O Aesop Rock é um dos rappers/beatmakers mais produtivos e duradouros do rap underground. E a coleção de pedradas dele acaba de aumentar com o álbum “Spirit World Field Guide”. Esse é sem dúvidas o projeto mais expansivo e ambicioso da sua longa carreira. É tipo um guia de sobrevivência para algum mundo estranho paralelo ao nosso.
As ideias são distribuídas em 21 capítulos perspicazes de conhecimento, que descrevem a vida selvagem e costumes sociais do território de Aesop, trazendo-o à vida por meio de imagens alucinatórias de enguias assassinas, feitiços mágicos e pessoas em fuga, salpicadas entre anedotas, receitas, dicas de sobrevivência, avisos, mapas, desenhos.
“Se você está entre os incontáveis indivíduos que se sentem vivos e mortos ao mesmo tempo, as informações contidas aqui podem servir como um recurso inestimável para sua jornada”, afirma Aesop.
“Spirit World Field Guide” foi ganhando vida ao longo dos últimos meses por meio de uma série contínua de videoclipes dirigidos por Rob Shaw. O mais recente é “Coveralls”. Ele complementa a sequência de “The Gates” e “Pizza Alley”. Os três fazem uma narrativa de advertência sobre um grupo de crianças que descobrem um ser que cruzou o mundo espiritual e subsequentemente aprendem os perigos de não seguir os protocolos do espírito que guia.
“Este vídeo mais recente é a terceira parte do nosso arco Spirit World Field Guide, desta vez com foco em Maggie, a garota que filmou os coelhos brilhantes no primeiro vídeo”, afirma Shaw. “Queríamos criar uma espécie de ‘canal de TV Spirit World’ que transmite programas estranhos para todas as telas do quarto de Maggie. Entrelaçado a uma apresentação falha de Aesop, há uma série de programas diferentes, incluindo um vídeo de skate, show de marionetes e um anúncio político animado. Foi muito divertido tocar em todas essas mídias diferentes, com aparências e estilos diferentes. Este é provavelmente a forma mais livre dos vídeos da série feita para o disco até agora, mas ainda está de acordo com a história criada nos outros dois. Quando ouvi o álbum pela primeira vez, parecia a trilha sonora de um filme louco e, a cada parcela, conseguimos fazer um pouco mais desse filme”.
Ultimamente, Aesop Rock tem feito um processo criativo que trouxe suas habilidades líricas e de produção para um território totalmente inexplorado. No ano passado, ele e o mentor do Black Moth Super Rainbow, Tobacco, fizeram o psicodélico Malibu Ken. Só em 2020, ele soltou alguns singles e um EP de 10 músicas produzido para acompanhar um jogo de videogame do Travis Millard.
Nesta fase evolutiva, Aesop não está apenas explorando novos sons. Ele também tem feito músicas mais expressivas. A sensação de ser um estranho numa terra estranha pode ser ouvida em cada linha do LP, inclusive na base sonora. As batidas são agressivas, mas apropriadamente sombrias, com referências intergaláticas. Tem toda a selvageria, sugeira e viagem de alucinógena que só Aesop Rock sabe proporcionar.