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Foto: Valdinei Souza

Quebrada Queer: “(o álbum) Holoforte é uma mensagem do futuro no presente”

Uma conversa sobre pioneirismo, inspiração e futuro.

Depois de uma série de tentativas, finalmente as agendas bateram. As idas e vindas de e-mails tiveram resultado. Como de praxe no (quase) pós pandemia, conversei com Boombeat, Guigo, Harlley e Tchelo Gomez via Zoom. Murillo Zyess não estava presente por questões de saúde. Essas cinco personalidades forma o coletivo Quebrada Queer, que fez sua estreia oficial com o elogiado álbum “Holoforte”.

No papo de quase uma hora, falamos sobre os detalhes do projeto composto por 10 músicas, produzidas por Apuke, Comboio Records, Skye e NxName, o pioneirismo da coletividade LGBTQI+ dentro do rap e de como o trabalho que o QQ faz tem inspirado pessoas da comunidade a também mostrar seu talento.

“Antes de tudo, não tem como falar que a gente é o primeiro coletivo sem enaltecer outros artista que já estavam no movimento hip hop fazendo isso acontecer, como a travesti Dana Lisboa, que desde o começo dos anos 2000 já estava dançando e depois começou a cantar, Rico Dalasam, Jup do Bairro”, ressalta Boombeat. “Não tem como falar sobre sermos pioneiros como coletivo sem citar essas influências, que correram antes de nós e deixaram a grama um pouco mais fofa”.

 

 

Depois de várias tentativas, é muito bacana trocar essa ideia com vocês. Eu gostei muito do disco pelos temas, direcionamento e toda a diversidade. Passado esse tempo que o disco já está na rua, queria saber como está sendo a repercussão.

Boombeat: Está sendo um processo bem pouco a pouco com uma recepção muito boa da galera, tanto dos nossos fãs quanto daqueles que estão conhecendo o nosso trabalho agora. Cada dia que passa, mais pessoas estão se conectando com o Quebrada e isso é bem bacana. Também estamos sentindo o nosso amadurecimento… porque, na verdade, como a gente é artista independente não temos aquele investimento alto pra alcançar milhares de pessoas de uma vez. O processo está sendo bem orgânico e natural. E isso dá uma satisfação ainda maior.

Harlley: A galera não está só ouvindo, mas também divulgando e mostrando para os amigos. Toda essa movimentação orgânica acaba levando a nossa música para um outro lugar. Acho legal também que essa coisa de lançar um disco com 10 faixas inéditas não existe apenas uma música favorita das pessoas. Então, elas estão sempre mudando de música favorita…

Boombeat: … é sempre a favorita do momento.

Harlley: Sim! Quando você escuta pela primeira vez é uma, aí ouve de novo e já escolhe outra. E acompanhar esse processo está sendo muito legal. Aos poucos, as pessoas estão entendendo o disco.

Boombeat: Chegou muito bem na galera, nos contratantes e também nas marcas. Além de ser um projeto exclusivo que não tem no mundo: o disco de um coletivo de rap com integrantes que fazem parte da comunidade LGBTQI+. Então, tem também esse poder de ser algo inusitado que ninguém nunca ouviu falar, viu ou imaginava que era possível. Por isso, chama a atenção.

Todas as pessoas que conversei sobre Holoforte foram unânimes em dizer que está muito bom. E falando sobre esse pioneirismo, como é ser o primeiro coletivo LGBTQI+ a furar a bolha do rap, levando em consideração que a cena em si – assim como a sociedade e outros gêneros musicais – é machista?

Boombeat: Antes de tudo, não tem como falar que a gente é o primeiro coletivo sem enaltecer outros artista que já estavam no movimento hip hop fazendo isso acontecer, como a travesti Dana Lisboa, que desde o começo dos anos 2000 já estava dançando e depois começou a cantar, Rico Dalasam, Jup do Bairro… não tem como falar sobre sermos pioneiros como coletivo sem citar essas influências, que correram antes de nós e deixaram a grama um pouco mais fofa. Não que seja fácil, mas… acho que na verdade não é tão diferente do que a gente faz na vida, porque fora da música, dos palcos e do mercado, a gente já enfrenta a LGBTfobia, e na música não é diferente. E como você mesmo falou, não é uma questão só do rap, que tem o machismo e todos esses preconceitos, é uma questão social que acaba refletindo em tudo no mundo. Nós enfrentamos isso fazendo, resistindo, existindo e mostrando que a gente é capaz. A luta não vem de agora, vem de muito tempo e só continuamos esse processo que uma galera vem fazendo ao longo dos anos. É uma luta contínua, que quem vier depois da gente vai continuar fazendo. Temos muito orgulho do coletivo, porque eu sinto que fomos escolhidos a dedo para fazer parte de algo que nunca existiu no mundo, mas também isso traz uma reflexão para que a gente veja o quanto o mundo está atrasado. É um motivo de orgulho, mas também de reflexão para as pessoas pensarem que em 2022 ainda somos o único coletivo de rap com integrantes que fazem parte dessa comunidade.

 

“Um dos objetivos é mostrar que a gente também sofre, ama e que podemos estar em diferentes lugares. Não precisamos estar em locais somente do rap ou LGBT… podemos realmente furar as bolhas”.

 

Mas também você se tornaram referências para outras pessoas da comunidade, que muitas vezes se sentem acanhadas de fazerem parte do movimento, por toda essa relação e estereótipo criado dentro do rap, e serem rejeitadas. É uma forma de chamar a atenção para que as pessoas mudem a forma de pensar. E vocês chegam com um disco bem consistente. É interessante a conexão que vocês têm em cada uma das músicas. Como funciona esse processo criativo?

Harlley: Só pra complementar uma coisa que você disse agora… realmente, o Quebrada serve como referência, porque desde quando a gente surgiu lá na cypher recebemos mensagens de pessoas falando como o nosso trabalho é transformador na vida delas, e também de pessoas que estão começando no rap a partir dessa iniciativa de ter cinco pessoas juntas. Elas olham e dizem: caraca, então não tem só aquelas pessoas que eu só ouvia lá no meu quarto. Agora tem mais e eu vou também. Nestes quase quatro anos, a gente já recebeu diversas mensagens e algumas de artistas que queriam desistir. Até recentemente, estava conversando com uma travesti que faz batalha lá em Recife, e ela me dizia como é difícil o olhar das pessoas nas batalhas. Então, isso é uma coisa que está engatinhando ainda…

Guigo: Só complementando… é legal ressaltar o que a Harlley falou, porque é exatamente isso. Olhar para o Quebrada Queer é também mostrar para as pessoas que é possível. E para além disso, é mostrar que existem cinco formas diferentes de fazer e que elas são mais cinco possibilidades para que você se encontre em alguma delas e consiga fazer o seu trampo.

Boombeat: E dizer que isso é o nosso maior gás. Ver o quanto muda a vida das pessoas e saber que nossa arte é um combustível pra que elas não desistam. Acho que isso é o que dá sentido pra tudo o que a gente está fazendo… de saber que não estamos falando para o ninguém..

Harlley: Uma coisa que o Guigo falou agora é que são cinco jeitos diferentes de fazer e quando a gente se une pra compor e fazer as músicas, era de uma individualidade muito marcada. Então, o que a gente precisou fazer para esse disco foi abrir mais e tornar isso coletivo mesmo, porque antes a gente já trazia algo meio que pronto, aí chegava no estúdio e organizava a música. Dessa vez no disco, a gente quis misturar.. Então, tivemos encontros para conversar, fofocar e escrever. Quando chegamos no processo de gravação e de mixagem, todo mundo estava ali ouvindo e pontuando. Acho que de todos os processos criativos que o QQ passou, esse foi o mais colaborativo mesmo, de tudo ser feito em parceria: as decisões, as músicas, os temas, os beats… acho que é por isso que as pessoas estão gostando tanto. Fizemos pensando em cada detalhe.

Boombeat: É muito sobre como um assunto cruza a vida de cada um de nós e, consequentemente, o público é quem ganha com isso. Se você não se identifica tanto com a vivência de uma fala, um verso, ou não precisa ser em tudo, vai ter uma outra pessoa rimando ou cantando que vai cruzar a vida de uma outra pessoa pelas particularidades que cada um carrega.

Há também uma diversidade, tanto nos temas quanto nas sonoridades. Começa ali com um funk e vai passando por várias vertentes da música brasileira. De que forma essa arquitetura foi construída?

Guigo: Fundamentalmente dessa vez é exatamente o que a Harlley falou: a gente se juntou, e dessa vez (ao contrário do que costumávamos fazer, que era o lance de ouvir os beats e ir gravando em cima) a gente experimentou um processo totalmente diferente, de sentar, conversar e mostrar o que estávamos ouvindo. Acho que quando você passa pra quem vai te escutar, tem que ser o mais honesto e verdadeiro possível. E nada mais verdadeiro do que você falar daquilo que vive. Então, nesses encontros a gente foi ouvindo o que cada uma estava escutando. As músicas que a gente canta nesse álbum, os gêneros, estilos, os ritmos… fazem parte do nosso dia a dia. O funk está muito presente na vida de qualquer uma de nós ou tem o pagodão baiano, que é um ritmo que a gente gostava muito, e aí fomos fazer um show em Salvador e conhecemos mais a fundo e nos aproximamos mais daquela galera. Assim, a gente também vai conhecendo mais sobre as culturas.

Tchelo: E acrescentar também: falamos tudo o que a gente queria falar, coisas que talvez não falamos, mas vivemos nos últimos tempos. Durante esse período de pandemia, tivemos muito tempo para se redescobrir, estudar, se isolar, passar por muita coisa, ter muitas emoções… e isso fez a gente crescer como artista e como pessoa. Tudo isso, a gente traz neste álbum. Por isso, ele é plural em diferentes formatos e linguagens, porque além dos estilos também falamos sobre outras coisas. Não falamos apenas da nossa vivência nem das nossas dores. A gente também traz questões de amar e de sofrer por amor… enfim, ou de como crescemos nesse tempo, nas nossas conquistas, onde a gente chegou e aonde queremos chegar. Um dos objetivos é mostrar que a gente também sofre, ama e que podemos estar em diferentes lugares. Não precisamos estar em locais somente do rap ou LGBT… podemos realmente furar as bolhas.

 

Foto: Divulgação

 

É isso que chama a atenção. Vocês não seguem uma única temática e não se colocam numa caixinha. Vão para diferentes caminhos e, consequentemente, têm a possibilidade de atingirem diferentes pessoas. E nesse processo de produção, qual foi a maior dificuldade?

Tchelo: Pra gente que é artista independente, a primeira dificuldade foi dinheiro. Se tivéssemos um investimento maior, talvez faríamos em outro tempo. Mas não podemos deixar de falar que também tivemos apoio de marcas, como a Converse, que ajudaram que esse projeto fosse pra rua. Mas acredito que o tempo também pesou, porque vivemos um momento muito delicado no país, não só polidamente falando, mas de tudo que vivemos com a pandemia. Ela atrapalhou muito a gente em várias questões. No começo da construção desse álbum já foi um processo que fomos entendendo e adaptando para que ninguém se arriscasse com tudo que estava acontecendo, porque cada um mora num canto de São Paulo. Então, ainda passamos por riscos, enquanto LGBTs na rua, falando de uma forma geral… a gente está muito exposto, de uma forma geral, de tudo que pode acontecer nesse caminho. Eu acho que a mistura disso faz com que as coisas tendem a não acontecer, mas sempre conseguimos dar a volta por cima, assim como fazemos desde quando nascemos… Fizemos esse álbum num tempo record, se pararmos pra analisar, e foi ótimo porque conseguimos fazer um trabalho de muita qualidade, do jeito que a gente queria, falando o que a queríamos falar, com os estilos que estávamos vivendo, tudo sem muita limitação.

Boombeat: E se tivéssemos mais tempo, colocaríamos algumas coisas a mais. Por mais diferente que tudo soe dentro do álbum, acho que uma coisa que é legal de pontuar, é que a gente não se perde mesmo quando estamos num estilo diferente. Tudo soa como Quebrada Queer… e falando dessas dificuldades, é também de ser um coletivo. Como temos nossos trabalhos solos, sabemos o quanto é difícil fazer as coisas acontecerem. Ser um coletivo facilita por um lado, mas dificulta em outro porque são cinco cabeças diferentes, querendo coisas diferentes. Então, dentro disso existe uma certa dificuldade na própria relação. São quatro anos de convivência, por isso não dá pra falar que é um mar de rosas… é um tipo de relação igual as demais que temos no nosso dia a dia. Mas também existe uma resistência nessa relação para que as coisas aconteçam, porque são cinco pessoas diferentes, que nem sempre concordam uma com a outra, que não pensam igual, mas fazemos acontecer em nome do coletivo, dentro de uma democracia, de um bem maior.

Definir título de disco é muito complicado, mas achei o “Holofote”interessante. Qual a ideia que vocês querem passar com ele?

Boombeat: Nome de música às vezes surge na hora, mas de álbum é mais difícil. Mas queria saber: você gostou do nome?

Eu achei bem intrigante. É óbvio que eu recebi a informação com todos os detalhes antes, mas quem não está ligado fica naquela curiosidade. Mas gostei sim, porque tem vários significados.

Guigo: Esse nome é curioso exatamente por isso. E mesmo após o lançamento, a gente vem ressignificando. Mas a ideia inicial partiu de uma análise… eu acredito muito no rolê de propósito, de qual é a sua função dentro das coisas que você está fazendo. E uma das coisas que eu vinha analisando a um tempo, no que se refere ao Quebrada, era o lance de que a gente de alguma forma acabava sendo uma mensagem do futuro no presente. A existência do Quebrada sempre foi muito isso. É uma coisa que é super possível… fazer rap não é só para macho, não tem um gênero. É uma música e se você sente e se identifica, você pode fazer. Mas existiam poucos representantes do cenário LGBT dentro dessa cena. E que maluco é pensar que existiam tão poucos. E quando o Quebrada Queer surgiu, a gente acabou recebendo mensagem de muitas pessoas que se viram, mais uma vez, diante de todas as figuras que já existiam, representadas e encontrando ali cinco possibilidades. E desde 2018, quando saiu a cypher, que foi o que catapultou o nosso trabalho para o mundo, esse cenário só vem aumentando e ganhando espaço.

Antigamente, era necessário contar nos dedos quantos artistas LGBTQI+ estavam fazendo rap. Não que essas pessoas não existissem, mas a visibilidade delas era muito pequena. De lá pra cá isso mudou muito. Hoje os dedos das mão e dos pés não cabem na quantidade de artistas que estão no rap. Então, o título é mais ou menos uma analogia com o holograma, que é uma mensagem do futuro no presente. É possível ver, ela existe, só que você não consegue tocar. Holoforte é uma mensagem do futuro no presente. E lá atrás a gente era isso. Como o Tchello falou, esse projeto é sobre um milhão de outras coisas, que não tem só haver com dor, sofrimento ou o que se espera de nós… porque assim que essa quantidade de artistas surgiu falando sobre as suas dificuldades, meio que criou uma ideia de que os LGBTs no rap só podem falar disso. E esse disco é mais uma prova e mais uma mensagem para o futuro de que não, de que você pode fazer 1 milhão de tipos diferentes de música, de estilos, de gêneros… você pode fazer isso do jeito que quiser. Isso torna a mensagem mais forte. Então, é um holograma forte.

Boombeat: Quando eu escutei essa palavra pela primeira vez, e depois de um tempo, mesmo já decidindo o nome, eu achava que vinha do rolê de ser forte diante dos holofotes. Então, essa era a primeira coisa que vinha na mente. Só mais perto de sair o álbum que eu fui entender que não era isso.

Harlley: Uma coisa que eu acho importante pontuar, sobre o disco em si, é que sendo uma mensagem do futuro no presente, a gente quis tratar esse futurismo de uma forma mais real. Então, não é aquele futurismo robótico, cheio de carros voadores… não é isso. É um futurismo que traz a sonoridade do Quebrada Queer que existe dentro das quebradas. Um Brasil LGBT que mora nessas quebradas e que lá no futuro vão ter acesso a esse disco com esse propósito, que são referências das quebradas no passado. Por isso temos o pagode da Bahia, o R&B ao estilo Sampa Crew, tem o rap bem raiz, tem o trap e tudo que a gente ouve nas periferias com a identidade Quebrada Queer.

Indicamos também: Um recado de Dani Nega e Ellen Oléria aos homens héteros cis sem noção: “SAI BOY”. Leia AQUI.

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