Bardek é um artista em ascensão no rap nacional. Diretamente da Zona Oeste do Rio de Janeiro, ele já acumula mais de 10 milhões de streams, tendo duas músicas com mais de um milhão de plays apenas no Spotify. Com uma identidade musical única, que se reflete também na estética de seus clipes, o rapper tem uma das vozes mais originais dessa nova geração.
Cria das batalhas de rima, onde começou em 2012, Bardek desenvolveu uma lírica afiada e a habilidade de improvisar. Mas, como ele mesmo diz, fazer música vai além da batalha. “É necessário uma transição do MC de batalha para a música”, observa. “Isso é difícil demais porque exige tantas questões que diferem esses dois ambientes e é necessário estudar para transitar e de certa forma dar menos prioridade as batalhas para isso”. Em 2018, ele precisou deixar as batalhas para trabalhar formalmente. Ainda assim, não abandonou a música — apenas a manteve em silêncio por um tempo.
Misturando estilos (drill, funk, jazz, soul), o artista constrói letras e melodias impactantes, se destacando por sua criatividade e habilidade nas produções. Essa mistura, segundo ele, vem da vivência familiar. Por ser filho de DJ, cresceu rodeado de vinis e caixas de som, com uma mãe que ouvia clássicos e um pai que trabalhava a batida.
“É pela minha criação mesmo. Minha casa era muito musical, uma mistura de tudo e meu ouvido foi se acostumando. Hoje eu gosto de criar tudo o que agrada aos meus ouvidos. Meu lar era música 24/7”, resume. Ainda criança se apaixonou pelo rap nacional. Shawlin, Cone Crew, Oriente e Emicida fizeram parte da trilha sonora da sua infância, período que também encontrou em Michael Jackson uma referência estética que ultrapassava o som: “me influenciou demais até mesmo em coisas para além da música, tipo performance, as danças”.

A ascensão de Bardek está diretamente conectada ao universo digital. Também reconhece o poder das plataformas na construção da própria carreira. “O mercado está muito voltado para o digital. Eu só tive essa leitura e aproveitei da melhor forma”, reflete. Hoje com mais de 260 mil ouvintes mensais no Spotify, ele acredita que a tecnologia democratizou o alcance. “Fico feliz com cada ouvinte que se identificou com a minha arte. Busco muito mais a atemporalidade do que os números.”
O processo criativo dele é livre, mas disciplinado. Anota ideias e as reúne aos versos soltos, melodias cantadas em áudios de WhatsApp, frases no Notes do celular. Às vezes escreve antes de ter um beat. Em outras, o beat inspira a composição. “Já estudei tanto a técnica que hoje em dia virou algo intuitivo”. Apesar disso, o que vem por aí parece ser ainda mais ambicioso. Há promessas de uma série de lançamentos em 2025: mixtapes, EPs, singles, clipes e colaborações. Também quer mergulhar mais fundo na cultura grime (“uma cultura que eu amo e que precisa ser difundida de verdade no Brasil”), retornar às suas raízes com o boom bap, gênero que o acompanhou e o “salvou muitas vezes”, e planos para investir pesado no audiovisual. “Sempre gostei muito dessa parte e quero trabalhar mais com isso para minha arte.”
Quando o assunto é o momento da música brasileira, Bardek enxerga com otimismo, especialmente o crescimento da cena independente. “Tem muita gente dizendo que a música brasileira está em decadência, mas eu vejo o contrário. A gente está redescobrindo o ouro que nosso país produz e esquece”.
Na sua visão, os ouvintes estão se cansando da repetição das fórmulas comerciais, e é no underground que se encontram as propostas mais ousadas, autênticas e inovadoras.
“A música salvou minha vida antes mesmo de eu começar a produzi-la. Como ouvinte, eu fui salvo pela arte. E agora só quero retribuir isso”, desabafa, e conclui: “A arte educa, cura, empodera. Minha missão é continuar fazendo isso até meu último suspiro”. Bardek diz ainda que a música é espelho e ferramenta: reflete o mundo, mas também projeta possibilidades. Ele quer criar clássicos, marcar profundamente as pessoas, ser a trilha de quem busca se entender e de quem apenas quer sentir. Por isso, para 2026, prevê lançar o maior projeto da carreira.
🎧 Três faixas para mergulhar no universo de Bardek
Um mergulho nas questões pessoais e sociais que moldam o artista, com lirismo denso e honestidade crua.
Drill carioca em sua melhor forma, com colaborações que expandem sua narrativa para além da periferia.
Uma faixa melódica e introspectiva que revela o lado mais sensível e espiritual de sua criação.