Tupac vive. A morte não calou sua voz. Ela apenas a elevou. Inevitavelmente, teorias conspiratórias foram criadas para amenizar a ausência da personalidade enérgica do MC de Nova York que decidiu defender o RAP de Los Angeles. Negócios. É óbvio que Tupac não era um santo – e quem é? Tinha seus motivos. E paranóias. Mas como o próprio repetiu em versos: “só Deus pode me julgar”.
Ator, bailarino (isso mesmo) e shakespeariano, o filho da Pantera Negra Afeni Shakur se tornou referência (e voz) para uma geração. Legendário. Sua – boa – intenção de unir os pretos não teve sucesso. Conseguiu alguns feitos. E apesar de acreditar que nunca seria agredido por um semelhante de cor (por os representar), tomou tiros. Se recuperou. E estourou. Vociferou contra tudo e todos. Tinha seus medos. O amigo se transformou em inimigo mortal. Trágico destino.
Makaveli entrou em cena. Ganhou as manchetes. Foi preso. Atacou a imprensa e cobrou atitude de celebridades afro-americanas, que, na visão dele, não faziam nada em prol da comunidade negra (Spike Lee, Arsenio Hall, Michael Jackson, Edie Murphy). O próprio afirmou: “falo demais, não posso fazer nada. Falo o que vem de dentro, sou real”. Se retratou. Reconheceu que agia por impulso. “Não pensava em como eu magoava as pessoas”. Pagou o preço.
Tupac Shakur foi herói e vilão. Teve sua vida bandida (Thug Life), não muito diferente do personagem Bishop, que interpretou em “Juice”. Deixou um legado – de paz e guerra. Influenciou pessoas – algumas de forma positiva, outras nem tanto. Criou inimigos. Foi perseguido pelo governo. Lutou contra o mundo. Defendeu causas e fez com que, de fato, todos mantivessem os olhos nele. Até o Vaticano reconheceu a importância da sua obra, ao colocar a música “Changes” numa playlist criada no estagnado Myspace. Teve vida breve. Mas intensa. Foi eternizado.
“Não acho que o que fiz foi mal. Acho que a vida que vivia e minha mentalidade era parte da min ha evolução como homem. Mas crescemos, fomos feitos para crescer. Ou você evolui ou desaparece”, refletiu Tupac. A passagem do controverso MC dos 90’s foi marcante, como sua inconfundível voz que ainda ecoa ao redor do planeta.
Escute a playlist Tupac Life:
*As “aspas” contendo as falas do Tupac, foram tiradas do documentário Ressurrection, de 2003, dirigido por Peter Spirer, que usou arquivos de gravações na narração feita pelo próprio 2PAC.