Rainha dos fluxos, MC Dricka assumiu o papel de bruxa funkeira. Essa persona dá início ao que ela considera ser o seu momento mais visionário. O ponto de partida dessa evolução musical é o álbum “Caldeirão”, que ao longo de 29 minutos e 27 segundos explora as diferentes vertentes do funk BR. “Eu fiz uma mistura ali, usando todos os tipos de funk, colocando até um trap e fazendo um feat gringo”, observa. “Como no caldeirão tem aquela mistura que vai de tudo, essa foi a ideia”.
Para chegar ao resultado que queria, ela usou ingredientes do funk de São Paulo, Rio, capixaba e mineiro produzidos por DJ S2K Dj lv Mdp, GORDÃO DO PC, DJ Luan PJ, DJ Dozabri, DJ Guih da ZO, DJ Ery, DJ KN DE VILA VELHA, Dow Beats e Long Beats. O conteúdo lírico é explícito, putaria, quase tudo baseado em fatos e vivências. Tem de tudo para todos, inclusive uma das músicas, “Sapatão”, é direcionada para a comunidade LGBTQI+, da qual Dricka faz parte.
A surpresa fica por conta das participações de TZ da Coronel e da Arca, cantora venezuelana, radicada em Barcelona, na Espanha. “Eu consegui colocar uma gringa pra cantar um mandelão de verdade”, afirma a MC, que se aproximou de Arca depois de ser marcada por ela nos stories ouvindo sua música.
“Foi a partir daí que o nosso vínculo começou, com uma escutando o trabalho da outra. Eu virei uma grande fã, a gente se encontrou num show, nos divertimos juntas e até tomamos umas. Então, como a gente já tinha uma promessa de gravar juntas, decidi colocar ela no meu disco”.
Paralelo aos trabalhos que virão para complementar o trabalho, principalmente os audiovisuais – principalmente o de “Golpeame”, que deve ser gravado na Espanha -, MC Dricka se prepara para o Rock In Rio, onde fará duas apresentações no Espaço Favela. O objetivo dela é levar a experiência completa dos fluxos para o maior festival do país – e um dos maiores do mundo – nos dias 21 e 22 de setembro.
“A gente vem trabalhando num cenário para que as pessoas que nunca foram ou já foram nos fluxos de favela ou nos bailes se sintam como se estivesse lá. Isso não só com os mandelão, mas também com um cenário que façam elas vivenciarem a experiência”.