O Roça Sound tem feito um tão trabalho diferenciado, que nem a desesperança desses tempos conseguiu parar. Na real, todo esse caos fortaleceu ainda mais o corre o coletivo de Feira de Santana, na Bahia, formado pelo MC Nick Amaro, MC Paullo Bala, DJ Bomani e Ed Murphy. Depois de colocarem nas ruas o EP “Você Guenta Quantos Rounds?” (2015) e o álbum “Tabaréu Moderno” (2018), eles decidiram seguir por um outro caminho e sair da zona de conforto.
Para isso, o grupo convidou Jéssica Caitano, Keila Gentil (Tremekeila), ex-vocalista da Gang do Eletro, Mis Ivy e Paula Sanffer, vocalista do Timbalada, para fazer geral dançar sem sair de casa com o EP “Roça Sound com Elas”.
“A ideia desse EP é conexão. É o que acreditamos e sempre fizemos! Trazer essas mulheres pro nosso público, conhecer e ir até o público dessas pessoas, conectar periferias, costumes, gírias, vivências, ritmos”, diz Nick Amaro. “A construção desse EP também aconteceu de modo muito natural, foi fluindo. Só nos atentamos que tínhamos praticamente um EP pronto, quando me vi com 3 músicas em mãos com as vozes delas. Foi daí que partiu a ideia da produção”.
O projeto funde a diversidade musical do norte e nordeste com elementos do rap, ska, reggae e sound system. Os experimentos resultaram em músicas pulsantes, frenéticas. Uma das mais quentes é “Na Roça Tá Chovendo”, que tem os speed flows de Jessica Caitano. É um repente, turbinado com o samba de coco, que pede a legalização da maconha. Há diferentes experimentos que pode bater nos ouvidos em cheio, como o brega funk “Queima Bem”, feita com Keila. A periferia é quem ditas as regras, tanto na sonoridade quanto nas ideias quem todos pretendem passar aos ouvintes.Te leva para uma viagem a diferentes ambientes. É autêntico. E extremamente necessário.
“Isso é o resultado de conversas de camarim, de conexões entre um encontro e outro. Conhecemos elas em apresentações, ficamos fãs e o convite para uma parceria foi acontecendo – com elas o com mais alguns outros artistas que nos identificamos. Temos sempre a sensação de que um bate papo, uma conversa do passado, pode virar um trabalho no presente”.
De fato, essa diversidade de vivencias contribui para a construção de algo sólido. As mulheres à frente dos vocais também foi essencial para que a estrutura se firmasse. Cada uma imprimiu a sua identidade da forma mais assertiva possível. “SambaRaggaReggae”, dominado pela regueira Mis Ivy e “O Baratineiro” da Paula Sanffer também seguem o propósito. Todas elas são diferentes. E é aí que está a beleza. A obviedade passa bem longe. Surpresas não faltam.