“NO THANK YOU” é mais uma das belezas apresentadas por Little Simz. Composto por 10 músicas, o álbum sucede o elogiado “Sometimes I Might Be Introvert”, de 2021, e já mostra todo o seu potencial para elevar ainda mais o status de Simbiatu Ajikawo.
Aliás, a fama, o reconhecimento, merecimento, as diferenças em que as mulheres sua tratadas em relação aos homens dentro e fora da indústria musical, problemáticas e as restrições que acompanham a vida artística são alguns dos temas abordados por ela.
Esse direcionamento está sintetizado no poema que dá o tom do tipo de conversa – não muito palatável – que Simz pretende ter com seu ouvinte, tendo como acompanhamento as fusões propulsavas de jazz, funky, afrobeat e gospel criadas por Inflo.
“emoção é energia em movimento. honre sua verdade e sentimentos. erradique o medo. limites são importantes.”
Diferente do anterior, que ganhou Mercury Music Prize, Mobo, Ivor Novello e Brit Award, este é menos explosivo. Está mais tenso, como o próprio título sugere, mas possui seus momentos “agressivos”. “No Merci” e “X” representam essa parte alta.
A segunda, contendo batucadas que lembram muito bem as que ouvimos nas escolas de samba brasileira, abre o excelente e visionário curta-metragem dirigido pelo aclamado fotógrafo e cineasta Gabriel Moses.
Todo em preto e branco, o filme captado no Chateau de Millemont, nos arredores de Parisde, possui quase 11 minutos. As músicas que servem de narrativa (“Heart on Fire”, “X”, “Silhouette”, “Sideways” e “Broken”) não seguem a mesma ordem cronológica da tracklist nem mantém o mesmo tempo origina, em média de 4 minutos e meio – algo não convencional no rap atualmente.
Sofisticado, NO THANK YOU reflete a maturidade artística de Little Simz para tratar de questões complexas. Firme, ela desafia o establishment. De forma introspectiva, “fria” (muitas vezes), ela revela que na sua manga tem muitas cartas para serem usadas no momento que forem necessárias. Isso a torna uma das MCs mais relevantes da atualidade.