A paternidade é uma virada de chave na vida de muitos homens. É fato que nem todos assumem essa responsabilidade. Mas quem vive o ser pai intensamente sabe que dia a após dia acontece uma evolução. Felipe Flip sabe muito bem como é. Por isso, decidiu compartilhar suas experiências paternas. Dessa vontade de mostrar como é a convivência com o seu filho Isaac de 7 anos, o MC escreveu “Meu Mundo”.
A música é na verdade um relato sensível de como a chegada de um filho transforma a vida do homem, principalmente quando existem complicações durante a gravidez e o parto, tornando esse momento tenso por causa das incertezas e possibilidades de não dar certo.
“Estava tudo planejado pra ser um parto humanizado, normal… porém, na hora a gente viu que ele estava perdendo os batimentos cardíacos, porque estava enrolado no cordão umbilical, e teve que às pressas fazer uma cesária”, diz Flip. Eu fiquei com muito medo, e aprendi a dar valor em cada sopro de vida. Isso me impactou muito, e virou aquela chave de valorizar só por ele estar, independente se ia vir com algum problema. Eu perdi esse medo, e a prendi a amar ele de qualquer jeito, independente de qualquer condição física”.
Esse aprendizado, Felipe passa para frente com uma dose de realismo (sem romantizar) na intenção de inspirar aqueles que estão se preparando ou já são pais. Também mostra no vídeo dirigido por ele e Shiviits, que mesmo com toda a seriedade e compromisso diário, o “papel paterno” pode ser leve, e é essencial no desenvolvimento das crianças. Isso influencia diretamente na forma do artista viver e criar seus sons.
“Desde que nasceu, ele faz parte do meu processo criativo. Eu nunca consigo deixar de pensar, mesmo se for uma letra, um som que não tenha a ver com a vivência de pai, eu imagino que um dia ele vai ouvir, entender e tentar interpretar de alguma forma”.
Isso reflete nos cinco singles do álbum “Pela Cor”, produzido por Tuti Camargo e Janluskaque, que Felipe Flip pretende colocar na pista ainda em 2021. Nele, o rapper pretende explorar um pouco mais seu lado pessoal, da luta afro-punk, do homem preto no rap. “É aquela coisa de mato e morro pela cor e pelos meus amores, que é meu filho e minha família… eu já dei bastante spoiler, mas ainda vai ter uma parte mais consciente, mais furiosa, punk e revoltada… não no instrumental, não na sonoridade, mas na postura e na letra. Já a sonoridade está bem elegante”.
