O entrosamento entre DJ Satelite e DJ Galio continua rendendo bons experimentos musicais. Dessa vez, eles ousam ainda mais fundindo afro house, afrobeats, kuduro e sémba. Essa profusão de texturas está presente nas 28 músicas de “Raízes”, álbum que fecha a trilogia iniciada com Horizonte e Caminho. Porém, a ousadia não está apenas na soma de diferentes elementos da música eletrônica africana com sonoridades tradicionais de Angola, e sim na vontade de usar a identidade cultural deles para fazer algo que se conecte com o mundo.
Para isso, nas mais de 2 horas, reuniram artistas de três continentes. Na seleta lista estão Afro Wav (Zimbabué), Boddhi Satva (República Centro-Africana), Drunky Daniels e Jéssica Gaspar (Brasil), Kaysha (França/Congo), Riwo (Nigéria), Sokhana e Lilly Randy (África do Sul), Alex Kasion, Edlasio Alves, Melvi, Kelly Gomez, Peter Rodrigues, Danny Boy e Leriggo (PALOP).
“Chegamos ao som que nos identifica. A nossa batucada tem uma energia diferente. Traz-nos paz. E consegues senti-la dentro do kuduro, do afro house, até do semba”, afirmam, ressaltando que estão iniciando uma fase de evolução e maturidade.
Reconhecido internacionalmente como um dos pioneiros do afro house e autor de momentos históricos da música angolana, como a produção de Estado Maior do Ku-Duro dos Lambas (2006) e Batida Única de Bruno M (2007), DJ Satelite tem presença regular nos sets de Black Coffee por produções feitas para Smal do Arraso, Pai Diesel, Boddhi Satva, Branko e Cee ElAssaad. Já o DJ Galio iniciou sua jornada no rap. Foi em 2022 que ganhou evidência internacional com o disco Quibuala.
A soma de ambas experiência resultou num projeto consistente, pulsante e vanguardista. Apesar da quantidade de tracks, não é algo cansativo, que enjoa na metade, ou que soe como uma playlist aleatória. Possui uma abordagem sofisticada com cadência e fluxo que mantém os ouvidos atentos e o corpo em movimento.