Há 16 anos, o legendário produtor guianês Mad Professor – que já trabalhou com Massive Attack e Perry Farrell – foi ao Rio de Janeiro para encontrar com Marcelinho da Lua. Da reunião nasceu o disco “Mad Professor Meets Marcelinho da Lua In a Dubwise Style”. As músicas que o compõe são remixes do álbum “Tranquilo” (2003), do Marcelinho, que  ganhou prêmios e fez parte da soundtrack do FIFA. Dessas sessões, sobraram alguns takes que agora eles decidiram juntar em “Mad Professor vs. Marcelinho da Lua Tranquilo Dubs The Alternate Takes”.

Resgatar takes “perdidos” é quase que uma regra no dub, uma fusão de reggae, ska e batidas eletrônicas, que também tem como característica a manipulação de gravações pré-existentes (alteração de vocais, pitch e outras características do som). E nessa arte o Mad Professor e Marcelinho da Lua são especialistas.

É como se o DJ estivesse criando ali no momento da execução. E isso fica perceptível na audição do projeto.  Eles criaram diversas versões para as músicas de 2004 e de várias outras que estavam na gaveta. Mad e da Lua também estão acompanhados por Seu Jorge, Bi Ribeiro, Black Alien, Laudir Oliveira, BNegão, João Donato e Roberto Menescal. No repertório, tem até os clássicos  “Refazenda” (Gilberto Gil) e “Cotidiano” (Chico Buarque).

Junto com o LP também caiu na pista o documentário “Dub U Crazy In Rio”. Assinado pelo cineasta Jodele Larcher, o filme mostra os bastidores das gravações de “Mad Professor Meets Marcelinho da Lua In a Dubwise Style”, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2004. Quase que um audiovisual caseiro, ele tem as imagens dos artistas produzindo, comentando sobre suas carreiras, influências e como estavam arquitetando o trabalho produzido por Rafael Ramos. É também o registro de um período fértil de evolução da música eletrônica no Brasil.

“Quando eu ouvi as trilhas do Marcelinho… bateu direto com a minha cabeça: um pouco de samba, um pouco de drum’n’ bass”, diz Mad num trecho do doc. “É um verdadeiro caldeirão de estilos, e eu pensei: por que não o misturar um pouco mais à maneira do dub?”.