Seguindo o mesmo formato do reality musical Rhythm & Flow, a Netflix está produzindo no Brasil o Nova Cena. Essa versão BR terá como jurados Djonga, Filipe Ret e as gêmeas Tasha & Tracie. O rapper Kamau será responsável pela apresentação e a DJ Miya B vai soltar os sons para que os MC’s façam suas rimas. Quem vencer receberá R$ 500 mil para investir na carreira e fará uma ponta na 5ª temporada de Sintonia.
Apesar da promessa de ser uma competição que revelará um novo nome da cena de rap e trap brasileiro, alguns MC’s já com uma caminhada, até consolidada no underground, revelaram ter rejeitado o convite para fazerem parte do cast de artistas convidados.
Isso não descredibiliza a produção, feita pela Endemol Shine Brasil, com direção de Cacá Marcondes e co-direção de Fábio Ock e Maristela Mattos, porém, deixa uma certa dúvida do real propósito.Tudo bem se a intenção é impulsionar a carreira de artistas que já fazem parte do mercado, mesmo que fora do mainstream. Mas é necessário deixar isso claro.
Assim evita polêmicas relacionadas a favorecimentos, levando em consideração que os competidores serão das mesmas cidades que o júri: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. E dar oportunidade apenas para artistas das três regiões mais privilegiadas do Sudeste também não é das melhores decisões. Obviamente, o Brasil é gigante. Porém, o rap está presente em todos os cantos dele. Isso tira a pluralidade de sons, flows, ritmos e estéticas, que estão espalhadas pelo país.
Por outro lado, ter Tasha & Tracie como juradas é um avanço, ainda que pequeno, porque o rap ainda nega espaço para as mulheres (cis e trans) por causa do machismo e do conservadorismo, que se mantém presente nesse gênero musical que mais protestou (e protesta) contra as problemáticas do sistema.
Como as informações são escassas, o jeito é aguardar o “Nova Cena” entrar no ar para tirarmos conclusões mais assertivas.