Felizmente, Yas Werneck voltou. Essa “pausa” de 3 anos iniciou justamente no momento em que ela começava alçar um voo mais alto. Após “Coméki” ser incluída na Mixtape do Neymar Jr. (NRJ Volume 1), ela ganhou ainda mais espaço. Evidentemente, parar não estava nos seus planos. Mas contra a própria vontade teve de tomar uma decisão difícil. Não ter investimento foi primordial para a escolha ser feita – e o seu caso não é um caso isolado, atinge a grande maioria daqueles que se propõem em fazer arte.
“Eu sou artista independente que precisa de cada centavo de dólar que minha música pode gerar. O que significa que não basta ter uma parceria com alguém e dividir a fatia com outro produtor fonográfico, sabe? E grana pra bancar um estúdio era (e ainda é) muito escassa”, observa. “Após Comeki (2016), eu lancei Abraça o Papo (2017) e Prós & Contras (2018), com uma diferença grande de tempo exatamente por esse motivo. Consegui gravar 3 faixas em 2020 graças a um contrato que assinei, que acabou não dando certo e sendo rescindido, mas me deixando 3 músicas bem produzidas”.
O retorno de Yas vem acompanhado de muita esperança. E esse vislumbre de dias melhores não se relaciona somente com o futuro dela. “AMANHÔ incentiva o ouvinte a não desistir antes de saber como será o dia seguinte. É também sobre a necessidade de dar uma segunda chance a si mesmo, apesar de todo o caos que o mundo vive. Essa e as outras duas músicas que virão na sequência foram escritas durante a pandemia, porém nem todas são referentes a ela.
“Se já era difícil gravar em tempos normais, em tempos pandêmicos ficou ainda mais tenso. Gastei uma grana forte com Uber pra me locomover pro estúdio, que eu ia depois do expediente comum, pra estar apenas eu, meu marido e o engenheiro de som. As composições fluíram bastante no ano passado, passei bastante do meu sentimento em relação à pandemia para as músicas, mas também pude escrever sobre outras coisas pra tentar dar um clima mais leve pro momento”.
Para fazer a arquitetura dos sons, a MC se uniu ao Dree Beatmaker. O boombap está na base da estrutura com graves de 808 e linhas de sintetizadores que pegam elementos da house e do R&B. “Queria produzir algo diferente, e sempre quis trabalhar com o Dree. juntei o útil ao agradável e dia 14/03/2020 nos encontramos lá em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Entramos em isolamento oficialmente já no dia 16, e tivemos que produzir tudo à distância e com horários complementarmente diferentes. tudo certo pra dar errado mas deu bom demais, ficou tudo redondo e superou minhas expectativas”.
De fato, a parceria deu certo. Engatilhar 3 músicas não seria possível se não desse. E depois de “AMANHÔ, já tem mais duas a serem lançadas na sequência. O planejamento está pronto, porém Yas Werneck pretende ir com cuidado. “Tenho algumas (composições) na manga, mas ainda não gravadas. Então, não dá nem pra fazer promessas”.
O futuro tem suas incertezas, porém não se pode perder a fé. E é isso que Yas se propõe fazer para recomeçar e inspirar. “Os anos se passaram e minha fé manteve-se a mesma, e minha “missão” também”, afirma. “Sinto sempre no meu coração que eu preciso passar uma vibe boa pra quem tá ouvindo, seja através de uma mensagem que aquece o coração de alguma forma, ou um papo reto”.