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Foto: Divulgação

Transforme sua dor em palavras

DMX usou suas dores para, através da música, anestesiar suas próprias feridas. Consequentemente, também ajudou muitas pessoas a lidar com o caos chamado vida.

Earl Simmons é um pré-adolescente preto. O pai abandonou a família antes mesmo dele nascer, e a mãe já não tem mais disposição para ser o arrimo. Para descontar sua raiva e, de alguma forma, tentar colocar o filho na linha, ela o violenta fisicamente. Porém, as marcas das surras não ficam somente no corpo dele.

Perturbado, o moleque vai buscar refúgio nas ruas de Yonkers, em Nova York. Se abriga em construções abandonadas, e sobrevive com o que arrecada dos roubos e vendas de drogas. Ao mesmo tempo que vive esse turbilhão, tenta fugir da realidade. A cocaína serve de válvula de escape, mas é na música que encontra a esperança.

Apelidado de DMX (Dark Man X), ele faz os primeiros raps com 13 anos. Escrever se transformou num exercício para exorcizar os demônios. A raiva contida (inevitavelmente) tornou-se uma forma de expressão artística, que também se conectava com a personalidade dos cachorros vira-latas abandonados.

 

Foto: Jonathan Mannion

 

Essa ligação era tão estreita, que o motivo de Earl ter ido parar na cadeia pela primeira vez foi pela sua boa vontade de salvar um cão preso num ferro-velho. Ao libertá-lo, o proprietário do local o denunciou à polícia. A ação solidária não o livrou de uma prisão juvenil fora de Nova York, de onde conseguiu fugir um tempo depois.

Inspirado pelos cães (os quais também foi acusado de maltratar), e a vivência nas gangues, o MC criou uma identidade musical própria, evidenciada na ferocidade das suas rimas, nas letras, fotos, capas de álbuns e audiovisuais. Não por acaso, o cachorro é citado já no seu primeiro single, “Get Me a Dog (1998)”: “Yeah, I’m right here, dog / Where my dogs at? / We right here, dog”(Sim, estou bem aqui, cachorro / Onde estão meus cachorros / Estamos bem aqui, cachorro), diz o refrão de abertura.

 

 

Antes desse, DMX soltou alguns sons por um selo subsidiário da Columbia, que mesmo não fazendo muito barulho foram essenciais para abrir as portas. Contratado pela Def Jam, o rapper fez sua estreia em 1998 com “It’s Dark and Hell is Hot”. Rapidamente, atingiu o topo da Billboard por vender mais de quatro milhões de cópias (físicas). Os álbuns seguintes tiveram o mesmo êxito. O sucesso na música, logo o levou para o cinema. Estrelou cinco filmes, dos quais estão “Romeu tem que Morrer” (com Jet Li), “Contra o Tempo”, “Rede de Corrupção” (com Steven Seagal) e “Barra Pesada”. Em 2006 também ganhou seu próprio reality show na BET (“Soul a Man”).

Mesmo conquistando o mundo, ganhando milhões de dólares e se tornado um dos artistas de rap mais influentes do seu tempo, Earl não ficou longe dos revés. O vício tornou-se um dos principais motivos para os desvios. Os problemas com alguns dos 15 filhos, e as mães deles, governo e a polícia também eram constantes. Batia ponto nas delegacias (e penitenciárias). Por essas e outras, a música ficou em segundo plano.

Detalhes dessa jornada de ganhos e perdas são narrados, e abordados com profundidade, pelo próprio Earl Simmons na série documental Music Box, da HBO. Intitulado “DMX: Don’t Try to Understand”, o filme dirigido por Christopher Frierson o acompanha na sua turnê de retorno em 2019, após cumprir um ano de tranca por sonegar impostos. Expor os bastidores da sua vida é uma forma (inconsciente) do “cachorro louco” mostrar suas vulnerabilidades. O personagem dá lugar ao ser humano, que comete erros e arca com as consequências.

Logo no início, a felicidade por estar de volta à estrada, logo dá lugar a tristeza de não poder usufruir grande parte dos rendimentos adiantados – que terá que ser dividido entre pensões e processos.

 

 

Muito além das infelicidades, o documentário vai para particularidades pouco conhecidas de Simmons, principalmente a fé, a sensibilidade, a vivência, a paternidade (nem sempre ideal) e o fortalecimento da sua comunidade, e a inspiração de jovens aspirantes no rap. Num dos momentos marcantes (tem vários, inclusive a cena final), ele conversa com um MC que o aborda e mostra uma letra. DMX se emociona, e o aconselha: “transforme sua dor em palavras”.

Esse é o ponto chave para entender a trajetória, às vezes caótica, de um homem preto que teve que dar seu jeito na luta contra o sistema para se manter vivo. O abandono e as agressões sofridas na infância, geraram grandes consequências até o dia 09 de abril de 2021, quando faleceu após ficar alguns dias em estado vegetativo por conta do ataque cardíaco que teve, decorrente de uma overdose.

A vida dele não se diferencia da grande maioria de seus pares, que erram e possuem questões internas a serem resolvidas – reflexo das cicatrizes que carregam. DMX usou suas dores para, através da música, anestesiar suas próprias feridas. Consequentemente, também ajudou muitas pessoas a lidar com o caos chamado vida.

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