Por algumas vezes afirmei que as mulheres têm sido as responsáveis por elevar o patamar do rap BR. Mas como sempre existem os poréns, esse fato sempre precisa ser provado. A Duquesa não ter ganhado o “Prêmio da Música Brasileira”, na categoria de rap/trap, sendo uma das que mais se destacaram em 2024 – seja no palco ou com “Taurus, vol. 2” -, mostra que os (tais) especialistas gostam de favorecer suas preferências, não considerando o óbvio. Porém, vai ser difícil fechar os olhos para esta realidade. Cada vez mais, as MCs vão conquistar os espaços que lhes foi negado desde que o rap é rap. Isso se faz necessário também para (ao menos tentar) mudar a narrativa misógina, machista e conservadora, que – por incrível que pareça – ainda se mantém firme e forte.
Por outro lado, ter MC Luanna, Amabbi e AJULIACOSTA, que estão inseridas no rap, indicadas ao BET Awards (e a cantora Any Gabrielly) é um bom sinal de que alguém na indústria da música está observando a revolução que elas estão fazendo no Brasil. Mais ainda com a conquista da AJULIACOSTA na categoria “Best New Internacional Act” (Melhor Revelação Internacional). Neste caso, a vitória é coletiva, porque elas fazem questão de se unirem. É diferente do mercado que sempre quer colocar apenas uma em evidência e ir substituindo conforme o tempo – Doechii é a escolhida da vez, depois de Cardi B e Nicki Minaj.

Se engana quem pensa que a rapper de Mogi das Cruzes chegou apenas em 2024, quando ganhou o WME, tocou no MIL, em Lisboa, e se destacou no Paris Fashion Week 2024. A ascensão foi passo a passo. Com autenticidade, tendo um jeito próprio de rimar, não seguindo um formato retilíneo, e discurso perspicaz, ela começou a se destacar em 2022 com o EP “AJU”. No mesmo ano estreou no festival Cena 2k22. Mas já estava trabalhando 2 anos antes, colocando alguns singles nas ruas. A consagração veio com o álbum “Brutas Amam, Choram e Sentem Raiva”, de 2023, que ultrapassou 40 milhões de streaming.
Todas essas conquistas só reafirmam a potência que ela tem para conquistar ouvidos, cenários e ambientes. Não se limitar a ajudou a ir além das quatro linhas da música. Assim, criou a própria marca (AJCSHOP), tornou-se empresária e estilista. Essas movimentações também inspiram outras meninas e mulheres que a acompanham. Ser como AJULIACOSTA é o desejo de muitas delas – talvez deles também.
Apenas no início de uma caminhada que será longa, em 2025, AJC sobe ao palco The One, do The Town, um dos maiores festivais do país, como convidada de Karol Conká no palco The One. Quem já a viu ao vivo sabe que ela coloca “fogo no parquinho”. Então, (minha previsão) dessa vez não será diferente. Outra afirmação que faço, baseada em suposições e do que tenho observado com uma lente ampliada, é que a geração de AJULIACOSTA vai abrir muitas possibilidades para futuras MC’s, estilistas e profissionais de diferentes áreas. Sua trajetória prova que – apesar dos obstáculos – é possível chegar onde se deseja.