referências”. É incrível observar como o Amazonas tem toda essa riqueza cultural, mas parece estar muito distante de nós que estamos aqui no Sudeste. Porém não é tão distante assim. Infelizmente, essa riqueza é mais aproveitada por quem vem de fora do que por nós brasileiros….

 

Referências a gente tem, mas quando eu falo sobre não ter elas é mais sobre pessoas que deram certo, que conseguiram exportar a sua arte com excelência, entendeu!? Tem algumas, mas se a gente faz um parâmetro com São Paulo e Rio é esmagador. Então, a gente cresce mais com essas referências indo mais para a vertente do boi bumba, do festival de Parintins. Tirando essa parte da exportação, Manaus é um dos lugares mais ricos culturalmente do Brasil, sem dúvida nenhuma. Não só Manaus, mas como a Região Norte. E esse contraste que Manaus tem de ser uma selva de pedra rodeada por matas é algo que está totalmente na minha música e na minha estética. Eu acho que isso reflete no diferencial da minha música. Essa vivência de dualidade é o que realmente chama a atenção.

 

Tudo isso também contribui para o desenvolvimento das ideias do EP. É dar o play para logo tomar uma porrada com verdades que precisamos ouvir. E a temperatura só vai subindo, não tem uma amenizada. Isso é o reflexo de todo esse contexto caótico desse período com pandemia, mortes e descaso do governo?

 

Então, mano. Eu acho que quando eu falo calor, ele não está relacionado apenas à temperatura, tá ligado!? Está mais ligado ao sentimento. E isso era uma coisa que estávamos precisando nesse momento tão frio, úmido e tão triste. Era necessário ter um choque térmico aí. Então, foi com base nisso e na questão da saudade de casa também, porque Manaus é muito quente. É normal fazer 40 graus, quando chove. Terminou a chuva e já vem aquele calor. Pra nós, isso é muito presente. E essa temática traz tanto o calor desse momento que a gente está passando e também conversa com a minha história, com a minha percepção de mundo, que está relacionada ao lugar de onde eu vim, saca!?

 

Me fala sobre essa conexão com o Froid e com o Baco.

 

O Froid eu conheci no início da carreira… e ele ainda não era o ícone que é hoje. Eu tive uma conversa com ele sobre a responsabilidade que essa nova geração tem de que a gente começou no rap escutando 509-E, Facção Central, Racionais MC’s, Black Alien. E tem uma rapaziadinha que tá vindo agora que começou no rap escutando Froid, Djonga… saca!? Então, essa é uma responsabilidade muito grande. Quando nos conhecemos, ele estava começando com o Um Barril de Rap, lá em Brasília, e eu estava iniciando com o grupo Quasimorto, que é um grupo que eu faço parte. Aí a gente fez essa conexão. A gente curtiu o som deles e eles curtiram o nosso som. E foi tudo no princípio de tudo, quando o Froid estava iniciando a carreira dele e eu fui convidado para participar da faixa “Certidão de Óbito” do Um Barril de Rap, que virou um clássico. E eu falo com a maior propriedade do mundo que os caras não tinham ideia de que o trabalho ia tomar aquela proporção. Foi aí que eu conheci o Froid e a gente troca ideia até hoje, e eu acho isso massa porque o cara é uma das minhas referências que eu tenho de escrita. Quando você fala de referência, não é só as pessoas que são mais velhas. Dá pra ter referências de pessoas que cresceram contigo e fizeram a parada na mesma época que tu começou a fazer também. Recentemente, ele abriu a produtora dele (Alaska) e me chamou pra fazer um trampo lá. Eu já tinha conversado com ele: “pô mano, eu to fazendo um EP e eu acho que seria massa você participar dele”. Aí, construímos essa parceria. Com o Baco também foi parecido. No tempo que eu morei em Salvador com a minha mãe, que ela teve uma oportunidade de trabalho lá, eu tava fazendo o meu primeiro disco solo e o Baco tava iniciando com o grupo dele, o DDH (não sei se tu chegou a escutar). Nisso, eu lembro que ele me deu um salve: “porra, mano, o seu disco tá brabo”. Aí fomos mantendo contato. Posso dizer que ele foi uma das pessoas fundamentais para me dar oportunidade. Eu lembro que quando ele fez o lançamento do Bluesman na Áudio, aqui em São Paulo, tinha pra mais de 3 mil pessoas… ele fez questão que eu saísse lá de Manaus pra fazer a abertura do espetáculo dele. E desde disso a gente já estava trocando ideia pra fazer uma música juntos, mas eu acho que participação acontece na hora certa e tem que ser de uma forma natural.

 

É bem louco que vocês se desenvolveram e cresceram artisticamente juntos. É claro que cada um na sua realidade, mas todos na mesma geração. E você falou dessa responsabilidade de influenciar. Por se tornar uma referência para os mais jovens, você sente a necessidade de sempre ter que tomar cuidado no que fala ou faz para não passar uma visão para a molecada que pode ser diferente do que suas músicas falam?

 

Com certeza, você vai pensar por esse ângulo, mas é importante agir com uma certa naturalidade também. Não ficar podando alguma coisa que tu pensa pra meio que ficar se encaixando num padrão. Eu acho que isso é totalmente errado. Mas é claro que a responsabilidade é grande, ela é forte, ela é avassaladora… é uma quase que um peso. E claro que eu não sou o responsável por contar todas as narrativas que acontecem na minha região, sou apenas um instrumento da minha vivência. Eu tento fazer isso da forma mais sincera mais possível, e eu também tento fazer o papel de ponte, trazendo outros artistas da minha região. A ponte de apoiar eles nem que seja com alguma ideia ou alguma coisa que eu sei e eles ainda não sabem. Exemplo disso é o Corte, é a Nic (Dias). Então, acho que essa caminhada não deve ser individual. Tem que ter mais pessoas do Norte no circuito, pra também contarem sua história e percepção.

 

Foto: Isa Hansen

 

E como o seu trabalho ganhou uma projeção nacional, te “elegem” como o porta-voz. Conversando sobre seu trabalho com alguns amigos no Whatsapp, surgiu esse questionamento de que de dentro da nossa bolha a gente não consegue enxergar o que vários artistas têm feito de bom nos diversos cantos do Brasil. Você citou alguns artistas, mas queria saber quem são os artistas do Norte que geral precisa conhecer?

 

Minhas maiores apostas que eu tenho certeza que vai dar muito certo, é o Nicki Dias, tem a Gabi Farias, que ela não é do rap, tem o Magaiver (Santos), que lançou o álbum Vermelho, ele é um poeta e uma das minhas referências, tem o Ian Lecter, Mayer, João Alquímico, o pessoal da Quasimorto, a Humilde Crew, o Ruas… Mano, é muita gente. São várias pessoas que estão trabalhando com uma real excelência e eu acho que a gente está num momento mais efervescente e profissional, falando de música. Nossa região está se profissionalizando muito e eu espero ser essa ponte pra fazer outras conexões.

 

Sabemos que o futuro é incerto, principalmente no quesito shows. Já tem outros trabalhos no esquema para soltar ao longo 2021?

 

A minha pretenção agora é investir em singles com clipes e trabalhar com calma no meu álbum. Eu realmente vou fazer um álbum grande. Quero ir pra estúdio, que tocar com músicos, quero experimentar coisas que eu ainda não experimentei. Como Calor foi comtemplado pela lei Audir Blanc, eu tive um orçamento para realmente fazer o trabalho de uma maneira que eu sempre imaginei. Eu me sinto privilegiado por isso.

 

A urgência do mercado atual pede cada vez mais que o artista solte constantemente singles e mais singles, e se possível acompanhados de vídeos. A forma que se consome música nas plataformas digitais também gera uma cobrança para que você coloque uma música nova no streaming a cada 15 dias. Vejo que você não segue essa lógica.

 

Então mano, a música está funcionando de uma outra forma. Ela muda muito rápido, e eu acho que as pessoas escutam com os olhos, sabe!? A gente vive numa época em que a maioria das pessoas escutam com os olhos e todo dia saem mais de 30 músicas com clipe. A indústria tá funcionando de uma forma muito rápida, mas ao mesmo tempo que tem essa rapidez, muitas coisas não trazem uma inovação. De cem coisas que a gente escuta, umas dez a gente diz: caralho, isso é novo! Muitas vezes os sons acabam tendo essa característica repetitiva. Eu acho que a estratégia de eu lançar um EP é por que ele é mais curto que um álbum, mas eu gosto muito de trabalhar com conceitos, entendeu mano!? Essa é a minha cara. Eu gosto muito de desenvolver um conceito para dar ao meu público, ou à pessoa que vai conhecer a minha música, uma nova experiencia. Isso foge muito da coisa plástica que a indústria costuma oferecer.

 

Realmente hoje tem muito mais do mesmo. A música meio que se tornou descartável. Hoje muitos artistas já produzem pensando em challenges no Tik Tok e algorítimos. A arte meio que está ficando em segundo plano. É mais para cumprir uma demanda da indústria. Por outro lado, é o que o público também gosta de consumir.

 

Eu acho que não dá pra gente ir na contramão disso, né mano!? Eu sou muito fã de rap e acompanho tudo que sai. Eu realmente consumo trap… e eu não vou ser hipócrita de falar que a forma que muitas pessoas estão trabalhando hoje é uma maneira que não é certa. Eu acho que tudo é válido, mas o que se enquadra na minha proposta é sempre tentar trazer um conceito mais amarrado no trabalho. Quando eu lanço um EP em vez do álbum, eu sei que ele é um pouco mais rápido. E meu EP tem cerca de 17 minutos. Então, é uma experiência que se enquadra, não totalmente, mas parcialmente, nos moldes de como a roda da indústria está rodando hoje. Mas sempre trazendo a minha identidade, o meu conceito e a minha abordagem.

 

 

Indicamos também: “A Beatmaker Tribute to Nirvana’s In Utero”: boom bap, nu-soul, lo-fi e muita psicodelia. Leia aqui.

Compartilhe
WhatsApp
plugins premium WordPress