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O João Rock se rendeu ao RAP

Há afirmações de que o RAP tomou o lugar do rock.  E não é mera especulação. Nos últimos anos, a vertente musical do Hip Hop se tornou o mais consumido no planeta. No Brasil essa questão tem se tornando realidade com a entrada do RAP nos espaços que antes os negavam. É claro que não foi fácil. Ninguém disse que seria? Porém, nada impediu que os precursores da cultura preta e periférica sedimentassem o caminho. O futuro era incerto, mas eles acreditaram.

“A gente está aqui hoje nesse palco para dar continuidade no sonho de gente que deu a vida inteira pra que isso acontecesse. Gente igual ao Macari, gente igual a saudosa Dina Di, gente igual o Sabotage, gente igual o Chorão, que incentivou o Hip Hop pra caramba… pra nós é mágico poder estar aqui para dizer hoje, para ecoar nessas caixas gigantes, pra esse mar de gente: obrigado… obrigado por acreditar na cultura Hip Hop”, disse Emicida durante o show de encerramento do Festival João Rock, no Parque Permanente de Exposições de Ribeirão Preto, SP, o qual fez ao lado de Rael e Mano Brown.

As palavras do Emicida sintetizaram o sentimento. O 15 de junho se transformou no dia que o RAP “tomou de assalto” os palcos do festival que carrega o nome de três bateristas roqueiros [João Baroni, dos Paralamas do Sucesso; John Densmore, do The Doors; e Joh Bonham, do Led Zeppelin]. Rincon Sapiência abriu os trabalhos metendo dança e fazendo a poeira da terra vermelha levantar. O sol escaldante não foi empecilho para que o público se aglomerasse para dançar ao som do afrorap do desenvolto e colorido Manicongo. A cada play, o pó da terra se misturava ao fumacê de ganja e tabaco. O ponto negativo ficou por conta da “tesoura” que deram no som, pouco antes da sessão terminar. O motivo: atraso. Mas apesar dos pesares, Rincon fez um trabalho impecável.

Era apenas 2 da tarde, mas a atmosfera já indicava que o sábado prometia. Os pretos ainda estavam em minoria, mas comparando com a presença deles em outros festivais a quantidade estava acima do normal. E não poderia ser diferente. No seu 18º ano, o João Rock escalou um time de artistas que influenciou diretamente na decisão de um seleto grupo de pessoas, que só participou por causa do line-up composto por um número considerável de rappers – consequentemente, pretos. Isso mostra, mais uma vez, que a representatividade importa.

Ali na grade que separava os espectadores do palco “Fortalecendo a Cena”, o que mais teve a participação do RAP, conversei com pessoas que viajaram de lugares distantes só para ver o Djonga e o BK. Uma delas viajou mais de 500 quilômetros, saindo na madrugada de Ilha Cumprida, no Litoral de São Paulo, para chegar no horário da abertura dos portões e conseguir um espaço na primeira fila. A outra, chamada Marissa, saiu do Sul de Minas Gerais. Emocionada,  foi às lágrimas durante a eletrizante performance do Djonga. Mais surpreendente da que vi em 2018 no Festival Sons das Ruas.

De bermuda tricolor [amarelo, azul e vermelho] e uma “blusa” [de time foda]  salmão do Manchester United, que depois jogou para a galera, Gustavo já entrou com “Hat-Trick”, às 16h20. A pontualidade foi tanta que o Coyote nem esperou a última propaganda terminar para introduzir o seu parceiro. Imediatamente a coletividade respondeu. Por aproximadamente 1h20, o mineiro não parou. Apenas sentou quando tocou “Bença”. De resto ó: energia pura. O MC, como sempre, estava conectado com seus fãs. O tradicional “Ei Bolsonaro vai tomar no ***” surgiu do nada. “Pessoal, cuidado. Isso aqui está passando na televisão”, alertou. Na sequência pediu para que uma roda de bate-cabeça se formasse. Já nos primeiros versos de “Olho de Tigre” o chão tremeu. Climax total!! Logo, os seguranças se movimentaram para prepararem o terreno. No calor de “Sensação, Sensacional”, Djonga se jogou no mar de gente. Prontamente o abraçaram. Coisa de rockstar.

De volta ao palco, escalado pelas barras de sustentação, ele agradeceu todo o carinho. Mas depois do show não descansou. Ainda separou um tempo para tirar fotos com a galera que o esperava atrás do palco. Com sorriso no rosto, atendeu a grande maioria. “Se não for assim, não tem porquê fazer”, diz Djonga quando pergunto sobre a reação do público com o seu trabalho. “Tem que fazer para chegar aí. Mas eu lembro que antes não era assim. Porém já inspirava alguma coisa na galera”. [A apresentação do Djonga se tornou parâmetro para todas as outras que viriam depois.]

Acompanhado de sua banda, BK performou “Gigantes”. Do palco, pude ter uma visão geral da infindável platéia. A noite dava às caras, mas o calor permanecia. O rapper carioca colaborou para esquentar ainda mais o ambiente. A sonoridade “orgânica” não modificou a essência das músicas, que, segundo o próprio BK, foram pensadas para serem apresentadas com instrumentos.  Não consegui acompanhar todo o rolê, porque me desloquei para conferir o Baiana System, que praticamente no mesmo horário tocava no palco principal.

Russo Passapusso é o maestro que rege a multidão de uma forma brilhante. Ninguém para. Todo mundo canta. Vestem as máscaras. Fazem roda. Russo convoca para uma ciranda de “índio”. Prontamente é atendido. Várias rodas se formam. O ar fica com cheiro de terra. O suingado som do Baiana envolve de uma forma inexplicável. Sem decepções. Cada música se torna um coquetel molotov. É só jogar e ver o fogo pegar imediatamente.

Às 23h55, Marcelo D2 e Sain chegaram com “Amar é Para os Fortes”. De bengala e uma atadura no pé esquerdo – por conta de uma torçam no tornozelo durante uma partida de futebol promovida pelo João Rock -, D2 chegou a sentar numa poltrona que estava no centro do palco. Porém, ela não teve utilidade. A dificuldade não impediu que o MC fosse de um lado para o outro. “Alto da Colina” deu o start para uma sequência de músicas atuais, como “Febre do Rato” e “Resistência Cultural”, e sucessos da carreira dele, incluindo “Desabafo”, “À procura da batida perfeita, “Pode Acreditar”, “Qual é?” e “Mantenha o Respeito, eternizada pelo Planet Hemp. O bboy Pelezinho, um dos dançarinos mais premiados do Brasil, e Renato Venom foram algumas das companhias de D2 e Stephan. No background, além do DJ Nutz, estava uma banda jazzística embrazada.

É claro que as críticas ao atual governo se fez presente. “Eles são fascistas, nós somos resistência”, disse D2, antes de “Resistência Cultural”. O coro de “Ei, Bolsonaro vai tomar no **” voltou a se destacar. Ao encerrar, Marcelo D2 homenageou o produtor musical André Midani, morto falecido na sexta-feira (14), com o vinil de “A Tábua de Esmeralda”, de Jorge Benjor, de 1974, lançado pela Philips [selo comandada na época por Midani]. “Esse é o melhor disco do mundo, disse D2, que fechou com “Os Alquimistas Estão Chegando”.

Poucos minutos depois, já de madrugada, Emicida e Rael amarraram o festival de rock dominado pelo rap. O DJ Nyack os anunciou. E o “Hip Hop é Foda” foi a música que eles abriram. Novamente Nyack entrou em cena para fazer uns versos. O preconceito racial estava na pauta, mas o discurso ficou por conta de Roque, personagem de Lázaro Ramos em “Ó, Pai, Ó” que fala algumas verdades para o Boca [Wagner Moura] num dos trechos mais icônicos do filme de Monique Gardenberg. “Eu sou negro sim. Mas por acaso negro não tem olhos? Negro não tem mão, não tem pau, não tem sentimento, não come da mesma comida? Não sofre das mesmas doenças, não precisa dos mesmos remédios? Quando vocês dão porrada na gente, a gente não sangra igual? Quando vocês fazem graça, a gente não ri? Quando vocês dão tiro na gente, a gente não morre também? Então, se em tudo a gente é igual, nisso vamos ser iguais.”

[Neste mesmo horário acontecia o show do Felipe Ret no palco “Fortalecendo a Cena”. Infelizmente, não marquei presença. Da mesma forma aconteceu com o da Tribo da Periferia]

Apesar do horário, geral estava no pique. Rael e Emicida fizeram uma viagem por suas carreiras com músicas que marcaram a história de ambos, entre elas a impactante “Levanta e Anda”, “Não é só ver”, “Envolvidão”, “Passarinhos”, “Pantera Negra”, “Hoje Cedo”, que teve a participação da Pitty, uma das headliners do evento [infelizmente, a única mulher entre as 16 atrações – a ÚNICA]. O momento era de alegria, comemoração. A felicidade estava estampada no rosto deles, que a todo momento se cumprimentavam. Eles lembraram das rinhas de MC’s, que também tinha a participação de Rashid e Projota, e dos perrengues que passaram para chegar aonde estavam. “A cultura Hip Hop ensinou para nós o respeito de um para com o outro. E ensinou para nós que se tiver cultura, saúde, lazer e educação pra que eu preciso de uma arma na minha mão, parça!?”, disse Rael. O “Ei, Bolsonaro vai tomar no **” deu as caras novamente.

Muitos também estavam na expectativa para ver Mano Brown. Alguns ficaram desesperados quando Emicida e Rael fizeram uma despedida dando a entender que o show estava terminado. Segundos de tensão. A banda permaneceu. E rapidamente os dois voltaram para dar continuidade. Todo de preto e com uma bandana laranja pendurada [representando a Vila Fundão], Brown chegou chegando com “Quanto Vale o Show?”. Na lista também estavam “Negro Drama” e “Vida Loka parte 1”, as que mais animaram os que aguardaram ansiosamente para ouvir uma das principais vozes da resistência. Ao final, Djonga e Rincon Sapiência se juntaram à banca para “O Céu é o Limite”. Foi histórico.

*Fotos não creditadas: Denilson Santos e Deividi Correa/AGNews

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