O rap é pop, querendo ou não. Lá atrás cantaram a bola de que o rap tomaria o lugar do rock. Pode ser. O rap ganhou relevância. A indústria e os meios de comunicação de massa tiveram que se render. Não foi fácil. Mas o rap “tomou de assalto” o espaço que lhe foi negado por décadas, principalmente no Brasil. O rap é hype. É bem verdade que a internet ajudou a consolidar o gênero – antes disso, já existiam rádios específicas (Hot 97 e Power 105), tinha uma abertura na MTV e em alguns programs de TV.
A ascensão começou com a pirataria [Dj Drama e Lil Wayne tem tudo a ver com isso] – Stephen Witt explica muito bem isso no livro “Como a Música Ficou Grátis”. Dos vinis gravados em fitas, fazendo nascer as mixtapes, aos CDs vazados das fábricas e compartilhados na deep web semanas antes do lançamento. Do Napster ao iTunes, até chegar onde chegou. A chegada das “primeiras” plataformas de áudio como Myspace, Soundcloud e Bandcamp ajudou a quebrar barreiras. O streaming “fechou a conta” de vez. O rap ganhou terreno e, o mais importante, se manteve em alta.
Os números de 2018, apresentados pela consultoria BuzzAngle, mostram que nos Estados Unidos o rap (hip hop) foi o gênero mais consumido. Não por acaso, o artista que mais lucrou com música também faz parte do rap: Drake. “Scorpion”, o recente álbum do rapper canadense, foi o que mais teve streams. Já “God’s Plan”, do mesmo disco, recebeu a tríplice coroa por ser a mais ouvida, vendida e assistida.
No quesito álbuns, o rap atingiu 21,7%, seguido do pop (20,1%) e rock (14%). Na divisão por músicas, novamente o rap se destaca com 24,7%. Pop e rock atingiram 19% e 12%, respectivamente. Cerca de 92% dessa apreciação foi feita nas plataformas digitais. Somente 3.7% tem relação com a compra de disco.
Os dados da BuzzAngle também revelam que o consumo de música continua crescendo. Em 2018 houve um aumento de 16,2% em relação a 2017, que havia crescido 12,8% na comparação com 2016. No geral, foram mais de 800 bilhões de músicas ouvidas. Essa crescente é puxada pelas transmissões (streamings) de áudio e vídeo. Mas apesar de a quantidade de plays executados ser gigantesca, as vendas digitais de álbuns e músicas caíram de 18,2% (2017) e 28,8% (2018), e as vendas físicas caíram 15,3%. E novamente, as vendas de vinil continuaram a crescer com um aumento de 11,9% em relação a 2016.
Agora só resta saber se no futuro, o rap terá o mesmo destino do rock. E qual será a tecnologia que substituirá o streaming. Quem viver, verá.
*Foto capa: Andrew Chin/Getty Images
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