O baile tem que continuar. Apesar das adversidades do cotidiano, o boogie que move a engrenagem não pode faltar. É necessário manter o groove. Assim faz a Black Mantra em “VXNTX VXNTX”. Para desenvolver toda a estrutura rítmica, alicerçada no funk e soul dos 70’s, a banda escalou BNegão.
“Queremos entrar nas pistas de dança. Esse é o lugar que gostamos de estar e tocar”, dizem. “A cultura do dj e dos bailes é muito forte pra gente. Por isso, tivemos uma preocupação maior em dialogar com as discotecagens e com as nossas influências brasileiras. Trouxemos bateria e baixo funk, teclados hip hop, metaleira reggae e encontramos inspiração em outros ritmos como tecno-brega e carimbó, atualizando o nosso próprio repertório”.
De fato, o segundo registro da Black Mantra está bem formatado para tocar nos bailes. E não se limita aos voltados à musicalidade setentista. Sua extensão é ampla. Pode até entrar nas listas dos seletores dos soundsystem, do churrasco em família e até da faxina semanal, porque conquista facilmente os ouvidos. Faz geral dançar sem medir esforços. A potência, o balanço e a calmaria estão sob medida. No ponto certo.
Como referência, eles pegaram James Brown, Maceo Parker, Fred Wesley, The JBs, Anderson Paak, Marcos Valle e Gerson King Combo. Deixaram tudo bem diversificado, mas consistente. Dá para ouvir no aleatório sem perder o rumo. O entrosamento de 6 anos mantém a solidez.
TRACK por TRACK comentada pelo Caio Leite [baixista]
01 “MMXX” – Música que abre com o nome do disco (2020) em romano. A faixa foi feita a partir de um beat do Leonardo Marques (baterista) que foi levado para um de nossos retiros de composição e, lá, a banda fez a maioria dos arranjos. No final da música tem articulações feitas pela metaleira que nos impressiona até hoje, rs. Obra do Pedro Vithor (saxofonista e arranjador).
02 “SANDRA” – Faixa feita em parceria com o guitarrista Leo Pinotti. O nome é uma homenagem a Sandra de Sá, referência pesadíssima para nós.
03 “SAMBADELIC” – Nossa tentativa de cruzar pontos entre o groove, hip hop e samba. Nesta música o Pedro Vithor (saxofone e arranjador) toca um clarinete, bem brasileiro. O beat foi feito com o Ivan Santarém.
04 “R0L3” – Feita em parceria com o guitarrista Ivan Santarém, essa é a música pra você fazer uma pista groovy onde quiser!
05 “FUNKY DRAMMA” – Beat também feito com o Ivan. O nome da faixa é uma homenagem ao James Brown e ao Clyde Stubblefield (baterista inventor desse groove chamado “funky drama”).
06 “zero2022020” – O nome da música é uma brincadeira com os “códigos binários” e é uma sequência palíndromo (de trás para frente é o mesmo número). Essa música fizemos em parceria com o Pancho Trackman, que cedeu esse beat e levamos para o retiro de composição para fazermos as linhas de metais e outras partes. A banda sempre conversou com grooves mais afrobeats e essa música é a única do disco que tenha essa matriz mais africana.
07 “BRASSS” – Som feito pelo Leonardo Marques, baterista, que traduz bem nossa influência hip hop. Acho que é a preferida do BNegao. Ela é uma das que gravamos Tuba/Sousafone com Doug (trombonista).
08 “DISCO” – O nome já diz tudo. Uma boa pista de dança precisa passar pela Disco Music.
09 “POWA” – Nosso primeiro reggae gravado. Ritmo que nos influencia demais. Kiko Bonato (tecladista) e Felippe Pipeta (trompetista) são músicos conhecidos por suas bandas de reggae e ska (OBMJ, Sapo Banjo, Ba-Boom, Buena Onda Reggae Club). São nossos embaixadores da ilha no Black Mantra.
10 “JAMES DA SILVA” – Essa música foi trazida pelo Leonardo Marques (baterista) como um estúdio de grooves novos e incentivo para testarmos caminhar para outros lugares. Ela tem um pouco de ragga, kuduro, Nos lembra também uma forte influência fora do funk, uma banda alemã chamada SEEED.
11 “COLLECTIF” – Faixa feita em uma jam de madrugada, com cada um tocando o instrumento que não é seu de origem. Tem uma forte influência dos grooves e balanços brasileiros inspirados no Azymuth, Marcos Valle e cia.
12 “MALVIN” – Segunda música do Pancho Trackman, beatmaker parceiro que nos cedeu outro beat que vinha dessa linha de baixo e temas dos metais iniciais. Logo na audição, eu e o Le achamos que esse som podia dar certo com o Black Mantra tocando.
13 “COLINA” – Acho que é a música mais indefinida do disco. Tem um pouco de rock, groove, melodia, hip hop.
Fotos: Marcos Bacon
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