Como é de conhecimento da grande maioria: o beatmaker é simplesmente o responsável por toda a estrutura da música rap. E apesar de muitas vezes ter seu trabalho desvalorizado, ele é quem produz as bases instrumentais para que os MCs soltem suas rimas. Sem esse profissional, a engrenagem dificilmente rodaria tão bem quanto tem rodado atualmente.
“Na história do hip hop, inúmeras obras narram, louvam ou mesmo criticam rappers, MC’s e DJ’s. Algumas dessas obras se tornaram marcos da civilização contemporânea como “Rappers Delight” de “Sugarhill Gang”, “Suckers MC’s” de “Run DMC”, “3 MCs and 1 DJ” dos “Beastie Boys”. Mas dentro dessa vasta cultura, a figura do beatmaker fora pouco contemplada como tema, embora sua importância seja crucial e definitiva”.
Essas observações são feitas pelo jazzístico beatmaker e produtor baiano Dr Drumah (a.k.a de Jorge Dubman, baterista da banda Ifá) que se une a psicodelia caiçara do Radiola Santa Rosa (comandado pelo MC e beatmaker Dubfones, a.k.a do cantor/compositor paulista Caio Bosco) no manifesto “Para Todxs Xs Beatmakers”, uma ode musical aos operários do rap instrumental.
“A letra é um discurso com um teor histórico, que vai desde o início das manipulações sonoras com gigantescos equipamentos eletrônicos como a “musique concrète” e “Stockhausen”, até os tempos atuais em que podemos produzir música com um simples celular, passando pelos mais legendários samplers, sintetizadores e drum machines”, observa.
Para compartilhar essas visões, eles bebem na fonte dos anos 1990 para criarem uma base marcante com elementos de jazz, easy listening, Moog e uma pitada de brasilidade. Ela martela nos ouvidos e te faz ouví-la em looping. Também colabora no compartilhamento do conhecimento com aqueles que usam a cultura hip hop para ganhar de dinheiro, mas não conhecem seus conceitos básicos.