A escravidão foi abolida no Brasil há 131 anos, quase ontem. Mas a cultura escravagista permanece no sub-consciente dos brasileiros. É evidente que, com muita luta, os pretos conquistaram espaços, porém o tratamento não é igualitário. Na primeira oportunidade, o racismo é explicitado sem nenhum pudor.
A questão – e todo o contexto que a envolve – é tratada por MV Bill no desabafo que faz em “Vírus”. “A inteligência e a informação, sobretudo a educação, fez com que muitos desses quadros começassem a ter uma mudança, ainda fora do ideal, mas uma mudança que já incomoda, a ponto de alguns racistas desinibidos, fazerem piadas, com mazelas que acompanham ainda uma boa parte da população negra, com alguns estigmas que marcaram boa parte da nossa história, mas negligenciam o crescimento e a expansão do nosso povo”, diz Bill.
Não é a primeira vez que Bill aborda o assunto. Por isso, ele é um pouco mais enfático, sincero. Usa do sarcasmo para evidenciar os fatos, que são tratados como vitimismo e convertidos em piadas, e convida profissionais [negros] de funções diversas para marcarem presença no seu videoclipe. “Mostramos que eles [os negros] são pessoas importantes, que aquele trono pertence a qualquer um. Não somente a uma pessoa preta famosa. Às vezes o que leva a fama é somente a arte e não é possível todos serem artistas. Alguns vão ter que assumir outras profissões, que também são muito importantes, por isso esse trono é dividido com todos.”
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