Sem dúvida alguma, Bebé já pode ser considerada uma das grandes revelações da música brasileira. Todo o potencial artístico da cantora de apenas 17 anos está evidenciado no disco homônimo que marca a estreia dela. A sua voz afável conforta os ouvidos, independentemente do que está sendo abordado. Acompanhada de uma estética sonora industrial, complementada por R&B e trip hop, ela transmite os sentimentos sem muito esforço. Usa diversas texturas vocais para se encaixar em cada uma das camadas.
Mesmo caminhando para a maioridade, Bebé trata de temas densos. Da forma mais afetuosa possível, compartilha e questiona sua trajetória de amadurecimento. E também retrata suas inseguranças. É introspectiva. Sensível. E às vezes intensa. Esse é o resultado da atraente soma de experimentos, sensações e diferentes experiências.
“Existem diversos processos no desenvolvimento desse álbum, o ponto foi experimentar e investigar através da produção de Sergio Machado entre os beats, melodias e fragmentos. Além disso, rolou também a composição de escritas entre conversas minhas com o Bruno Rocha, e histórias compartilhadas com meu irmão Felipe Salvego”, diz. “A sonoridade começou a partir das experimentações que o Sergio me proporcionava. Isso também veio a partir das diversas influências de gêneros presentes na minha vida. Tive influências de artistas como Georgia Anne Muldrow, Steve Lacy, Lô Borges, Tulipa Ruiz ao underground eletrônico de Coby Sey, Tirzah e Micachu. Essas influências caminham pelo pop minimalista ao som eletrônico alternativo”.
Toda essa junção de referências está muito presente nos quase 30 minutos distribuídos em 10 músicas. E mesmo sendo simétrico, o álbum não se encaixa em nenhum padrão estilístico (obviamente, será inserido em algum). Assim como o vocal singular da interprete, possui originalidade. E esse é apenas o início de uma jornada que tem todos os sinais para ser inspiradora, principalmente por não se encaixar nos modelos pré-estabelecidos.
Por enquanto, Bebé não tem nada planejado para o futuro, mas já vislumbra uma outra realidade. “Geralmente, eu não sou muito organizada para ‘planos’. Porém, eu tenho uma leve expectativa de morar em um Brasil confortável com pessoas vacinadas em massa para que eu possa continuar me movimentando, compondo, fazendo shows e produzindo cada vez mais materiais”.