Djonga é sensação, sensacional. Sem camisa, com suas correntes de prata amostra, ele atende a todos acompanhado de uma Itaipava. Atencioso, o menino que queria ser Deus está recuperando as energias depois de um show quente no Festival Sons da Rua. Tá muito calor.
Djonga é o astro carismático do rolê. É um gentlemen. Cumprimenta todos, abraça, posa para as fotos. Ele está tranquilo. Parece ter tirado algumas toneladas das costas depois de fazer uma multidão descarregar a adrenalina. A conversa é rápida, cronometrada. Rapper, historiador, ativista social, pai, dono de um estúdio de tatuagem, Djonga é um exímio articulador. Tem muito pra falar, mas o diálogo não pode demorar [desculpe pela brevidade].
Por que o menino queria ser Deus?
A gente tem que criar né cara!? É nesse sentido de criar, de fazer acontecer… nós somos divinos: tanto no sentido metafísico e de criar mesmo, de fazer acontecer no dia a dia. É Deus nesse sentido da criação, de manipular as energias… pro bem ou pro mal, cada um escolhe.
Você disse que suas influências vem da vida, mas surgiu algumas coisas de que não foi você quem escreveu as músicas do seu disco [O Canal Rap Rj fez uma publicação afirmando que o rapper FBC, parceiro de Djonga na DV Tribo, havia escrito as músicas de OMQQSD. No Twitter Djonga respondeu com ironia. O post foi tirado do ar e o tweet apagado] .
Impossível! Eu escrevi tudo! Na verdade mano, eu nunca nem aceitei dica de ninguém. Eu tenho uma dificuldade com isso. Se eu tô trocando ideia com os moleque e eles falam assim: “pô, escreve isso aqui ao invés disso aí”. Eu falo: não. Aí eu já mudo tudo só pra não aceitar a dica deles. E esse é meu jeito. Eu gosto de ser o criador, no sentido de me desafiar, sabe!? Se os caras falam: assim tá bom, mas daquele jeito pode ficar melhor. Então, eu não vou fazer nem do meu jeito nem do jeito deles. Vou tentar fazer ainda melhor. Como eu falei [no Twitter]: por enquanto o pai sou eu, qualquer mudança eu aviso.
E o que vem no futuro?
Muito trabalho: música, projeto social, filho [hahaha]. Muita coisa.
Escreva um livro, faça filhos e plante uma árvore.
Livro eu não vou escrever.
Mais já gravou 2 discos, que são como livros…
É. Eu creio que não vou escrever livro. Se eu escrever vocês podem depois falar: pô o cara falou que não ia escrever e escreveu… mas acho que nunca vou escrever um livro. Eu já plantei um pé de feijão, quando eu era criança na escola. Agora eu tenho que plantar um… sei lá: “qual que é a maior árvore do mundo”?
Não sei.
[um dos membros da banca dele responde: sequoia]
Sequoia? Vou plantar um pé de sequoia, que é a maior árvore do mundo.
*Foto capa: Victor Silva
Indicamos também: “Oxnard”, do Anderson. Paak, é dançante, contestador e satírico. Leia aqui.