Edgar Lagares tem poder nos ouvidos. As habilidades que desenvolveu o transformou em mágico. Mas a magia é demonstrada apenas nos bastidores. O ambiente é, muitas vezes, solitário. Sem platéias. E quando o trabalho dele termina, o espetáculo começa.

Engenheiro de áudio de um dos principais estúdios de RAP cristão da América, o JahRock’n Productions, Edgar abandonou a alcunha que carregava anteriormente – a qual prefere não revelar – para assumir definitivamente o a.k.a Magic. “Numa sessão, um artista disse que eu deveria ser chamado de mágico por ser rápido, fazer as coisas antes mesmo delas serem solicitadas. Era como se eu estivesse fazendo magia”, diz.

De Goiânia, em Goiás, Edy chegou nos Estados Unidos aos 17 anos de idade e estabeleceu-se com a família em São Francisco, na Califórnia. Após oito anos na Bay Area, ele decidiu imergir de vez no cenário musical, o qual apreciava de longe. Inexperiente, Edy Magic partiu para Nova York, no início de 2009, e logo se inscreveu no curso de engenharia de áudio e produção da Institute Of Audio Research (IAR).

Pouco tempo depois de iniciar os estudos, Magic conheceu Chris Belmont, que naquele período também começava os trabalhos da JahRock’n no Brooklyn. O estúdio precisava de um estagiário. Empolgado para aplicar o que estava aprendendo, Edy recebeu a proposta de Belmont e não pensou 2 vezes.

“Aceitei de imediato”, diz. “Fazia quase 6 meses que eu estava na IAR, e queria aprender na prática. O estúdio era ainda num quarto da casa dele. Mas o trabalho cresceu, mudamos para outros lugares melhores. E as coisas foram acontecendo. Para mim foi muito bom, porque eu pude desenvolver meu talento. Se fosse num estúdio grande, faria estágio por 2 ou 3 anos, sem ao menos entrar na sala de controle”.

Edy Magic aprendeu, ganhou experiência e aprimorou seu talento. Ao se formar no IAR, o estagiário se tornou o principal engenheiro de gravação do estúdio. Mas não parou. Se especializou na produção, mixagem e masterização. Ultrapassou os limites. Conquistou espaços. E a dedicação foi recompensada. Nos quase 10 anos de profissão, Edy trabalhou em projetos de uma variedade de artistas, que inclui Andy Mineo, Chris Anthony, Fedel, D-Will, Sheena e MC Jin (ator, que participou de filmes da franquia Velozes & Furiosos; e recordista de vitórias no freestyle do BEAT 106 & Party).

“Considero que o MC Jin seja hoje o artista mais conhecido, no quesito fama, que eu tenho trabalhado”, observa. “Ele é incrível. Um dos melhores caras para se trabalhar. Por outro lado, tem alguns artistas complicados, bem difícil de trabalhar. Mas você tem que aprender a lidar com cada personalidade”.

Aliás, paciência é um dos quesitos que um engenheiro de áudio precisa ter. O ouvido também tem de estar aguçado, pronto para identificar a diferença de cada onda sonora e sincronizá-las. (As mãos, que controlam os botões, entram em ação somente depois do órgão auditivo autorizar). “O mais difícil é quando tem muitos vocais, música ao vivo principalmente. Você precisa ter muita atenção e dedicar um tempo editando para que não haja nenhuma diferença nas vozes. O RAP, pra mim, é muito mais fácil, porque a quantidade de vozes é pequena.”

Fora do Brasil há quase 20 anos, Edy Magic estava distante da música da sua terra natal. Pouco acompanhava do que era produzido por aqui. Mas decidiu se reconectar e, finalmente, em 2017, assinou seu primeiro projeto de um artista brasileiro: o EP “Lado B“, do rapper L-TON. O encontro dos dois foi por acaso. “Estava em Nova York, e a localização do Google mostrou que eu estava poucas quadras do estúdio. Então decidi ir lá para conhecer”, diz L-TON. Jamais imaginaria que o responsável pelo som era um brasileiro.” A amizade se estreitou e o rapper convidou Edy Magic para trabalhar na pós-produção do EP “Lado B”. E o convite foi prontamente aceito.

“Quando eu comecei minha carreira aqui, nunca tive a oportunidade de trabalhar com alguém do Brasil. E eu não imaginava que o meu trabalho estava sendo ouvido lá”, diz. A experiência com o L-TON foi muito boa. Quando a pessoa tem respeito por você, por seu trabalho, a coisa flui naturalmente. Ele é muito tranquilo. Então não teve complicações. Eu fazia aqui, mandava pra ele. Aí, ele fazia as anotações do que queria. E o resultado ficou incrível.”

A intenção de Edy é manter a conexão com o Brasil e aumentar o raio de extensão das suas atividades. Trabalhar com mais brasileiros faz parte do seu plano. Sempre em alto nível. “Eu sempre prezo por fazer o melhor”, afirma. “E essa parceria com o L-TON foi uma ponte para que eu consiga me aproximar com artistas brasileiros. Eu queria fazer esse ‘teste’ e fazer com que a sonoridade possa competir com discos de artistas que estão no mercado secular nacional e até mesmo internacional.”

*Confira e acompanhe os trabalhos do Edy Magic:
Edymagic.com
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Twitter.com/edymagic
Facebook.com/mixedbyedymagic
E-mail: edgarlagares@gmail.com

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