Quando está no palco, Marcelo D2 se doa 200%. Como um adolescente, não para. Vai de um lado para outro, dança, interage e pede para geral “fazer barulho, porra”. Junto com um Punhado de Bamba, ele subiu ao Palco Alternativo do Lollapalooza 2024 sedento para fazer todos dançarem ao som do rap com samba. Fez sua roda, colocando no meio do palco uma mesa cercada pelos bambas e pelas bambas, ornamentada pela imagem de São Jorge.
O repertório de IBORU serviu como o guia, mas D2 não focou somente nele. “POVO DE FÉ.” abriu o set com a mesma cadência do álbum, fazendo os graves tomarem conta dos falantes. No tablado, o cantor/rapper estava vestido para a festa, de roupa social um pouco maior do que o convencional, envolto por diversas gravatas, criando uma possível tendência.
O penteado também chamou atenção com toda a brilhantina e ondas, remetendo aos anos 1960-1970. A roupa dele, desenhada pela DOD Alfaiataria, e de todos ao seu lado, era de gala para celebrar a integração de dois gêneros musicais periféricos. Essa também foi a oportunidade para que as gerações atuais fizessem uma imersão no samba através do rap, e conexão com a cultura e religiões de matriz africana.
Ele saudou Zeca Pagodinho e fez uma ode a Arlindo Cruz e Mateus Aleluia. Não deixou de lado os hits “Desabafo”, “Pode Acreditar”, “Qual É?” e “Zé do Caroço”, cadenciando tudo pela batucada orgânica, somada a eletrônica. Mais próximo do fim, aproveitou o momento e as milhares de testemunhas para celebrar seu casamento com Luiza Machado, cantando “Água de Chuva no Mar”, que originalmente é interpretada por Beth Carvalho.
Mais uma vez, Marcelo D2 reafirma a sua potência dentro da música brasileira, sendo um dos mais inquietos. A dúvida que fica é o que virá depois do seu autointitulado novo samba tradicional. Seja no rock, no punk ou no samba, ele permanece mais hip hop do que nunca.
Fotos: Gabriella Zanardi