Uma das mais importantes vozes na música britânica atual,ENNY está fazendo sua estreia oficial com o impressionante “Under Twenty Five”. As 7 músicas que o compõe têm histórias comoventes, focadas nas suas experiências de mulher preta. É potente. Ela celebra a vida de mulheres iguais a ela, mas também aborda questões de abuso sexual, sexismo e pressão patriarcal.Consistente no que se propõe, ela pode ser considerada um força ativadora de empoderamento para pessoas sub-representadas em todos os lugares.
Para chegar onde pretende, ENNY equilibra suas posições. Sabe muito bem a vitalidade e a importância de sua mensagem. Essa facilidade que tem para transitar em diferentes ambientes, permite a entrada em espaços diversos com o rap underground. Chegou abrindo todas as portas.
“Este conceito de projeto nasceu na época mais confusa dos meus 20 anos”, observa. “Eu fui pega entre o tique-taque repentino do relógio da idade e me sentindo insatisfeita. As músicas refletem não apenas a minha jornada para deixar meu trabalho para fazer música, mas também todos os envolvidos em trazer isso à vida, desde conhecer PAYA, que criou e produziu as faixas, até me conectar com algumas pessoas realmente incríveis. Espero que todos que ouvirem sejam capazes de sentir o amor e o cuidado que foram investidos nessas músicas, porque não é só minha, é nossa e apenas a primeira de muitas.”
Entre todos os sons, o que mais chama atenção pela complexidade e a forma que a MC desenvolve suas ideias é “Keisha’s e Brenda’s”, uma reflexão importante sobre assédio sexual. O vídeo da música em preto e branco, dirigido por KC Locke e a própria ENNY, mostra que ninguém mais pode ser silenciada. Falar é o primeiro passo para se libertar do fardo e denunciar o agressor. É necessário retirar a fita e ter posse da sua voz.
“Esta eu escrevi em 2018, durante uma época em que muitos profissionais da indústria musical estavam começando a serem expostos por comportamentos indecentes com mulheres”, diz ela. “Não era um assunto com o qual eu não estava familiarizada. Foi outro lembrete do mundo em que vivemos. E nesse ponto eu estava aborrecida porque parecia que não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser ficar com raiva. Raiva pelas vítimas, raiva porque as pessoas têm que carregar o peso de algo tão traumático sem absolvição. O último ano começou a parecer um ponto de inflexão. As mulheres estão se manifestando, se apresentando e contando suas histórias com mais liberdade”.
Outra que se destaca “Peng Black Girls” (feat. Amia Brave), que serve como hino unificador para mulheres negras, e logo se tornou sensação instantânea, conectando-se em um nível tão profundo que ganhou versão remix de Jorja Smith e a uma sessão no COLORS. Já “Same Old”, ao mesmo tempo que celebra as adversidades superadas, também fala de gentrificação, Brexit e censura. No geral, ENNY acerta no direcionamento. Esse é apenas o inicio da consolidação do seu trabalho.
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