Menino prodígio, Vitor Federado faz arte desde os seus 6 anos de idade. Por acaso ou destino, ele foi escalado para um vídeo publicitário depois que a irmã, que faria a ponta no filme, não pôde participar. Não estava nos planos, mas abraçou a oportunidade. Rapidamente se adaptou e marcou presença em várias propagandas, porém, a real vocação dele era fazer música. E para quem cresceu dentro da escola de samba Vai-Vai, esse se tornou um caminho sem volta.
“Sempre no set de filmagem eu ficava cantando pagode. Eu também sempre estimulava a galera a batucar, que era o que eu aprendia no projeto social da escola de samba Vai-Vai… e eu acompanhava o meu tio Augusto Bocão (que toca com a Paula Lima, tocou na turnê de 3 Décadas dos Racionais MCs) nos shows. E fui estudar percussão na EMESP. Eu já sabia que aquilo iria mudar minha vida, só faltava coragem mesmo”.
Apesar de saber o que queria fazer profissionalmente, a decisão só veio depois que concluiu a faculdade de Rádio e TV. Todas as experiências adquiridas previamente foram essenciais para que Vitor seguisse a carreira musical. E mesmo convivendo com sambistas, tocando e escrevendo samba e pagode, quis fugir do convencional. Sua maior identificação foi com o R&B. De certa forma, não poderia ser diferente. Tanto a voz quanto as composições casam perfeitamente com a gênese do rhythm and blues contemporâneo, que tem o romance como parte fundamental da sua essência e carrega diferentes vertentes. O estalo veio quando ele ainda tocava percussão para alguns MCs do rap underground, como o Max B.O.
“Eu via a cena e dizia: ‘mano, vou montar minha própria caixinha, porque essa caixinha que sempre tentam me colocar, me enlatar não tá me servindo, e nem vai me servir’. O samba é a minha base. Ele sempre vai estar comigo, mas eu escolhi o R&B, o pop, para ser a minha música. Eu não quero ser rotulado. Não sou um cantor de samba, sou um cantor de tudo. É dessa forma que eu gosto de me descrever, porque o R&B me dá diversas possibilidades”, observa.
É também a partir dessa premissa que as canções são compostas. O sentimento está entre as principais substâncias para criar algo que seja inspirador, emocione e, principalmente, prenda a atenção do ouvinte. A tristeza, muitas vezes, se tornar fundamental no desenvolvimento de algo atraente, sedutor.
Algumas vezes, Federado também usa suas próprias experiencias e visões do seu cotidiano para colocar no papel. Esse não é o caso de “Passo às 6“. A love song tinha tudo para ser esquecida na gaveta. Mas por esse período em que os relacionamentos estão cada vez mais frios, as pessoas distantes (mesmo vivendo na mesma casa) e o amor quase inexistente, a balada “cremosa e cheia de açucar” ganhou uma segunda chance.
“Quando a gente escreveu a música já estávamos pensando nesse lance, tipo: tem umas pessoas que a gente marca um date, e que desmarca porque o cabelo ou a roupa não tá legal. Mas à vezes o que vale não é só o beijo, a transa em si… tudo isso é muito bom, mas a porta de entrada é o diálogo, é você entender e escutar a outra pessoa. E a gente encerra a música assim: ‘eu to aqui, por quanto tempo você precisar’. Hoje em dia ninguém fala isso. Cada um está vivendo por si. Tá muito difícil alguém querer te escutar”.
Mesmo com clima de romance, como retrata o videoclipe dirigido pelo Icaro Bravo, a música pode ser usada para propósitos diferentes. Tem um duplo sentido muito bem desenhado, que atinge o objetivo traçado por Vitor Federado. Esse é o primeiro de uma série de quatro singles planejados para chegar aos ouvidos até o final de 2021. É o abre alas que se destaca na avenida e deixa os jurados atentos do que virá na sequência. “A gente ativou o modo à vera. Todas a músicas vão vir com clipe, tendo uma mescla de samba, funk, pop… e também vai vir um feat muito pesado. Quem sabe a gente não inicia 2022 fazendo shows e lançando um EP.”