Muito se “discute” [principalmente nas redes sociais] qual é o papel da mídia de nicho (ou de rap em muitos casos) na difusão do conhecimento e da cultura Hip Hop. É por esse motivo que o Festival Terra do Rap fez um painel para abordar o assunto, tendo como foco a cultura urbana lusófona.
Para compor a mesa, foram convidados os jornalistas Alexandre Ribeiro, sub-editor do Rimas & Batidas (Portugal), Adailton Moura, editor-chefe do RAPresentando, Eddie Pipocas, do Bantumen (Moçambique) e Núria Pinto, do Rimas e Batidas, que foi responsável por mediar a conversa. “Viver da música é difícil, viver da escrita, eu diria, que é ainda pior”, afirmou Núria.
Baseando-se no tema NOVXS RIOS, o debate tratou de sustentabilidade, independência editoral, a falta de apoio de artistas e empresas, abertura de mais espaço para as mulheres e o estreitamento da relação entre pessoas de países que tem o português como língua materna.
Dentro do marketing deles (as gravadoras), mídias como a nossas deveriam estar no topo… porque somos nós que “alimentamos” (mantemos) esses artistas, disse Eddie. E a grande mídia vem atrás dos artistas que nós descobrimos”.
Como a proposta do Terra do Rap é cada vez mais incentivar à lusofonia, foram levantadas quais formas de fortalecer a relação dessas culturas tão diversas.
“Acho que cada vez mais tem que ter essa vontade, mas acho que nunca vamos (os artistas portugueses) ter uma presença tão forte no Brasil, como o Brasil aqui. Isso tem muito a ver com tamanho”, observou Alexandre.
Todos concordaram que a música pode ser um caminho para que essa troca seja mais frequente. O bate-papo foi importante para abrir novas possibilidades e também para mostrar o quão portais e os profissionais são importantes para fomentar o rap e seus pares ao redor do mundo.
“Muitas vezes os artistas, principalmente os independentes, não valorizam as mídias que dão espaço pra eles”, disse Adailton. “A gente recebe uma quantidade enorme de e-mails, a gente faz uma seleção do que publicar ou não… e aí quando a gente publica o artista nem compartilha com a rede dele”.