A capa do álbum “Underground”(1968), do Thelonious Monk, é um dos mais icônicos do jazz – e provavelmente da história da música (diferente do que se pensa, não foi uma montagem mas sim uma fotografia com um cenário montado em uma casa velha dos anos 1950). Ela revela muito sobre o sentimento de revolta que o pianista queria transmitir naquele momento. Essa mesma atmosfera, inspirou Caco Pontes, Caleb Mascarenhas e B-Negão a comporem “Idade Ruydosa”, para o projeto Baião de Spokens. Inclusive a arte do single, feita por Rômulo Alexis, que usa o clássico do Monk como base.
Pela textura psicodélica e suja da música, com batidas orgânicas e digitais, efeitos eletrônicos, reverbs vocais e pitadas de dubstep, é possível sentir por qual caminho eles vão seguir. A crítica ao status quo atual do Brasil é inevitável. E aos governantes, indispensável. Mas não é somente sobre quem está no poder, fala também da defesa de ideologias erradas por parte da população, que parece estar com a visão tapada, mesmo estando sem nenhuma venda ou problema nos olhos.
Esse é mais um som que chega num momento em que se faz necessário mostrar de que lado está, de fato. Apesar de também fazer dançar, o som cumpre o papel de levar o ouvinte a refletir sobre tudo que está pegando por aqui. Mostra que não é momento de festa e curtição, como a grande maioria (inclusive do rap) tem compartilhado. É instigante. Provocador.
O single/vídeo, abre os trabalhos do próximo EP do Baião de Spokens, previsto ainda para 2021, que terá quatro composições inéditas, criadas por Caco Pontes e Rafa Eko, que também assinam a produção musical.