Antes de lançar “I’m New Here”, em 2010, o músico, escritor e poeta Gil Scott-Heron [autor da frase a revolução não será televisionada] tinha ficado 16 anos sem apresentar nenhuma novidade. Voltou na sua melhor forma, soando tão vital e perspicaz quanto antes. Surpreendeu a todos por testar os limites da sua arte. Desafiou convenções e expectativas. Infelizmente, essa seria sua última obra.
O responsável por arquitetá-la foi Richard Russell. Na produção, ele priorizou o minimalismo sonoro, com a inserção de programações eletrônicas, para que os vocais roucos e profundos de Scott-Heron prevalecessem.
Passados 10 anos, Russell se envolve novamente com o projeto. Mas dessa vez não colocou as mãos nele. Apenas o entregou para que o produtor, baterista e beatmaker Makaya McCraven colocasse suas impressões musicais. Ele aceitou o desafio e criou
“We’re New Again”, a segunda releitura do clássico, após o álbum “We’re New Here” (2011), de Jamie xx.
Nessa reimaginação do agora clássico, Makaya manteve o intimismo, porém inseriu suas influências urbanas, fundindo a improvisação do jazz, pitadas de blues e a abordagem do RAP e seus samples. É quase uma jam na sala de casa. Sem muito compromisso com a estética, apesar dela ser rebuscada. Segue o conceito Gil Scott-Heron de ser: sem padrões. E a voz dele permanece intacta, poderosa.
Makaya mantém Scott-Heron na atmosfera de Chicago, o reduto criativo de ambos. Eles se reconectam com suas raízes e inspiram.
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