Caboclo de lança no Maracatu Piaba de Ouro, Léo da Bodega foi apadrinhado artisticamente pelo mestre da cultura popular Salustiano, que também o ensinou a tocar rabeca. Depois de receber a benção, fez da arte sua missão. E a sua forma singular de fundir a cultura popular de Olinda com rap reverberou além das fronteiras de Pernambuco.
Mesmo sem ter muitos trabalhos lançados, ele já marcou presença no line-up do Festival Coquetel Molotov e no ShowCase da Sim São Paulo. Agora, Léo sobe mais um degrau com sua auto-intitulada mixtape. “Ela fala sobre mim, sobre as coisas que eu vi acontecer. Essas reflexões do meu dia a dia, juntas, conseguem falar disso, então faz parte de mim e me representam da mesma forma, já que na minha cabeça essas histórias deveriam ser contadas”, diz ele.
As 5 músicas que compõe o projeto são versáteis. Léo da Bodega transita pelo soul, funk e trap. Te mantém com os ouvidos atentos. Se ficar em looping, você nem percebe onde começa ou termina. É sintético. “Fica Essa Noite” chama a atenção pela sua pegada disco, que faz geral dançar. “Eu penso nesse trabalho como se fosse um diário que eu achei durante a pandemia, em que eu reli algumas coisas sobre mim, e também construí coisas novas. A música, que é um fruto de um mergulho despretensioso pela era disco, fala um pouco sobre a solidão na noite Olindense”.
A idéia de fazer uma mixtape surgiu no início da quarentena. Todo o processo foi despretensioso. E apesar de não seguir uma linha cronológica específica, as músicas se conectam para contar os detalhes do estilo de vida de Olinda.
“Depois do Bruno Giorgi masterizar, comecei a enxergar algo que eu não sabia que é a masterização. O nosso trabalho mudou da água pro vinho. Eu costumo dizer que nosso trabalho chegou fininho, e ele transformou em algo grande, está soando real como eu queria, é algo que quando a gente faz tudo independente a gente não consegue alcançar, não chega nessa estética, mudou completamente”.
De fato, a mixtape como um todo está bem definida. Te faz viver Olinda, e dá uma ótima impressão do trabalho que Léo da Bodega tem feito. Com certeza, é um dos nomes que podem ganhar destaque em 2021. “Eu penso nesse trabalho como se fosse um diário que eu achei durante a pandemia, em que eu reli algumas coisas sobre mim, e também construí coisas novas”.
Foto: Berna