Apesar do inverno, as músicas que chegam são sempre quentes. Reunimos algumas delas aqui. Na sessão tem o Iéti, Criolo, DaGrace, Scarlett Wolf, MV Bill, DEXTER, Lary e Lourena, Duda Raupp, Long Beatz & TZ da Coronel e Welisson.
Iéti – Minutos Antes do Gelo
Do subúrbio do Rio de Janeiro, Iéti fez parte dos grupos Sonoravoz (SNRVZ) e Balalaika Gang. Após os EP’s “Levels” (2019) e “Rimas Sobre Gelo Vol.1” (2020), ele chega com o single “Minutos Antes do Gelo”, que é dividido em três partes: “Sem Leme”, “Minutos” com participação de Pedro Saci e “Antes do Gelo”, feita em parceria do OFAV. Os seguem uma linha underground com uma textura crua. Traz uma inovação na fórmula e no conceito. Os instrumentais minimalistas são assinado por Bryan AVS, aliado do rapper desde seus primeiros projetos solo. Já as crônicas do MC refletem os autos baixos da vida com todas as suas problemáticas.
Criolo – Fellini
Será que o Criolo Doido está de volta? As linhas afiadas de “Fillini” mostram que sim. A música, que retrata o caos do Brasil atual, é inspirada em filmes do diretor italiano Federico Fellini. Para ilustrá-la, foi desenvolvido um curta preto e branco em 3D com o avatar do rapper e cenas baseadas nos clássicos do Fellini. “Foi feito com muito carinho, um estudo, uma pesquisa muito forte sobre cenas icônicas dos filmes desse grande diretor de cinema que se misturam a esse novo roteiro, esse novo enredo que Fellini tenta apresentar”, diz ele. “Foi tudo feito com muito carinho, com muito respeito”.
DaGrace – Phases
A camaronesa DaGrace tem conquistado espaço na música urbana brasileira. Tendo o trap como referência, ela também flerta com o pop, ragga e dancehall. Depois de diversas participações, ela apresenta o envolvente e marcante EP “PHASES”. Versátil, o projeto mostra as diferentes facetas da artista, que facilmente vai conquistar os ouvidos e a preferência dos DJs.
Scarlett Wolf – DISSRESPEITO feat. Mary Jane, Juju Rude e Aika Cortez
Na companhia de Mary Jane, Juju Rude e Aika Cortez, Scarlett Wolf dá o papo em DISSRESPEITO sobre suas experiências no rap, um gênero predominantemente masculino: “Eu senti uma vontade muito forte de falar sobre coisas que aconteciam constantemente comigo na cena do rap e do grime”, observa. “Na maioria das vezes somos usadas de cota para não ficar feio nos eventos e não temos o verdadeiro reconhecimento, o verdadeiro espaço. Às vezes precisamos tirar dinheiro do próprio bolso para pagar um uber ou uma alimentação, portanto eu precisava falar sobre isso”. Do início ao fim, a música noa tem linhas tortas. É um recado direto de que as visões e mentalidades precisam mudar.
MV Bill – Nossa Lei ft. Stefanie MC e Kmila CDD
O MV Bill continua trabalhando na disseminação do álbum “Voando Baixo”. No seu terceiro single (um dos mais pesados do disco), “Nossa Lei”, ele se une à sua irmã Kamila CDD e Stefanie MC para evocar a unidade de forças entre os negros, chama atenção para a patrulha e a vaidade entre os membros da própria comunidade, o que na crítica do MC os distanciam da luta contra o opressor e da solução para os problemas sociais.
DEXTER – Sem Você
Para prestar uma homenagem a Dona Marina, sua mãe, DEXTER escreveu “Sem Você”. Cheia de sentimento e gratidão, a música tem vocais de André Mota, guitarra e violão de Walmir Borges, teclados de Lucas Salviano e produção de DJ Luiz Só Monstro. “É muito complicado em qualquer circunstância falar de nossas perdas, e quando se trata do falecimento de um ser tão especial, de uma entidade assim como são nossas mães, se torna mais complicado ainda”, afirma. “Espero que essa música leve alento para quem também perdeu alguém. O papel da minha música é exatamente esse”.
Lary e Lourena – Crazy
Unindo rap e R&B, as cantoras Lary e Lourena fizeram a potente “Crazy”. Essa é para quem quer esquecer os problemas, curtir e dançar. Tem sensualidade e batidas que, querendo ou não, faz o corpo se mexer. É também sobre liberdade para aproveitar a noite (e a vida) ao máximo. “Ainda existe um machismo muito forte e enraizado tanto nas oportunidades quanto, até mesmo, nas letras das músicas. Mas vejo que, aos poucos, as mulheres no rap tem mudado esse cenário a partir de suas vivências, ganhando cada vez mais espaço e trazendo à tona assuntos necessários”, diz Lary. “É muito legal ver mulheres se apoiando, se divulgando, se enaltecendo e vendo que juntas, conseguimos muito mais espaço na cena”.
Duda Raupp – Janelas feat. Kamau e Fabriccio
O produtor e beatmaker Duda Raupp chamou o Kamau e Fabriccio para colaborarem na inspiracional “Janelas”. A sonoridade leve, alicerçada no neo-soul, faz a camada perfeita para que sentimentossejam abordados. As ideias surgiram depois de questionamentod sobre a dificuldade de expressar e demonstrar afeto a outros homens. “Para mim, ‘Janelas’ traz a abertura para que cada um de nós 3 possamos nos abrir. Falar de nossos afetos, curar as nossas feridas, e tentar ser melhor”. Essa música é tão necessária, quanto viciante.
Long Beatz e Tz da Coronel – Abusadão
O Long Beatz é um dos produtores mais requisitados atualmente. Já o TZ da Coronel tem se destacado pela sua forma única de rimar e desenrolar as ideias. Os dois se uniram em “Abusadão”. Nela, o MC fala das suas conquistas, mas também das tretas que vem tendo com o antigo selo e empresário. Apesar de ter uma sonoridade de love song, o single possui um direcionamento bem rua. Esse já pode ser considerado um hit.
Welisson – Antigamente
Aos 18 anos, Welisson tem muita história para contar. No trap, ele tem feito a diferença pelo tipo de mensagem que compartilha. “Antigamente” é mais uma dele que foge dos “padrões”. Essa é uma ode a Nelson Abrãao, um grande amigo da sua família. “Ele é muito importante para mim e o considero como um pai. Ele e sua família me abraçaram e me acolheram em São Paulo. A canção retrata o passado, como estilo de roupa, músicas que a galera escutava, e acontecimentos históricos aqui no Brasil, além de ser uma homenagem”, comenta. O MC também deixa sua música mais acessível, usando o intérprete de libras Edinho Poesia no videoclipe. Welisson é um dos artistas para ficar de olho e acompanhar de perto.
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