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Do automotivo à bruxaria, o funk de SP tá ganhando o mundo

Compilação da NTS Radio, de Londres, reúne diversos nomes da cena funk paulistana.

É verdade que com a internet as fronteiras são quase inexistentes. Porém, no caso do funk, ainda é necessário ultrapassar algumas barreiras. Mesmo conseguindo destaque no mainstream fora território brasileiro, o funk BR ainda não atingiu o patamar de exportação que outros gêneros nacionais conseguiram ao longo das décadas – como é o caso da Bossa Nova. Esse movimento tem sido feito aos poucos, e a ideia é que os gringos conheçam a essência não o que está sendo embalado para viagem.

Esse esforço tem sido feito por pesquisadores, artistas, produtores, DJs e jornalistas com conexões sólidas lá fora para mostrar o que tem sido feito nas periferias do Brasil. Uma das primeiras ações nesse sentido é a compilação “NTS apresenta funk.BR – São Paulo”, feita por Felipe Maia e Jonathan Kim para a NTS Radio, uma das principais plataformas de música do mundo, que está baseada em Londres. O projeto com 22 músicas reúne nomes diversos do baile funk de rua de SP, do automotivo ao agressivo, do ritmado à bruxaria.

A proposta inicial era criar uma compilação de funk antigo com músicas que saíram em vinil tempos atrás. Mas após conversas, Kim os convenceu a mudar de ideia para destacar a cena atual. “Com essa ideia estabelecida, eu chamei o Felipe Maia para me ajudar na curadoria do projeto”, diz ao RAPresentando. “Ele é um dos principais jornalistas brasileiros fazendo cobertura de funk de rua na mídia gringa e no Brasil, então queria chamar alguém não somente com esse conhecimento da cena, contatos com os artistas e produtoras, mas também alguém que saberia como traduzir e explicar essas nuances culturais para ter um projeto mais brasileiro possível”.

Diverso, o processo de curadoria levou em consideração a representatividade dentro do funk paulista. “São Paulo tem várias cenas de funk de rua, com seu próprio som, ritmo e bailes”, observa Kim. “O que está acontecendo na Zona Oeste de São Paulo é diferente da Zona Sul”. Além das representações de cada região e sua estética, eles também focaram em ter artistas em diferentes posições no “mercado da música”.

“A gente queria colocar artistas em ascensão, que ainda não atingiu um grande público, artistas famosos, mulheres, e também pessoas que se destacaram no SoundCloud e que talvez não fazem parte do funk das favelas, mas suas produções possuem bastante referências para misturar com outros gêneros musicais (por exemplo Deekapz, DJ Tonias)”.

Apesar do foco em São Paulo, esse primeiro volume abre a possibilidade para outras coletâneas de funk BR. Jonathan Kim diz que seria difícil fazer algo generalizado que agregasse todas as regiões do Brasil. Por isso, tem planos para destacar o que tem sido produzido em outras regiões. “A gente escolheu esse nome “funk.BR” justamente para fazer projetos no futuro”, ressalta. “Tô torcendo para que logo logo a gente comece a trabalhar em mais um álbum”.

Para desenvolver a estética visual, Maia e Kim tiveram a colaboração de Milena Nascimento, da MILELAB, que foi responsável por todo o conceito da capa, registrada pelo Ladeirra. “O conceito de criação partiu de trazer a identidade estética e a personificação da energia periférica dos bailes e do estilo mandrake de forma lúdica, com muita inspiração nas HQ’s”, escreveu ela. “O objetivo é referenciar a relação da quebrada com alguns signos e símbolos que contribuem na construção dessa identidade”.

 

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