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Uma conversa com o Rashid na companhia do RAPadura

De Campinas, desembarquei em São Paulo quase 15hs. A temperatura da capital estava amena, mas o trânsito quente. A meta era chegar ao HQ do Twitter de transporte público. Mas mudei de ideia com medo de chegar atrasado a entrevista marcada para 17hs com o Rashid.

A escolha foi boa, mas nem tanto. De uber, o trajeto levaria 30 minutos. Mas a cada KM, o tempo só aumentava. O papo com o motorista rendeu. A ideia de morar na capital, por hora, foi deixado de lado. Duas horas depois do anda e para, dei às caras no gigantesco ninho, faltando 5 minutos para às 18hs.

RAPadura e Rashid | Reprodução Instagram

Sorridente, Rashid me recebe na imponente sala de reuniões. A conversa rende. RAPadura, que também ficou preso no trânsito, chega e puxa a cadeira para juntos falarmos sobre a música “Interior”, que na ocasião teria o videoclipe apresentado para convidados [acompanhado de um pocket show], o atual momento do rap, representatividade regional, Lollapalooza e futuro. “Eu não tenho dúvidas que o rap vive o melhor momento, pelo menos em termos de Brasil… de artistas de lugares no país e tal… eu não tenho dúvidas que este é o melhor momento, tá ligado!? Porque hoje tem os caras do Nordeste, tem de Minas, gente do Rio e São Paulo continuam fazendo, tem cara de Goiás, cara de Brasília…”, diz Rashid.

C.R.I.S.E tem pontos [e contrapontos] que podem até soar contraditórios. Mas através deles você mostra sua visão sobre a política brasileira, rap, o racismo e também faz uma autocrítica. Muito elogiado, o disco também foi apresentado de uma forma diferenciada. Como foi arquitetá-lo? 

Rashid: Tá ligado que ele foi sendo escrito também, né!? Conforme eu fui lançando, eu também escrevia. As músicas não estavam todas prontas… e tipo: “beleza, agora vamos lançar”. Eu lançava uma, fazia a outra pra um mês depois lançar ela, tá ligado!? Então isso, de certa forma, me ajudou no lance do conceito, que você falou dos contrapontos, pontos, as contradições… Eu nem diria que as músicas se contradizem, elas só se contrariam. A parada é meio que as variações do nosso estado de espírito no dia a dia. É como você acordar bem e durante o dia ficar bolado, chateado, feliz, preocupado… Uma coisa te alivia, outra coisa te estressa. Aí no final do dia você tá em casa com a família, tá de boa de novo, vai dormir e no outro dia é o mesmo ciclo. É sobre essas variações… a vida é uma merda e é uma beleza no mesmo dia, tá ligado!? Então, eu acho que até essa forma de escrever o disco me ajudou a construir esse conceito, que eu já tinha na mente, mas não tinha entregado, porque não queria estragar. Foi assim, por que era estratégico. A gente soltava uma música pesada (com uma temática pesada), aí na próxima já tentava vim diferente, mais suave. isso me ajudou a criar a parada dessa forma… foi muito da hora fazer esse disco, foi um jeito da hora de ter lançado… sem falar que deu muito resultado. Foi um dos trabalhos mais legais que eu fiz. Em termos de música também, acho que as músicas mais legais que eu escrevi estão ali… das mais significativas pra mim, tá ligado!?

É um lance de se reinventar neste efervescente mercado da música, que sempre exige que você crie alternativas para que seu trabalho ganhe destaque?

Rashid: Tipo, eu falo de vez em quando (é engraçado, quando a gente fala: “eu sempre digo”. Parece que todo mundo tá sempre ouvindo o que você tá falando) [risadas]… às vezes eu troco ideia com o meu pessoal lá do escritório, que, de certa forma, é até injusto quando falam que os artistas não podem ser só artista. Na visão geral, ele tem que ser artista, youtuber, gerador de conteúdo e uma pá de parada… aí nesses dias a gente tava falando de um mano que chama Rodari. Ele canta bem pra caramba, toca violão, é tatuador… aí eu falo (na zoeira): “tá vendo, o cara tem que ser tatuador o outro tem que cozinhar (tem o Action Bronson que é cozinheiro, tá ligado!?)… A gente tá num período, que essas coisas somam e viram trunfo para o artista. Mas, de certa forma, é estranho que às vezes pra ele ter esse trunfo não basta ele só fazer a arte dele da melhor forma, precisa de outra carta na manga, tá ligado!? O artista hoje é tipo o Julius, pai do Chris, ele tem que ter dois trampo. Esse é um bagulho louco! Mas ao mesmo tempo, isso tem pressionado a gente a ter várias ideias foda. Então tem muita coisa boa surgindo justamente dessa pressão. É legal, porque a gente tá lapidando ainda mais o nosso diamante e transformando ele numa joia cada vez mais rara. Por outro lado, os artistas se sentem pressionados, o que acaba fazendo as pessoas confundirem a estratégia com o apelo, tá ligado? Tipo: ao invés de ter uma estratégia para chegar nas pessoas e fazer um bagulho foda, você apenas cria um apelo pra conseguir mais visualizações, que é o que conta no currículo. O mais importante é ter uma estratégia que vai valorizar o trampo. Assim, você vai conseguir visualizações e um valor agregado monstro. São coisas diferentes. E as vezes essa pressão faz a gente desvirtuar o que coisa significa.

[RAPadura se junta a nós]

– Coloca o cabra na conversa, diz Rashid.
– Adailton do RAPesentando, a Dani (esposa e empresária do Rashid) me apresenta ao RAPadura
– Aquele site lá que falou mal de você – brinca Rashid
– A gente nunca fala mal de ninguém – me defendo

[Continuamos nas ideias, depois de muitas risadas]

Também passa pela questão do público de rap não entender o trabalho, levando em consideração as diversas vertentes de rap que temos hoje?

Rashid: Mano, eu acho que esse tipo de estratégia ajuda a gente alcançar essas pessoas, quando a gente consegue vincular o bom trampo, a boa música com uma boa estratégia e tal… Mas as pessoas estão cada vez pedindo mais. Eu não sei, mas pode virar uma bola de neve e a gente ir pra um lugar… porque a arte é igual celular, a ligação é o de menos. Hoje em dia você manda um Whatsapp e fica desesperado que a pessoa não responde. E é urgente. Mas você não lembra que tem a opção de ligar. Então, pode ser que a gente chegue num desembolo da situação em que a arte vire o menos relevante.. e eu tenho medo desse dia. Não sei, posso estar exagerando, tá ligado!? To assistindo muito filme, de repente. Posso estar exagerando na minha visão, mas também não. Eu acho que cabe muito ao artista tentar equilibrar as coisas, tipo: a nossa luta é sempre pra evoluir a nossa arte e se comunicar com cada vez mais gente. Alcançar mais pessoas é muito importante, mas falar o que você tem pra falar e o que só você pode falar também é muito importante. Dia desses me perguntaram: “o que te diferencia dos outros MCs”? Nunca tinham me feito uma pergunta dessas antes. E foi tipo: WOWOOWW!! Parecia uma rima de batalha, porque me pôs pra pensar. É isso!! O que que diferencia o Rashid ou o RAPadura. Ou o Emicida, ou o Criolo, ou o Choice, ou o Djonga? Entendeu? Se no final das contas a gente só entrar na corrente do apelo, não to dizendo que ninguém entrou, mas o que vai diferenciar a gente? Esse seria um caminho que num futuro obscuro a arte seria o que menos vai importar.

Vai todo mundo para o mesmo caminho sem opção de escolha.

Rashid: Exato. Por isso é muito importante que a gente saiba equilibrar as coisas e entender que o que só você pode falar é importante para as pessoas. Quando alguém me trás aqui (no Twitter) é por que viu o Rashid lá do jeito dele e disse: “é legal trazer esse cara aqui”. Então, não adianta eu tentar me moldar pra parecer com as pessoas daqui se me trouxeram por eu ser diferente. É a mesma coisa do RAPadura… pô, vamos trazer esse cara porque representa uma parada muito especial. Não adianta ele tentar se moldar aos nossos moldes, por que aí vai deixar de ser ele.

E o RAPadura é um cara que trouxe para o rap o estilo próprio e a mensagem dele também. Como foi colocar esse tempero nordestino no rap e apresentá-lo pra SP?

RAPAdura: Na verdade veio da necessidade de a gente ter referências nossas, pessoas fazendo rap com a linguagem que a gente usa no nosso dia dia… coisas que as pessoas se identificam. Como o Rashid falou, cada pessoa tem uma coisa única. De repente ele fala e muita gente se identifica. É aquilo: eu vivi e passei isso aí também. Aí, o que eu vou falar do nordeste ele não vai falar. Então, é uma parada que vem de lá das minhas raízes e eu sempre senti essa necessidade. É bem verdade que a gente já teve no passado Clan Nordestino, Face do Subúrbio e outros grupos que representaram o Nordeste. Mas ainda falta alguma coisa, a questão do embate, a questão de debater assuntos que até são meio polêmicos, tipo: o monopólio cultural e outras coisas que a gente sempre sentiu a necessidade de falar. A gente ficou muito tempo sem voz, aí teve o rap, apareceu o espaço e aí a gente abriu o coração pra falar: precisamos disso aqui, a gente precisa falar isso aqui, o nosso povo precisa disso aqui e abordar outros temas também.

Hoje o rap nordestino ganhou mais espaço e uma maior representatividade em São Paulo (com Diomedes, Baco), mas você foi um dos primeiros a dar essa visibilidade ao rap nordestino.

RAPadura: O Nordeste já tá aqui há muito tempo, né!? E na verdade eu só complementei com um pouco de arte. E é o que exatamente as pessoas do Nordeste que vivem aqui estavam precisando ouvir uma parada de lá. Quando você chega e fala de algo de lá, de uma planta, o olho do cara enche d’água. Se você fala: “trouxe uma rapadura da Paraíba”, o cara se emociona. As coisas mais simples são as mais grandiosas, saca!?

Rashid: E o que é loco de você ver… Você falou aí do Diomedes, do Baco, aí tem o Don L, tem o Matuê (que é de Fortaleza), o RAPadura… Mano, aqui a gente falou alguns artistas e cada um tem sua originalidade, são completamente diferentes. Isso mostra que o Nordeste também não é uma parada só. Às vezes as pessoas julgam o nordestino pelo estereótipo que foi criado ao longo dos anos e o rap sempre lutou contra isso. Mas é verdade que esse preconceito esteve dentro do rap por muito tempo. Então, você vê que nem os nordestinos nem o Nordeste são a mesma coisa.

RAPadura: E aí cai naquela mesma parada que a gente estava falando antes, de cada um ter sua individualidade, o seu diferencial pra passar dentro da mesma cena, desse mesmo lugar.

Pensando em tudo isso, podemos considerar que o rap vive o melhor momento, tendo em vista esta entrada na mídia, a oportunidade de tocar em festivais e atingir um público ainda maior?

Rashid: Eu não tenho dúvidas que o rap vive o melhor momento pelo menos em termos de Brasil… de artistas de lugares no país e tal… eu não tenho dúvidas que este é o melhor momento, tá ligado!? Porque hoje tem os caras do Nordeste, tem de Minas, gente do Rio e São Paulo continuam fazendo, tem cara de Goiás, cara de Brasília…

RAPadura: E todo mundo trampando junto…

Rashid: Participei de uma experiência da hora no Youtube… Daí tava lá: eu, BK, o Froid,a Bivolt, o Edi Rock e os caras do Oriente. Então, são mentalidades diferentes, locais diferentes… é óbvio que faltou muita gente, mas hoje você pode pegar o mapa do Brasil e em cada lugar você vai achar um grande talento, um grande artista reconhecido e muitos outros sendo reconhecidos também por aquilo. Sem dúvida não sei se é um dos melhores ou o melhor momento. Eu sempre tenho medo de parecer pretensioso, mas me parece que é o melhor momento do rap em termos de entrada nos lugares também: na rádio, nos festivais, artistas fazendo turnê fora do país (o RAPadura mesmo é um cara que vive fora do país, é um cara INTERNATIONAL que está levando o Nordeste do Brasil pra diversos lugares do mundo).

RAPAdura: Em questão de visibilidade com certeza é o melhor momento, porque hoje você vê os artistas daqui atingirem grandes taxas de views em pouco tempo, muito mais até do que vários gringos do rap, até conhecidos.

E a tecnologia ajudou isso?

Rashid: Ah!! Sem dúvida nenhuma, ajudou nessa democratização pra caramba também. Hoje eu tenho uma facilidade enorme de me comunicar com os meus fãs em tempo real. E ainda é louco, porque a gente vai a lugares que nem todos tem acesso à internet, mas a música continua andando. Essa é uma exclusividade da música na minha visão. Tipo assim: a música é uma nave que chega, solta seus tripulantes e cada um vai pra um canto. A música tem esse poder de continuar andando. Então tem música minha que tá andando até hoje, música de 2012, do “Que Assim Seja”. Se em alguns lugares eu não cantar no show “Que Assim Seja”, a pessoa vai ficar bolada porque a música tá batendo forte pra eles. Enfim, mas o lance da tecnologia foi um dos maiores aliados do rap nos últimos anos. O nosso acesso foi tardio, vários de nós foi ter acesso à internet e computador em casa depois dos 20 e poucos anos. Eu memo, tive o meu com 22 anos, mas a gente soube tira proveito disso.

A música que vocês fizeram juntos, “Interior”, vai nessa questão de valorizar as raízes brasileiras, de mostrar as individualidades, diferenças e a beleza que existe dentro de cada um?

Rashid: Totalmente!! Primeiro pra mostrar que existem outras realidades, outras situações, outras vivências, tá ligado!? Eu sempre falo: existe uma outra pobreza no interior que as pessoas não enxergam ou não gostam de olhar fora do (filme) “O Alto da Compadecida” ou de “Os Dois Filhos de Francisco”. Existe todo um outro mundo nisso aí… e eu trago esse tempero pra minha música por ter passado uma boa parte da minha adolescência no interior de Minas Gerais e minha família tá lá até hoje. Então eu vou pra lá e tal e vejo a mudança lá hoje, inclusive vejo a mudança que a minha música provocou na mentalidade da molecada lá. Hoje os moleques tão fazendo batalha, tão construindo estúdio. É outras ideia. E acho que uma coisa que fica bem explicito pela forma que a gente escreveu é tipo assim: mostrar que o skill, a lírica, a habilidade, a escrita (pá no sei que lá) de alta qualidade, não vem só de um centro urbano, de uma megalópole… ela vem do Ceará, vem da Serra do Jaci, em Minas Gerais…

RAPadura: Até porque a maior parte do país é o interior né!? As capitais são pequenos polos. Quem faz a engrenagem girar são essas pessoas que moram no interior.

E como foi feita essa conexão?

RAPadura: a gente já se conhece há um tempo, já tem vários anos, e a gente sempre se encontrava assim em show, em algum rolê… então existe uma relação humana antes da música. A gente se identifica pra caramba um com o outro… e já fazia muito tempo que a gente queria fazer algo junto. Só que tudo veio no momento certo, veio um beat do Skeeter… já veio o refrão… foi automático. A música surgiu de uma maneira muito espontânea.

Rashid: E a gente tá trampando nesse som aí desde 2016. É louco isso, porque mostra mais uma vez (eu gosto muito de frisar) que a música não tem tempo e a gente não precisa dar tempo pra música. Toda semana sai uma música diferente… uma, eu to sendo modesto. Toda semana sai 10, 15 rap diferente. E isso faz com que as pessoas falem: “esse rap é da semana passada”. Não tem essa, mano. Então a gente tá nela desde 2016 e tá aí na rua hoje… até parece que a gente escreveu e lançou. Eu gosto de enfatizar isso, para que as pessoas percebam que não tem de ter esse prazo de validade na música… a letra é de 2016, mas parece de hoje e eu espero que daqui 10 anos ainda pareça.

RAPadura: Quando ele me falou da vivência dele em Minas, foi uma coisa que me deu mais gosto ainda de fazer o som… essa coisa raiz, essa vivência que a gente cresceu, os nossos familiares, a galera que acredita na gente… galera trabalhadora, digna e tal… e esse som é muito especial pra mim…

E, Rashid, como foi receber o convite para tocar no Lollapalooza, um dos maiores festivais de música do mundo?

Rashid: Foi especial demais, mano…

Também foi um presente para o rap brasileiro… pra coroar esse momento…

Rashid: O Lolla é um dos festivais que todo artista ao menos se imagina naquele lugar… e coloca ali meio que aquela meta e tal. O ano passado eu tive a oportunidade de ver o show do Rincon lá e gostei muito. Ele fez um show incrível! Aí eu já pensei: tenho que fazer um show tão bom quanto o dele. E aí vai ter o Kendrick, que é um dos caras que a gente “viu” surgir… a gente viu o cara estourar e se tornar um dos maiores artistas da história do rap. Independente de ser top 5, top 10 ou top 20, ele faz parte desse panteão dos maiores e melhores artistas. Enfim, foi muito especial receber o convite. Muito legal levar a bandeira do rap brasileiro lá e ainda mais junto com o BK, junto com o Gabriel Pensador… E, mano, espero que o Kendrick cole pra curtir…

Indicamos também: Kendrick Lamar recebe indicações ao Oscar com a soundtrack de “Pantera Negra”. Leia aqui.

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