Unleash the thrill of playing online pokies at the premier au casino online and experience pure excitement.

Kaliteli ve kazançlı oyun deneyimi sunan Casino Siteleri ile büyük ödüller kazanabilirsiniz.

Виртуальное казино авиатор приглашает вас на захватывающее путешествие в мир азарта и удачи.

Откройте для себя уникальное gamma casino и дайте волю своим азартным желаниям.

Начните свое азартное путешествие с Вавада казино и получите возможность выиграть крупные призы.

Доступ к сайту вавада зеркало дарит вам возможность наслаждаться игрой в любое время.

Pesquisar
Close this search box.

De fora da cena, uma imersão aos bastidores do Rap: No Show do Froid

São Paulo, 26 de outubro de 2018 – a segunda imersão da jornalista Giulianna Lombardi aos bastidores do Rap [leia aqui a primeira parte da série].

Destino: Show do Froid no “Raprizza”

Após alguns dias de aflições tentando entrar em contato com artistas de maior porte por todos os meios que conseguimos, fui bloqueada por alguns deles, possivelmente pela insistência. Assim, em uma tentativa quase desesperada, comecei a buscar e mandar para minhas amigas eventos de Rap por toda a cidade a fim de tentar conseguir mais abertura com algum cantor pessoalmente.

Um amigo, mexendo no celular de uma de nós, por acaso, viu uma foto de um dos eventos. Coincidentemente, ele iria trabalhar na produção desse mesmo show que aconteceria no dia seguinte e nos ajudou com os ingressos. Decididas a ir, fomos pesquisar sobre o evento que se chamava “Raprizza” e trazia uma proposta autêntica de festa em sua descrição: “Um grande evento que busca enaltecer a cultura hip-hop por meio de uma experiência única, concedida com música boa, bebida barata e aquela brizza dahora. Trouxemos em nossa primeira edição artistas de peso da cena, pretendemos te agradar sem cobrar caro por isso. Então não mosca e compra logo seu ingresso, porque a casa vai lotar. O camarote vai ter open bar de respeito, mas a pista não vai deixar a desejar, lá você vai poder tomar seu goró pagando pouco, sem essa de preço de balada”.

O elenco de artistas contava com a presença de Lourena, San Joe, Morcego, o grupo Batalha da Aldeia e a participação de um conjunto de break dance chamado Diademaica para a abertura. Como atrações principais, prometia Froid e Matuê, dois nomes que estão muito em alta no cenário do Rap e do Trap nacional. Concordamos que parecia ser uma oportunidade de experiência bem completa, mesmo que só conseguisse conversar com o público, visto que envolvia a maior parte dos elementos que compõem a cultura hip-hop — MC, DJ, B-boy (que são os dançarinos), só faltando o grafite para completar. Algumas horas depois, recebi resposta da assessoria do Froid:

“Você pode entrar em contato comigo pelo WhatsApp para conversarmos melhor sobre a possibilidade? Talvez seja difícil conciliar com a nossa agenda, que está corrida, mas vamos analisar! Me chama lá! Muito obrigada.
Att,
Juliana Guimarães Cirillo
Head Manager | Equipe Froid”

Entrei em contato com ela através do número passado pelo e-mail. Ela me respondeu dizendo que iria encaminhar nosso contato para um outro membro da equipe que entraria em contato conosco, o Caique. Só me restou aguardar.

São Paulo, 27 de outubro de 2018 

Manhã
No dia seguinte, que também já correspondia à data do evento, ainda não havia recebido resposta da assessoria do Froid. Por isso, conversei novamente com a Juliana, que me enviou o número direto do Caique. Expliquei minha proposta de matéria a ele, que demonstrou bastante interesse e perguntou se preferia fazer a entrevista no hotel, antes do show, ou depois, no próprio Raprizza. Como a ideia era mostrar os bastidores dos artistas, optei pelo pós-show. Ele, o Caique, confirmou a entrevista e disse que me enviaria uma mensagem assim que chegasse ao Tropical Butantã, a casa em que aconteceria o evento.

Tarde
Enquanto isso, pensamos em um plano B. Alguma de nós teve a ideia de enviar mensagem para o Mc Morcego, que iria participar da abertura do show. Ele respondeu a mensagem e enviou o número da sua assessora, que foi tão gentil quanto ele. Agora bastava esperar mais uma vez e torcer para que ambos não desistissem de conceder a entrevista.

Noite
Combinamos de encontrar o nosso amigo que estava com os nossos ingressos na estação Butantã do metrô por volta das 22h45. Atrasadas mais uma vez, chegamos às 23h15, ele já estava lá. Descemos do vagão, lotado para o horário, junto a dezenas de pessoas que deduzimos que também iriam para o show, com a exceção de duas mulheres loiras de estatura baixa que vestiam camisas xadrez que destoavam das outras pessoas principalmente pela idade e pela calma com que andavam na frente dos jovens ansiosos. Andando na nossa frente, um grupo de amigos comenta sobre um possível affair da Cynthia Luz — uma rapper que vem se destacando nos últimos anos — com alguém que eu não consegui identificar o nome e que mais tarde descobri que era o próprio Froid. Subimos as escadas rolantes e eu continuei escutando as conversas. Perto da saída da estação encontramos nosso amigo, que estava terrivelmente abatido e precisava ir ao banheiro. Esperamos. Enquanto isso, noto a presença do mesmo grupo conversando próximo a nós. Resolvo conversar com eles. Todos os cinco são muito simpáticos. Pergunto sobre o que eles acham dos rappers que iriam se apresentar. Um dos meninos começou dizendo: “O Matuê é top, um cantor top, mas o Froid, mano, acho que se eu ver ele na rua…” E Bianca, que era a única garota do grupo, complementou: “Acho que eu desmaio, ele nunca respondeu uma mensagem minha do Instagram, se ele responder eu desmaio”. Kauan, que foi quem respondeu minha primeira pergunta, foi quem mais conversou com a gente. Muito fã do Froid, começou a nos explicar sobre o cantor ter dado aprofundamento no “Trap de mensagem”, deixando de usar tão repetidamente as conhecidas expressões do estilo como “yeah”, “wow” e “ay”, para abrir espaço sobre “coisas mais cabeças”, como na música “Autoestima em Dó”.

Kauan também falou sobre a versatilidade do cantor, que em um dos seus discos já chegou a cantar até blues. “Ele é literalmente um cara que joga em todas as posições.” Perguntei a ele sobre a declaração polêmica de Froid afirmando que a Terra é plana. Kauan disse não achar que o rapper acredite de fato nisso. Para ele, o depoimento faz parte de uma sátira e de um “hype” — algo que está em alta, que recebe muita atenção e que serve para enfatizar algo, para fazer com que as pessoas reflitam e discutam sobre. Um dos outros garotos complementou dizendo que o cantor “fala coisas sem nexo para fazer sentido”. Agradecemos pela entrevista e saímos da estação.

Procuramos mais uma vez o endereço da casa de eventos e descobrimos que era perto o suficiente da estação para irmos a pé. Passamos em frente a alguns bares e por algumas mulheres seminuas esperando na calçada. Chegando na porta do evento, avistamos barracas vendendo diferentes tipos de comida. Ouço alguém gritar “boa noite, meus progressistas” em meio à fila de pessoas. Quase todos vestiam roupas de estilo hype, com óculos de sol, camisetas largas, correntes, brincos e pochetes, um pouco diferente do que vestiam as pessoas da batalha de rua. Esperamos na fila até sermos atendidas. Perguntaram meu nome para consultarem na lista, procurei o RG na bolsa, mas ninguém pareceu se importar em confirmar a minha identidade. Uma segurança pegou o meu ingresso e revistou as minhas coisas. Finalmente entramos. O ambiente era escuro e muito amplo. Na lateral ficava uma imensa bancada em que as pessoas podiam se servir com bebidas. Na frente o palco e em uma das laterais traseiras, uma escada que dava acesso ao camarote. As pessoas dançavam passos de Trap por toda a parte. Comecei a tentar entrar em contato com as assessorias. Pouco tempo depois, o grupo de breakdance Diademaica começou a se apresentar e não demorou para que o outro grupo que faria parte da abertura, o Batalha da Aldeia, assumisse o palco. Apagaram as luzes e alguém anunciou em um grito: “A treta vai começar”. A performance do grupo era literalmente uma batalha de sangue em cima do palco e o público se envolvia cada vez mais conforme os Mc’s se enfrentavam.

Enquanto assistíamos ao show, entrei em contato com as assessorias, que não respondi nenhuma das milhões de mensagens que já havia enviado. Liguei então para a assessora do Mc Morcego que finalmente marcou de nos encontrar nas escadas que davam acesso ao camarote. Fomos até lá e esperamos um tempo até que eles chegassem. Ouço uma pequena discussão com os seguranças, viro para trás e me deparo com eles. Cumprimento com um aceno, já que os seguranças impediam nossa subida na escada (inclusive, era esse o motivo da discussão). Conformados e ao mesmo tempo inconformados com a situação, eles mesmos descerem para falar com a gente na pista. Procuramos por um tempo algum lugar com menos ruído para fazermos a entrevista em uma tentativa, claramente, idiota. Desistimos e paramos próximos a entrada. O Mc carioca, Morcego, que na verdade se chama Matheus, começou nos contando sobre o início de sua trajetória musical quando tinha apenas sete anos de idade em uma “bandinha de escola”. Ele disse perceber desde muito novo que o seu “negócio era a música”. Mc Morcego, que rimava com os amigos na escola, começou a participar da“Batalha do Conhecimento” no Museu de Arte do Rio de Janeiroonde participou de sete finais e foi campeão três vezes. Depois disso, foi apadrinhado pelo grupo Oriente, que é um dos nomes mais fortes do rap dessa década. Matheus complementou o assunto acerca das batalhas dizendo que “se o teu sonho é fazer rap e você começou nas batalhas, para pra pensar: eu tenho que eternizar as pessoas agora com música, deixar de ser só entretenimento”. Perguntei também sobre a origem do apelido “Morcego”. Ele contou que “A real história é que eu era dessas parada de bonde de moleques que iam pras festas e sempre só saía de noite. Eu ficava em casa fazendo minhas paradas, ficava no computador, que eu sempre gostei de estudar e depois saía pra noite e só voltava no outro dia, por isso Morcego”. Ele também comentou sobre como saber organizar a carreira é importante para uma consolidação sólida no mercado, e diz ter aprendido boa parte disso com o grupo Oriente, que disponibilizou espaço no próprio canal para lançar o primeiro clipe do rapper ,até então, aspirante, da música “Juízo Final”.

Morcego terminou a entrevista dizendo que iria fazer o que estávamos vendo em seus olhos. “A gente vai revolucionar tudo, é o rap agora.”

Agradeci a entrevista e ele prometeu que falaria com a Lourena, que é outra Mc que estava participando da abertura do evento, para ela também conversar comigo mais tarde. Morcego ainda disse que ela era seu “amorzinho, uma grande amiga”.

Alguns minutos depois deles se afastarem da gente, comecei a sentir que a entrevista com o Froid estava por um fio de não acontecer. Ainda paradas perto da porta da casa de shows, liguei diversas vezes para o Caique e para a Juliana, assessores do Froid, mas os números só chamavam e caíam na caixa postal. Nesse momento, um segurança parou perto da gente e começou a prestar atenção no que fazíamos. Desesperada, vi nele nossa última chance. Falei muito séria sobre precisarmos entregar nossa matéria e não conseguir mais contato com a assessoria do Froid que havia marcado previamente com a gente de fazer a entrevista no evento. Ele nos fez algumas perguntas e começou a conversar com algum outro segurança no rádio, que respondeu estar do lado do Caique e que passaria o recado. Neste momento o Caique voltou a me responder e disse que um homem alto nos buscaria na porta do fumódromo. Esperamos pelo tal do homem cerca de vinte minutos. Ele nos cumprimentou e nos levou pelo fumódromo até uma outra porta com saída para a rua. Saímos e entramos em um portão com grade de ferro que era vigiado por uma mulher que não parecia feliz com a nossa presença, mas, foi obrigada a nos deixar passar. De frente a nós, a porta do camarim do Froid. A entrevista ia dar certo.

O Caique nos acompanhou pelo pequeno corredor entre a porta e o camarim e pediu para que ficássemos a vontade. Lá dentro, o ar contaminado por muita fumaça, uma mesa com comidas de todos os tipos e algumas pessoas, que deveriam ser amigos do cantor ou parte da produção.

O garoto de jaqueta vermelha me chamou a atenção algumas milhares de vezes, mas, acabei ignorando. Alguns dias depois descobri que ele era um dos integrantes de um grupo de Rap chamado “Entre Linhas”, que modéstia à parte é muito bom. Vi algumas críticas dizendo que é praticamente uma certeza que eles “estourem” até o ano que vem.

Parei de observar o garoto, que hoje eu sei que é conhecido como “Noma” e percebi que o Froid estava na nossa frente tirando uma foto com esse outro homem. Repare que ele segura uma garrafa de água na mão, mais tarde essa informação ainda vai fazer sentido. Esperamos um tempo ele terminar de conversar enquanto a Juliana, assessora dele, nos apresentava o Mc de apenas dezesseis anos, Dudu, que iria subir no palco junto com o Froid. O jovem Mc, começou a carreira com dez anos de idade e é uma das promessas para o futuro do rap nacional. Depois de um tempo, a Juliana acabou interrompendo a conversa do Froid, que nos levou até o corredor para fazer a entrevista, onde ele disse que conseguiria se concentrar melhor no que estava dizendo.

O rapper mineiro que assumiu não gostar muito de jornalistas no geral, começou a se abrir mais comigo depois que expliquei a minha proposta, de querer mostrar a realidade e a verdade do mundo do Rap, sem modificar nada. Comecei perguntando a ele como é chegar e estar no auge do sucesso, e ele respondeu dizendo que: “Acho que estar aqui hoje é, tipo assim, uma coisa que eu já sabia que ia acontecer e não por, tipo, ilusão, de ficar almejando um sonho, eu sentia que eu pertencia a esse tipo de lugar (…) Então estar aqui, é um papel que eu me sinto estar no lugar que eu queria tá, tá ligado? Que eu me sinto confortável pra acordar de manhã e não me enganar pra ir pro meu trabalho”.Perguntei também como ele começou. Para a minha surpresa, ele perguntou se gostaríamos de saber a verdade. Claro que respondi que sim, e ele simplesmente disse não fazer ideia. “Um dia eu tava lá na minha escola, aí um dia eu tava tocando violão assim com a turma, outro dia eu tava gravando no meu quarto, depois eu tava viajando, e eu não sei, tá ligado? Não teve um dia que eu falei ‘Ah eu vou ser rapper’, não teve esse dia.” Demos risada e continuei, agora, querendo saber sobre a mistura de estilos de sua música, se isso era intencional. “Cara então, eu acho que não, isso é natural (…) A gente mora no Brasil, tá ligado? Tem muita música aqui, eu não fui criado com o Trap, com o Rap, porque não existia. Na minha casa não tocava Rap, tá ligado? Minha mãe não gostava de Rap (…) Eu acho que a influência tem a ver com a criação, minha mãe gostava de todas essas músicas (brasileiras) e eu gosto de todas as músicas que ela gostava, porque ela é minha mãe.” Senti então que era hora de perguntar sobre a teoria do cantor de que a Terra é Plana que conversei mais cedo com os fãs dele na estação de metrô. “Sabe o que eu queria dizer mesmo, de coração? Naquela época que eu falei isso eu tava meio desiludido e os artistas que mais me influenciam são os caras que ficam falando coisa nada a ver nas entrevistas, tá ligado? Pra boicotar as entrevistas (…) Eu não tô falando de você e não tô também generalizando, mas os jornalistas tem a mania de encurralar o entrevistado (…) Então eu gosto das pessoas que se vingam dos jornalistas, desculpa” Tive que concordar com ele que continuou dizendo “Naquele momento velho, da minha carreira, era tipo assim oh, eu cantava com um cara que chamava Menestrel, e meu técnico de som chamava Gabriel e tinham fãs que tiravam foto com ele achando que era o cara que cantava comigo, ou seja, eu fiquei imaginando, mano ninguém sabe de porra nenhuma… a Terra é plana (…) ninguém liga pra nada”. Perguntei só para descontrair se ele já tinha voltado a acreditar então que a Terra era redonda. Ele deu risada e disse: Eu ainda acho que ela é mais, 70% plana do que redonda, porque depois que eu comecei a falar que ela era plana, cara, começou a chegar muita informação em mim sobre isso, de pessoas muito iluminadas do mundo (…) Faz muito mais sentido a Terra ser plana, hoje em dia eu não tenho mais medo de assumir o que eu acho sobre as coisas, não tem o que eu faça que as pessoas vão criticar, tá ligado? Eu sou um alvo, não sou um artista”. Ele ainda acrescentou que acabou se afastando de muitos familiares por assumir quem ele realmente era: “Ninguém ama quem é você, as pessoas amam o que você faz.”

Perguntei sobre a questão do público dele, que principalmente no Raprizza, não era composto por pessoas que vivem a realidade que o Rap em geral denuncia. “Eu entendo o que você tá falando, o argumento do Rap é ser real, mas vamo lá, vamo entender o ponto de ser real, de tipo, as vezes, o cara tem que falar uma certa coisa que não é uma realidade dele, mas é a realidade do cara que tá na rua dele, mas, não tem tempo de fazer essa rima (…) Agora, existe um outro tipo de fake (…) eu sei que tem uma apropriação mesmo, eu sei que ela existe (…) eu só acho errado se apropriar da cultura em tudo, menos na luta. (…) A gente escolheu essas roupas e esse jeito pra poder equilibrar as coisas, tá ligado? Então tipo, se o cara já nasceu assim, equilibrado, ainda usa disso como uma vantagem e ainda não fala do que a gente tem que falar e tem a voz pra isso, esse cara mano, simplesmente não pertence”.

Cheguei ao fim da entrevista e o rapper começou a aquecer a voz. Antes de irmos pedimos para tirar uma foto com ele. Estávamos prontos para registrar a fotografia quando ele pediu para esperarmos para que ele pudesse pegar uma garrafa de água. Quando ele voltou, nos explicou rindo que era para divulgar seu álbum “Teoria do Ciclo da Água”. Demos risada, agradecemos e voltamos para o camarim.

No camarim encontramos o Caique novamente, que nos convidou a assistir o show de cima do palco junto com a produção e os amigos do Froid.

Todos que estavam em cima do palco aproveitavam o show como se estivessem na pista. A maioria fumava e inclusive era possível encontrar algumas bitucas de cigarro no chão. O público vibrava com cada palavra do cantor, que pouco tempo depois do início do show, deixou clara sua opinião política sobre as eleições que aconteceriam no dia seguinte, incentivando a plateia a gritar junto com ele e o Mc Dudu, “Ele Não”, como forma de protesto.

Ficamos mais um tempo no palco e, por coincidência, os meninos que havia entrevistado na estação de metrô estavam bem em frente ao palco. Vi um deles apontando surpreso em nossa direção após nos reconhecer.

Saímos do palco e subimos uma escada em direção a uma sala de vidro, onde encontramos a Lourena sentada ao lado do Morcego. Ela contou um pouco sobre o início de sua carreira. “A parada na verdade é que eu pedi um skate, aí meus pais não me deram. Aí eu pedi uma prancha de surf e meus não me deram. Aí eles falaram: ‘violão pode’? Aí eu falei, ah pode, já que não vou ganhar nenhum dos dois mesmo, vai o violão (…) Comecei a aula de violão e quando eu acabei, comecei a escrever aquelas musiquinhas bobas, depois fui aprimorando. Investi nisso, apesar de todo mundo falar: ‘cara, bobeira, né? Tem muita gente cantora, muita gente na cena’, mas eu falei cara, eu não faço por dinheiro, eu faço porque eu realmente gosto. Depois falaram que eu só poderia cantar depois de entrar na faculdade. Eu entrei na faculdade e aí não tinha mais desculpa nenhuma pra eu não cantar. Foi aí que a gente lançou na ‘Grito Filmes’, eu o Morcego e o WJ, com a participação do Jean Cabeleira tocando violão, a primeira música que foi ‘Quando você voltar’ e eu realmente não esperava nada (…) bateu 10 mil views e do nada em um mês bateu um milhão.

Agradeci a ela e ao Morcego pela entrevista e fui conversar com um dos integrantes do grupo Batalha da Aldeia que também estavam na sala, o Bob 13. “A noite de hoje, é uma noite memorável. Pra nós do Batalha da Aldeia, somos um movimento de rua, certo? Começamos com uma pequena proporção de pessoas, nossa primeira batalha teve seis pessoas presentes e hoje ultrapassamos sessenta Mc’s querendo batalhar com só dezesseis vagas. (…) Perante a noite de hoje, pra nós é marcante, tá junto com os monstros do cenário, pra nóis é muito significante(…) Tem muito moleque por aí que só conseguiu se salvar por causa disso(…) As batalhas hoje em dia são o começo de tudo(…) A música é o próximo passo para o Mc de batalha”.

A sala de vidro dava acesso ao camarote. Ficamos por lá um tempo e foi engraçado lembrar que menos de duas horas atrás os seguranças não tinham permitido a nossa entrada no ambiente. Descemos as escadas e retornamos para a pista, onde voltamos a encontrar o nosso amigo que não víamos desde o início do evento. Dançamos, como o restante dos fãs, até ser hora de voltarmos para casa. Com o desfecho da noite, o desfecho da minha matéria. E esses foram os únicos “fins” que a experiência nos rendeu. De resto, era o início de algo.

*Foto capa: Reprodução Instagram afaceinthecrxwd

Indicamos também: Uma conversa com o Rashid na companhia do RAPadura. Leia aqui.

Compartilhe
WhatsApp
plugins premium WordPress