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Os 25 anos de reggae do Planta & Raiz

Para comemorar essas mais de duas décadas, a banda gravou um audiovisual com 29 músicas. Zeider revela o que os mantém relevante.

Manter um grupo em evidência por mais de duas décadas não é algo tão fácil quanto pode parecer. Os hits pode ser um dos fatores primordiais para manter a “máquina funcionando”, porém, muitas vezes, somente eles não sustentam. Para que a estrutura fique firme, o alicerce precisa estar bem fundamentado em algo mais sólido.

Na visão de Zeider Pires, vocalista da Planta & Raiz, a amizade, confiança, amor e o comprometimento com a música foram alguns dos fundamentos que formaram a liga para que ele e os amigos Fernandinho (guitarra), Franja (guitarra), Samambaia (baixo) e Juliano (bateria) permanecessem juntos e em alta por 25 anos.

 

Foto: Rodrigo Pisy

 

“Musicalmente, a gente é muito conectado e uma ideia acaba complementando a outra”, observa. “Também tem o lance da produtividade… o importante é estar sempre produzindo, criando novos projetos na mente e no coração, e colocando isso em prática, fazendo acontecer. E aí a gente vai se renovando. É claro que são 25 anos, quando a banda começou eu tinha 18, hoje tenho 43. Então, a gente muda, evolui e cresce. É fé, amor, amizade e produtividade”.

De um estúdio em São Paulo, onde fazia uma sessão de composição com parceiros de escrita, Zeider explica que a força do reggae é o outra pedra fundamental que garantiu a relevância do Planta em todos esses anos. Isso porque o som popularizado por Bob Marley não se limita a um determinado período, tocando diretamente no coração das pessoas e influenciando a emoção, vivência, crenças e a coletividade.

 

OFF
“A gente tem que estar junto com quem a gente gosta, com quem gosta da gente…”

 

Esse discurso abrangente também faz com que a música deles seja compartilhada por  gerações distintas. Tem o espírito da juventude, mas faz a cabeça de adultos, idosos e crianças. Atinge diferentes pessoas por abordar temáticas que vão da revolução ao amor fraternal e romântico, passando pelo espiritual e a positividade.

“Acho que é por isso que a  gente tá sempre na boca do povo”, afirma. “Temos os nossos clássicos, que graças a Deus se eternizaram, e também as novas canções que vai pegando a molecada. Isso faz com que o nosso espírito se mantenha jovem também e busque sempre tocar o coração dos mais jovens porque é importante. Na real, o mais importante é a gente estar nessa função de formação de caráter, de direção de caminho… é maravilhoso porque eu tenho filhos jovens, minha filha tem 17 e o meu filho tem 12″.

 

Foto: Zeider & Ziedro | Foto: Leandro Godoi

 

A relação com os filhos e a ligação deles com a música também o ajuda a se aproximar cada vez mais dos fãs que estão conhecendo o Planta & Raiz agora. Tanto é que Laura e Ziedro são alguns dos convidados do audiovisual acústico gravado na audio, em São Paulo. Por acompanharem boa parte desses 25 anos, o pai quis inserí-los no projeto para que sentissem a adrenalina desse momento significativo para a família.

“Eles têm tudo pra seguirem qualquer caminho que quiserem. No caso, a música é mais um caminho, é um caminho nosso, que a gente vive e já sabe como fazer, gravar, lançar… a gente já tem a fórmula da parada toda. Então, esse é um caminho que está super aberto diante deles”, observa.

Além das crias, o cantor chamou os amigos Armandinho, que considera ser um dos maiores compositores do Brasil (reggaeiro e hitmaker foda), Tales (Maneva) e Vitor Kley. Assim como os parceiros, o repertório foi escolhido a dedo. De mais de 200 músicas, 25 foram separadas. Inicialmente seriam 20, mas eles queriam fazer uma mescla entre as conhecidas (como “Oh Chuva”, “Aquele lugar”, “De Você Só Quero Amor”) e as 8 inéditas que tinham prontas (“A Ponta de Uma Estrela” e “Eu tive um sonho” estão entre elas). Depois da peneira, todas as selecionadas foram re-arranjadas para chegarem ao resultado planejado.

 

 

A base foi construída com violão e percussão, e ganhou corpo com a inserção dos demais instrumentos de cordas (violino, viola, violão cello). Maravilhado com o resultado final, Zeider diz que é  incrível ver concretizado um trabalho que foi imaginado de uma forma e se concretizado melhor que a expectativa. “É um bagulho mágico, porque a música é algo imaterial, que a gente não vê, não pega… então, a gente tem que sentir. Foi um trabalho delicado, mas muito bom de se fazer. A gente foi além”, celebra ele.

Toda essa energia vivenciada por quem esteve presente durante o registro do show ao vivo é, novamente, proporcionada pela magia do reggae. Com tranquilidade, falando pausadamente para não atropelar as palavras, o artista reflete sobre a capacidade que esse gênero jamaicano (nem sempre muito aceito) tem para revolucionar, engrandecer os pequenos, mostrar o poder do povo e o poder do amor.

“Outro dia estava trocando ideia com o Andreas Kisser, tá ligado!? (guitarrista do Sepultura e uma lenda do planeta), e ele falou: “Zeider, o reggae é um bagulho muito louco. Quando o Bob Marley chegou, até Eric Clapton gravou I Shot The Sheriff, o mundo se voltou pro reggae. Foi John Lennon, Paul McCartney, Steve Wonder, Kiss, Led Zeppelin… todas as maiores bandas do planeta queriam estar próximas do Bob Marley’, revela. “É real. Todo mundo começou a gravar reggae naquela época e isso perdura até hoje. E por que o reggae é foda? Porque ele se funde com tudo. Como o próprio Bob disse: quando o reggae bate a gente não sente dor porque ele não vem pra ferir, vem pra curar”.

 

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