por Lucas Silva
Quem foi o pilantra que inventou que o mundo só tem uma cor de herói? Esse pensamento é tão baixo e sem fundamento que me deixa atordoado. É como imaginar o cenário do RAP nacional sem Sabotage e Mano Brown, sem Hélião, simplesmente não dá. Há histórias que a ausência de certos personagens é um decreto, não uma passagem.
Não sei você, mas como é possível ver o rock sem Chuck Berry, Jimmy Hendrix, Little Richard e Lenny Kravitz? O cinema sem as marcantes atuações de Whoopi Goldberg, Eddie Murphy, Denzel Washington e o incansável Morgan Freeman? Já parou pra pensar que o mundo sempre foi PRETO e BRANCO, e não o contrário? Qual seria o punch do RAP sem as poesias sangrentas de Pac, Dogg e Jay-Z?
É cada coisa. Os tempos atuais são escuros, eu sei, mas a pegada tem que ser a mesma, de africano, tá ligado? O Homem na Estrada de cada dia vive onde o Pânico na Zona Sul é frequente, onde celular na cintura é Artigo 157 e não tem jeito, pra viver com o nada que a vida dá é necessário ser um Preto Zica, uma Mulher Elétrica, não há opções.
Escrevo esse texto pois me intrometo, quando vejo espaços me meto, sou branco, sou ruivo, sou negro, sou A Vítima. Da Ponte Pra Cá e pra lá sou Estilo Cachorro, agressivo e as vezes impulsivo, já vi minhas linhas arrancarem sorrisos e gritos, e esses relatos não são de um branco ou de um preto, são do homem, da mulher, da alma incolor, somos o que somos: Cores e Valores.
Trata-se um texto simples, sem arranjos, só com malandros, para quando você se perguntar ou duvidar de algo levar essa porrada no peito. Eu não sou preto, eu não sou branco eu sou do RAP eu sou bem isso.