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DJ KL JAY

DJ KL JAY: “O rap não pode ser politicamente correto, senão fica engessado, igual partido político”

A noite de quarta feita está apenas começando. Como de praxe, a garoa rega a cidade de São Paulo. É dia de (re) estreia da Time Code, festa criada pelo DJ KL Jay para valorizar o Dj de performance. É um rolê de Dj para Dj, que será realizado pela primeira vez na Matilha Cultural, na região da República.

Por volta das 19h20, Kleber Simões surge na entrada com duas maletas de equipamentos. O próprio se considera um operário. Ele monta os toca-discos. Confere a fiação. Passa o som. “Coloca mais grave”, diz ao responsável pelo som. “Não tem como deixar no mute? Não precisa dele”. A casa lota, lá fora a fila se extende. KL Jay, circula. Troca ideias. Tira fotos. Recebe CDs. Dá risadas com os amigos. Quando assume o controle da nave, ele leva todos para uma viagem. É possível sentir a música só com suas expressões. Seus dedos parecem dançar entre o mixer e os discos.

“Eu posso estar cansado, eu posso estar sem dormir, eu posso ganhar muito, eu posso receber pouco. Sempre que eu vou tocar eu tô feliz”, diz ele.

Nos 20 minutos de conversa que tivemos, falamos pouco sobre os Racionais MC’s, que vai iniciar uma turnê de 3 década. O foco era  falar sobre a profissão DJ, o Rap brasileiro, e o seu recente disco: DJ KL Jay Na Batida Vol. 2 (No Quarto Sozinho).

 

Mesmo com a dominação do streaming, que acaba valorizando os singles, muito por conta das playlists, você lançou um disco, digamos, à moda antiga,  com 15 faixas. Chegou a pensar que ele poderia ser considerado uma playlist, pela variedade de artistas, ou surgiu naturalmente?

 

Meu disco foi acontecendo. Na verdade eu estou sem lançar um disco há mais de 15 anos, ou mais… 17 anos. E aí, no percurso aconteceu muita coisa: eu parei de produzir, descarreguei o disco errado no estúdio – e tive que descarregar tudo de novo – músicas foram surgindo, artistas e produtores foram aparecendo. Aí, o disco foi ficando cheio. Ainda deixei de por três faixas. Ele é mais voltado pro boom bap, rap dos anos 90, mas tem elementos atuais também. Tem batidas de trap, tem batidas que lembram o funk carioca… tem um pouco de modernidade nas produções e nos assuntos, na canetada que os caras falam atualmente.

 

Essas mudanças que aconteceram interferiram no desenvolvimento do trabalho? Levando em consideração que hoje o trap está em alta, e até o funk que tem se fundido ao rap…

 

Porque é novo né, cara! O novo todo mundo quer! A maioria quer, gosta, vai lá conferir. Mas não me atrapalha porque o antigo e o moderno caminham juntos. O que é novo hoje e que está fazendo sucesso, ele vai se eternizar também. Ele vai deixar uma marca, vai deixar uma marca. Ele pode ser o antigo daqui há 10 anos, mas vai ter um monte de gente que gosta. É igual carro, entendeu!? Você vê na rua um monte de carro novo, mas vê os carros antigos também. Os carros de 10 anos atrás. Os carros de 20, 30… música é a mesma coisa.

 

E como o disco foi arquitetado? 

 

Sessenta por cento das músicas são produções minhas. E aí, eu tenho o meu jeito de produzir. Eu produzo um som e mostro pro artista. Se gostar, ele escreve. Eu não consigo produzir uma música baseado numa letra, por exemplo… ou baseado num flow que a pessoa canta em cima de outro beat. Eu consigo imaginar um som de acordo com o que o artista é. Tipo: se o J.Gueto me pedir pra fazer um som, eu vou imaginar uma música que pareça com ele, mas que também pareça comigo. Eu posso fazer um som e pensar em chamar a Flora (Matos), ou a Karol (Conka), ou a Lay. A música tem que ter as características do artista e do produtor…

As outras músicas já erma produções de outras pessoas e que eu imaginei MC’s cantando em cima dela. Por exemplo: a música “Ambição” foi feita pelo Renan Saman. Eu pedi pra ele mandar umas batidas pra mim. Aí, ele me mandou 10 instrumentais. E eu gostei de uma… não, eu gostei de três, mas escolhi a mais louca. Eu imaginei o Rincon, o Edi Rock e o Felipe Neo cantando em cima dela, entendeu!? Mas cada caso é um caso.

 

E esse lance do “quarto sozinho”? O quarto é seu ambiente sagrado, onde você se recolhe pra desenvolver as ideias?

 

No quarto sozinho, não é sozinho no quarto. Sozinho no quarto passa uma ideia de solidão. E no quarto sozinho é você no seu ambiente. É você com você mesmo. Por isso que o título é esse… no meu quarto, no meu ambiente que eu crio as coisas, imagino situações, eu bolo meus planos, entendeu!? Ali é onde sai as lâmpadas, né!? Porque tem a lâmpada também, tem essa gíria de girar a lâmpada, de (estrala os dedos) despertar uma ideia. Então, quando você tá com você mesmo é o momento que você produz, pensa, toma as decisões… é um refúgio também, né!? É o lugar que você dorme, descansa… é o lugar da sua intimidade.

 

Os sets também são criados ali?

 

Sim. A mesma coisa. Eu fico sempre sozinho, praticando. Como Dj, praticando, toca uma, toca outra, escreve no caderno, faz uma virada, ouve, depois faz outra…

 

Para cada festa há um set específico (fechado) ou as discotecagens são todas improvisadas?

 

Sempre são improvisados… as sequências, os sets sempre são improvisados. É claro que tem sequências que você inventa na hora e se ficar boa você faz de novo em outra festa pra outras pessoas ouvirem. Há vezes que você vai pensando em tocar algumas músicas. Tipo: baixa uma música nova e já vai no baile com a intensão de tocar ela. Mas é sempre improviso. Se não for improviso não tem graça pra mim.

 

Hoje tem muita gente virando DJ. Tendo em vista toda a tecnologia disponível e o “fácil” acesso aos equipamentos, está mais fácil exercer a profissão?

 

Depende de cada pessoa. Eu sou um DJ, sou operário. Eu descobri que eu tenho talento de fazer isso. É a minha profissão. É a coisa que eu coloquei na frente de tudo na vida, entende!? Então, pra mim é fácil. Eu fiz meu nome. Eu tenho 31 anos de carreira, meu nome abre portas, mas eu tive que construir isso. Se eu for falar pra você que é fácil… hoje tá fácil!

 

E para quem tá começando?

 

Depende qual é a intenção. Falando como DJ: tem DJ que quer ter fama. Tem DJ que quer sair com as mulheres na festa. Tem DJ que só quer ganhar dinheiro… depende de cada um, entendeu!? Eu faço uma coisa que eu amo. Então, eu posso estar cansado, eu posso estar sem dormir, eu posso ganhar muito, eu posso receber pouco. Sempre que eu vou tocar eu tô feliz… ENTENDEU!? Pra cada um é uma resposta. Agora, se é fácil? Eu sou um operário, como eu já disse. Eu carrego equipamento, eu monto, tenho o prazer de fazer isso. Eu não mando ninguém fazer isso pra mim. É claro que sempre tem gente que te ajuda e tal… eu faço conta no final da noite. A gente faz o caixa da balada pra ver quanto deu. É tudo isso. E isso não é fácil, né!? Agora, eu construí um nome. Meu nome abre portas. Eu tenho conexões, contatos… então, nesse caso é mais fácil.

 

Agora você está chegando com a Time Code na companhia de DJs convidados. Qual é a proposta da festa?

 

A Time Code já existia. Fiz umas 5 edições, só que eu fazia num lugar mais distante, por volta das 8 da noite, mas o acesso era mais difícil. E aí, eu dei uma parada porque não tava tendo movimento… e os DJs recebem, né!? (todo mundo que trabalha comigo recebe). Então, eu parei por um tempo e aí surgiu essa proposta da Matilha (Cultural). E aqui é o seguinte: é uma festa alternativa, underground. Por incrível que pareça, as pessoas não vão a um lugar ver um DJ fazer uma performance. A maioria do público é DJ. Então, é uma festa de DJ para DJ. É bem mais submundo. Não é uma balada…

 

“O rap não pode ser politicamente correto, senão fica engessado, igual partido político. E nós não somos engessados. Somos livres. Temos erros, contradições, mas somos livres.”

 

Para quem curte a arte mesmo…

 

Por isso que eu sempre friso: é um projeto voltado pra cultura do DJ de performance.

 

Falando de submundo. O Rap está saindo da obscuridade e ganhado espaço – e o Racionais foram um dos responsáveis por isso. Mas, ao mesmo tempo que o Rap entrou nos grandes festivais, o povo preto e periférico (seu maior consumidor) não conseguiu entrar nesses mesmos lugares. O que falta?

 

(KL JAY dá uma gargalhada antes de responder)

DINHEIRO!! (Continua rindo e pate palma para enfatizar a ironia)… quanto é que tava o Lollapalooza?

 

O mais barato 800 conto, 400 meia entrada…

 

Muitos pretos não tem esse dinheiro ainda, mano. É dinheiro! Uma breve resposta? DINHEIRO, MONEY, MONEY. O dinheiro que nos devem, né!? Nos devem há mais de 500 anos.

 

Nos anos 80 e 90 tinha os bailes black. Feitos por pretos para pretos. Hoje quase não tem mais…

 

Tem! Só que espalhou muito. Tem muita festa de 200, 300 pessoas. Ó, eu vivi essa época. Os lugares que tinham 2, 3, 4 mil pessoas, que a maioria eram pretos, se subdividiram pelo país inteiro. E tá todo mundo meio que misturado. Agora, tem muito preto no samba e no funk carioca tem muito. No rap é mais misturado. Embora a maioria dos que façam hip hop sejam pretos.

 

Na quebrada o funk tomou o lugar do rap?

 

Eu não acho que tomou o lugar. O rap é uma coisa mundial, mano. O funk é regional.

 

E no Brasil?

 

Não. Eu vejo o hip hop global. Esquece o Brasil, mano. Eu vejo o bagulho global, planeta. A música mais PÁ do planeta é o hip hop. PONTO. PONTO! Aí, no Brasil elas se divide ali. Ela concorre com o funk, com o sertanejo, com o rock, entendeu?

 

O funk também pode ser considerado um subgênero do rap, porque se conversam…

 

É tudo galho da mesma árvore. Os artistas de funk são inspirados em artistas de rap… a grande maioria deles. Agora tá surgindo um lance aqui no Brasil que eu to achando louco: tem muita gente cantando rap mesmo em cima da batida de funk, que é o trap né!? O que que é o funk? É o trap mais subdividido. O tempo dos dois é o mesmo, mas subdividido (ele mostra a diferença fazendo um beatbox)… que é o que os músicos brasileiros fazem… que é o sincopado. O funk é o trap sincopado, com mais batidas. Com mais bumbo, mais caixa… que pra mim é rap também.

 

E aí tudo isso também cai na criminalização que começou lá no samba, veio pro rap e agora chega no funk.

 

Mas esses caras (do funk) são mais pra frente. Tem as empresas, tem dinheiro, ganha dinheiro, emprega gente pra caraio, é mais pra frente. Faz negócios com patrocínio, entendeu!? Compra relógio de ouro. Compra carro importado. Gasta tudo, mas ganha o dinheiro. Eu não gasto, guardo tudo na corretora de valores (dá risadas).

 

Olhando o atual momento do Rap, você considera que o trabalho que os Racionais MCs fizeram nas últimas 3 décadas está sendo recompensado?

 

Agora tá bom. Financeiramente falando, a projeção é muito maior. Agora, o rap feito nos anos 90, que foi até ali 2005, 2006, pra mim é o melhor de todos os tempos… que é o boom bap. É o rap que era mais político, as batidas envolventes, sampleadas… as de hoje são boas também, só que hoje tem mais dinheiro, entra mais dinheiro…

 

Mudou a visão?

 

Eu não acho que mudou. Ampliou. Hoje o leque de assuntos, de ideias, é maior do que antes. Aquela época exigia mais esse lance político de falar da opressão, do racismo… que ainda se fala hoje, só que ampliou mais as ideias. Hoje se fala de tudo. Se fala de sexo, de drogas, de tráfico, de violência, de polícia, de amor, de tudo. E isso é poder. Porque não é politicamente correto. É livre. O rap não pode ser politicamente correto, senão fica engessado, igual partido político. E nós não somos engessados. Somos livres. Temos erros, contradições, mas somos livres.

 

Nessa amplitude de ideias, o que o KL Jay tem ouvido?

 

Vou falar primeiro das meninas. Tem a Anarka, Lay… Flora Matos e Karol Conka estão no topo… Karol de Souza, Stéphani. E aí tem os caras… o Baco Exu do Blues, Djonga, BK, Kamau, J. Ghetto, que tá começando a acender a luz… tem o SNJ, MV Bill, Flow MC, Shaolin… esses caras aí, que são tudo rapper bom. Tem mais, só não dá pra lembrar de tudo.

 

Foram 17 anos para você soltar o segundo volume da trilogia KL Jay na Batida. Qual será o tempo de espera até o próximo?

 

Mais uns 3 anos, no máximo. Eu já vou lançar duas músicas… também liberei o videoclipe de uma música que não está no disco, que se chama “Eu Quero Você”. O sampler é do Kid Abelha. É isso aí… Eu vou lançar um monte de música.

 

Indicamos também: RAPadura está entre a tinta da caneta e a bala da arma. Leia aqui.

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