O grito do oprimido continua ecoando. Há quem queira o silêncio para justificar os motivos do colonizador, mas é impossível olhar as cicatrizes (na alma) e não lembrar de todo mal causado no passado. O congolês Jupiter Bokondji, e sua banda Okwess, faz esse protesto em “You Sold Me a Dream” (Você me vendeu um sonho). Porém, como já é tradicional no seu trabalho, o objetivo não é apenas fazer a cabeça pensar. É necessário também que o corpo se mexa com toda ginga da musicalidade da República Democrática do Congo.
Assim como os países do Continente Africano, a América Latina, que até hoje sofre com os impactos da colonização, também é representada pela cantora chilena Ana Tijoux. Nas ideias, eles funde o lingala (idioma materno do Congo) com o espanhol para protestar contra o racismo e a dominação colonial do ocidente, que ao longos dos séculos escravizou pessoas, roubou riquezas naturais e devastou sociedades. Uma mistura de kuduro e rumba dá o direcionamento, acompanhada de pitadas quentes do suingue latino.
Para captar as imagens do vídeo, eles imergiram na escuridão das ruas da Cidade do México, onde transitam pelo próspero distrito comercial e a miséria da região ao seu redor.
Muito necessária para os dias atuais, a música dá mais uma amostra do que está por vir no disco “Na Kozonga”, que chega em abril com produção do celebrado Mario Caldato Jr (Beastie Boys, Seu Jorge e Marcelo D2). Apesar de não ser tão conhecida (como deveria) pelos brasileiros, a Jupiter & Okwess está na ativa desde os anos de 1990.
Em 2018, o álbum Kin Sonic (2017) integrou a Playlist do ex-presidente americano Barack Obama, e ficou na #9 posição na lista do The New York Times. No mesmo ano, também fez uma frenética performance no Tiny Desk, da NPR.