Em 1996 foi lançado o álbum “Red Hot + Rio”, uma compilação de 21 músicas interpretadas por Chico Science & Nação Zumbi, Mad Professor, Marisa Monte, David Byrne, DJ Soul Slinger, Cazuza, Crystal Waters (na foto), Gilberto Gil, Maxwell e outros grandes nomes da música mundial para fazer um tributo à bossa nova com elementos da eletronic music, jazz, soul, R&B. O objetivo principal era conscientizar sobre a epidemia do vírus HIV no Brasil, que naquele período ainda estava cercada por desinformações e preconceito.
Agora, 25 anos depois, a Red Hot Organization, associação dedicada à luta contra a AIDS, faz um resgate desse período no podcast documental “Ativismo Musical: Red Hot + Rio 25” (disponível nas plataformas de áudio em versões português e inglês). A música serve de fio condutor para que seja traçado um paralelo entre os contextos sociais e culturais da época, com o que o mundo vivencia nos dias de hoje em decorrência da pandemia do Covid-19.
“Esse disco ficou na história musical, no consciente e inconsciente coletivo dos amantes da música”, observa o produtor musical Béco Dranoff, que também assina a direção do podcast ao lado do John Carlin, fundador da Red Hot Organization. “Ele conectou a bossa nova com a sonoridade no novo milênio. Além de ter sido o meu primeiro trabalho de coprodução e direção artística junto ao time da Red Hot, ou seja, é um projeto realmente especial na minha vida. Fazer essa revisitação de 25 anos atrás foi uma honra”.
Para esta série em áudio foram resgatados depoimentos originais de George Michael, David Byrne e Caetano Veloso, que se juntaram a falas recentes de Jorge Du Peixe, Marisa Monte, Bebel Gilberto, Drauzio Varella. Ao todo foram mais de 30 entrevistas registradas ao longo de 2021, pesquisas e análises de dados históricos que possibilitaram o desenvolvimento do roteiro assinado por Pedro Bontorim, da CLAV – agência responsável pela curadoria e produção do podcast.
Apesar de serem momentos diferentes, aspectos da realidade dos anos 1980 e 1990 tem uma certa semelhança com os tempos atuais em que o negacionismo e a informações falsas imperam. E isso é abordado ao longo dos três episódios, que vão da descoberta da música brasileira pela então nova geração da década de 90 ao legado deixado pelo Red Hot + Rio.
“A reflexão que fica é a constatação desse poder transformador da música e a força dos artistas em amplificar temas relevantes”, afirma Béco. “Todos sabemos que a linguagem musical é universal – juntar música com transformação social é um processo que deveria continuar cada vez mais forte”.