Diomedes
HQ de Lourenço Mutarelli.
Chinaski
Anti-herói de Bukowski.
Diomendes Chinaski é um dos nomes mais significativos do rap nacional. Inicialmente conhecido por versar com Baco Exu do Blues na diss “Sulicídio”, o rapper pernambucano questionou a centralização do rap no eixo sul e a invisibilidade das demais regiões, conseguindo representar em sua música uma verdadeira reorganização da cena.
Tempos depois de colaborações e demais produções, Chinaski lançou “Comunista Rico”, mixtape que sintetiza toda a versatilidade de seu trabalho – de funk a ego trip, de trap a boom bap – trabalho esse muito prévio à ambos lançamentos. E é justamente pautada nessa versatilidade que Diomedes mostra seu maior diferencial: a capacidade de estar em muitos lugares, a capacidade de dialogar com diferentes realidades – e tudo isso demarcando sua identidade.
O autointitulado comunista rico (“porque riqueza de verdade é compartilhar”) se faz perceptível em seu último lançamento, “Disscanse em Paz”. Em um dos versos, Chinaski pontua: “já matei uns rappers com tanta pancada/agora vou pra história como antagonista/desses malditos medievais pensamentos/que deixam sem voz vários dos movimentos […]”. Calar movimentos seria também calar o hip hop – e Diomedes sabe o peso de calar-se nesses momentos. O que seria assassinar no rap senão a capacidade ostensiva de posicionar-se, de enfrentar-se, mais até do que enfrentar o outro. É sobre conhecer seu oponente, mas conhecer mais ainda a si mesmo e tudo o que se pode representar.
Diomedes sabe quem é e para que veio; e entende a diss como potencial de exercer também reflexão e posição, muito além de polêmica ou partidarismo. Isso é sobre se opor à discriminação, ao preconceito e à intolerância. Mais uma vez, o rapper reafirma seu lugar e nos fez pensar tudo o que nossas escolhas – no rap, na política e na vida – podem significar.
“Chinaski salve o Brasil”
https://www.youtube.com/watch?v=2shbq8hSeq0
Indicamos também: “Sobrevivendo no Inferno” ganha versão em livro. Leia aqui.