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iéti sobre “RADAR DE UM FILME SUJO”: “É doloroso, mas taí pro mundo, pra geral que se identifica”

Na mixtape, o MC do Rio de Janeiro usa a sujeira do underground para falar de suas vivências, perdas e dores.

Mesmo com dois EPs na pista, iéti considera “RADAR DE UM FILME SUJO” (RDUFS) um check point de vida. A mixtape serviu como um desafio para que mostrasse as possibilidades que tem para ir por caminhos poucas vezes trilhados. Nessa viagem, ele levou junto VND e OFAV, (RJ), Bakkari (CE) e Tarcis.

“É tipo um mural de fotos igual aqueles que a gente que cresceu antes dos anos 2000 tinha guardado na gaveta em casa, nesse caso eu transformei essas memórias em música”, observa ele. É doloroso, mas taí pro mundo, pra geral que se identifica”.

A dor citada pelo MC, produtor cultural e um dos linhas de frente do selo CRIS Records, ao lado de Rafael Rodrigues, e da marca de streetwear Yōkai, está relacionada às lembranças das vivências que teve, venenos que passou e amigos que se foram. RDUFS serve também como um livro de memórias, que em algum momento precisa ser escrito para colocar para fora aquilo que está preso no subconsciente.

Para expressar esses sentimentos em 15 músicas, totalizando pouco mais de 24 minutos, iéti tescolheu uma estética menos usual no Brasil, mas que tem ganhado cada vez mais força com a difusão dos trabalhos de Westside Gunn, Conway The Machine e Benny The Butcher, responsas pelo fenômeno da Griselda Records.

A estrutura criada pelo produtor Lessa Gustavo possui um viés pessoal, construído a partir de uma narrativa do artista enquanto homem preto e periférico. As nuances sonoras também refletem essas vivências, pegando como referência os raps mais “sujos”.

“Fala de mim, da minha forma de lidar com os eventos que me encaminharam para o movimento que eu faço hoje”, afirma. “Eu vivi muito tempo na rua observando a cena, entendendo qual era meu lugar e como eu podia fazer as coisas do meu jeito”.

 

ROLÉ DE LANÇAMENTO

No mesmo dia que o disco entrou nas plataformas de streaming, 18/03, o primeiro lançamento da CRIS, iéti fez uma festa na Lapa, RJ. A noite quente foi aberta por Kashin the sujo, que na sequência passou a bola para Mari Filippo, DJ e curadora do Brasil Grime Show, e depois chegou Marcão Baixada.

A casa atingiu lotação máxima com 300 pessoas para acompanhar o nascimento de RDUFS. Depois do impecável set de Marcão Baixada, o dono da noite chegou na companhia de seus convidados: Amanda Sarmento, VND, Tarcis, OFAV, Shamilla e Yng l.o.

 

 

“Foi irado, ambiente muito maneiro e confortável, tá ligado? Dependendo do lugar nem sempre eu fico 100% confortável em rolés de rap, mas neste dia eu me senti à vontade e realizado. Curti muito o show e por ser o primeiro evento do selo, eu fiquei com um leve receio de ter algum problema, mas ele superou as expectativas”, disse.

Os pontos altos foram quando bateram os sons “Rua sem Lei” “Prestígio & Fama” com participação de OFAV e VND – que entrou nas principais playlists editoriais do Spotify Brasil – , “Asfalto & Madrugada” ao lado de Marcão Baixada, “Trilha da noite”, na companhia de Tarcis, e “Entardecer” com Amanda Sarmento, que aproveitou o momento para fazer uma dobradinha no single “LIVRE”.

Após o show, quem comandou as pick-ups foram os DJs Crh1s Roc, Não tem jeito e Benedicto, tocando muito house e experimentações sonoras para ninguém ficar parado. Esse é o ponto de partida para fazer a mixtape rodar por outros lugares no BR.

 

Indicamos também: Os belgas do “Tapioca” fazem rap em português com influência da música brasileira dos 70’s. Leia AQUI.

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