Provavelmente, Sorry Drummer é um dos músicos do Brasil com mais parcerias internacionais atualmente. Só no terceiro volume da série “Sorry Drummer & Friends”, ele recebeu a colaboração dos estadunidenses Casey Jones, Tiffany Paige, Levar Thomas, Madame Mins, John Robinson, Isreal, LaQuan e Vic Smith; as inglesas Deborah Jordan e Georgie Sweet, e o norueguês Dreamon.
Esses são apenas alguns nomes que dão voz aos projetos musicais do baterista e produtor, que aproveita todos os benefícios da tecnologia para estreitar conexões com quem admira e se identifica musicalmente.
“Tudo hoje em dia é feito através das redes sociais e e-mails. Ficou mais fácil, porque fazemos tudo virtualmente”, diz ele ao RAPresentando. “Eu gravo daqui, mando o loop de bateria e os produtores vão fazendo os arranjos do lado de lá. Quem faz as vozes recebe esses instrumentais e grava onde estiver mesmo, depois compilamos tudo e chegamos à música na versão final”.
Por causa das restrições causadas pela pandemia, Sorry usou ainda mais esse tipo de processo para construir seu último álbum, lançado em novembro de 2021, e gravar os instrumentais dos sons que foi convidado pelos amigos gringos. Um deles, foi o que intitula o recente disco do Young RJ (membro do icônico Slum Village), “World Tour”. Essa colaboração era uma promessa feita por ambos, que só ganhou o mundo agora.
Na companhia deles também estão Pete Rock, um dos responsáveis pela disseminação do rap da Costa Leste (dos EUA) nos anos 1990, Rebel Kuzco e Pino Palladino, baixista de medalhões da música, como D’Angelo, Elton John, Harry Styles, Adele e Pink Floyd. Impossível não reconhecer logo de cara o característico groove orgânico de Sorry Drummer guiando as linhas.
“Conheci o Young RJ na época do tributo ao J Dilla, show que fiz no Blue Note (SP) e alguém marcou o Slum Village no post, e ele entrou em contato comigo. Desde então não paramos de nos comunicar até que resolvemos fazer um álbum juntos”, revela.
Outros dois artistas norte-americanos que o brasileiro chegou junto foram Edley Shine, do duo de reggae com influências de rap Born Jamericans, e Tiffany Paige. Com o primeiro, assinou a produção e é responsável pelas percussões de “My Lady”, que também recebe a participação do Filiph Neo nas vozes e coprodução. Já com a cantora fez “Only You”.
Mesmo à distância, a relação de confiança vem sendo construída ao longo dos anos, um com mais e outros com menos tempo. “O Edley conheci um pouco antes do início da pandemia. A gente se aproximou devido a uns samples clássicos que gravei com umas bateras em cima de um som do Born Jamericans. Ele ouviu e depois entrou em contato comigo e resolvemos trabalhar juntos”, observa. “A Tiffany conheço há uns quatro e resolvi convidá-la para meu último disco. Desde então, estreitamos nossa relação e resolvemos fazer um EP juntos, com umas oito faixas, que ainda está em desenvolvimento. Ela é uma cantora magnífica que já gravou com Talib Kweli, The Foreign Exchange, Kevin Brown, Tanya Morgan”.
Diferenças entre aqui e lá
Experiente, Sorry Drummer ajudou a sedimentar o rap de São Paulo. Ao longo da caminhada esteve ao lado de
Rincon Sapiência, Kamau, Slim Rimografia, Tássia Reis, Drik Barbosa, Stefanie, Rashid, Haikaiss, DJ Erick Jay, Síntese e Elo da Corrente. Na visão dele, os brasileiros são extremamente talentosos, porém, existe algumas diferenças entre trabalhar com os daqui e os de lá.
Por ter esse contato mais próximo, ele afirma que os gringos são mais objetivos, práticos e com uma maior a facilidade por um simples motivo: quase todos os artistas têm equipamento em casa ou de fácil acesso. Assim, conseguem captar suas próprias vozes em casa, sem precisar ir ao estúdio.
“Aprendi muito com eles a ser mais dinâmico e rápido. A Tiffany Paige, por exemplo, me mandou quatro sons no mesmo dia”, diz. “Ela escreve, põe a voz, manda e depois trocamos ideia, aprovamos e é tudo mais rápido. Aqui no Brasil é mais complicado porque mal conseguimos ir para o estúdio, ter um bom equipamento para poder gravar, ou mesmo dominar a arte da produção, mixagem etc. Isso é um agravante na nossa produção nacional, porque não nos deixa ser mais práticos. Alguns artistas até têm equipamento e mais facilidade, mas não é tão comum”.
É também por isso que Drummer já tem vários projetos no esquema, que vão ser apresentados futuramente. O Volume 3, de fato, será o último feito junto com os amigos ao redor do mundo. Uma das suas próximas empreitadas é um álbum completo com o Young RJ, que terá participações do Little Brother e Illa J. Além disso, está encaminhando o citado EP com a Tiffany Paige com participações do próprio Slum Village, Edley Shine, Edson Sean, IROCC (produtor alemão), Silvera e Filiph Neo. Mas não para por aí.
“Ainda tem outro EP que estou fazendo com o IROCC, que terá umas 6 ou 7 faixas apenas instrumentais, que espero que o pessoal possa curtir também”, adianta. Tem muita coisa em andamento, muitas novidades em breve, 2023 terá muito material novo. Eu só tenho a agradecer a todos que acompanham esses materiais que já começaram a ser divulgados e que estão na expectativa para o que vem pela frente.