O quartzo é multifacetado. Esse mineral formado pela combinação de oxigênio e silício está presente em quase todas as rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. O cristal é também um tipo de quartzo que, acredita-se, alinha os chacras, ajuda a obter energia, amplifica a luz espiritual, intensifica a sensação de bem-estar.
Por essas inúmeras possibilidades, que a cantora/MC Cristal intitulou o seu primeiro EP com o nome da pedra composta por Dióxido de Silício (SiO2). “Queria muito que levasse meu nome, minha história, mas não queria que fosse literalmente meu nome (risos)”, diz ela. “Então, brinquei com a relação do quartzo, desde pequena coleciono pedras, e tenho cristais de amuleto. Algo que contasse quem eu sou, sem dizer meu nome.
Cada uma das 7 músicas do esperado projeto representa uma cor de cristal, baseando-se nos seus benefícios. Assim como a diversidade de pedras, os sons não seguem uma única direção. São diferentes na base musical, mas se conectam no conceito. Cristal desfila facilmente por diferentes texturas, do R&B ao trap, passando pelo samba rap de “Lá em Casa”. Ela sabe como interpretar, de acordo com a proposta da produção do MDN Beatz. Há momentos soltos, outros suaves, como “Alvo na Rua” e alguns mais enfáticos, que podem ser apreciados em “Start” e “Enemis”.
Apesar de ser um “disco de tiro curto”, a construção dele não foi da noite para o dia. Foram quase 2 anos de trabalho para chegar ao resultado final. “Ele faz parte de um processo muito pessoal da minha relação com a arte e a visibilidade que ela me proporcionou. Nesses dois anos aconteceram muitas coisas e o EP foi se transformando com nossas fases, agregamos muitos sentimentos, reflexões e maturidade durante o processo”.
Nos 20 minutos e 06 segundos, Cristal passa por diferentes metamorfoses. Crítica a cultura de ódio contra os pretos, fala de amor, relacionamentos, curtição, vitórias. É poética. Mas também coloca o dedo na ferida e aperta. Manda o recado para quem está disposto a ouvir. Compromete-se com seus propósitos, e de passar uma visão que não seja vazia. Tem muito para compartilhar. E muitos planos que pretende colocar em prática.
“A pandemia, o isolamento e as limitações que recebemos para trabalhar, para viver… trouxe muita insegurança e incerteza sobre quais os próximos passos que íamos dar e como”, observa. “No momento quero fazer o show do EP, claro dentro dos limites, como uma live, por exemplo. O foco é divulgá-lo pra que chegue em cada vez mais pessoas. E para um futuro mais ”distante”, lançar meu primeiro álbum com participações de artistas que admiro muito, além de ter minha própria gravadora”.
Foto: Alisson Batista