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Foto: Jef Delgado

Racionais MC’s: o espetáculo final

Os quatro pretos mais perigosos do Brasil fecharam daquele jeito a temporada de shows de 2024.

O último show de 2024 dos Racionais MC’s começou antes mesmo de Ice Blue, Edi Rock, Dj Kl Jay e Mano Brown subirem ao palco do Espaço Unimed, em São Paulo. A sexta-feira, 29 de novembro, estava quente, e tão intensa quanto o calor era a movimentação nas imediações da estação do Metrô Barra Funda. O barulho dos veículos se fundia com as conversações, gritos de ambulantes, ofertando seus produtos, e sons que ecoavam das caixas bluetooth. De um lado podia se ouvir “A vida é Desafio”, e passos à frente “Negro Drama” te recebia com “entre o sucesso e a lama”. Esse é o tipo de esquenta caótico que antecipa o que se encontrará ao longo do espetáculo.

Na parte de dentro do Espaço, quase todo o público – que esgotou os ingressos – aguardava com expectativa. Camisetas do Santos estavam por toda parte, inclusive a não oficial de uma possível colaboração do time com o grupo. Só perdia em quantidade para a dos próprios Racionais, principalmente com a arte de “Sobrevivendo no Inferno”.

Nos primeiros minutos do sábado, 00h15 aproximadamente, as cortinas se abrem. No gigantesco telão, que pega o cenário de fora a fora, começa a aparecer diversos recortes de jornais com notícias de acontecimentos dos anos de 1979 até 1989, ano este em que os Racionais MC’s se formaram. A manchete que se destaca é a do “marco histórico” dos 100 anos de abolição da escravatura. Essa é a deixa para que uma espécie de portal se abra. Imediatamente, celulares com as câmeras acionadas são levantados quase que simultaneamente para registrarem toda a ação.

 

Foto: Jef Delgado

 

“Forte leal e sincero abraço São Paulo. Racionais MC’s tá na casa”, diz Mano Brown logo que eles entram sob um instrumental denso. “Do extremo sul da zona sul de sp. Do extremo norte da zona norte, os quatro pretos mais perigosos do Brasil… Sem medo de ser feliz. Felicidade é pra agora. Pelos mais e melhores dias da nossa vida. Lutar pra ser feliz eu te proponho…”

Assim que Brown termina de falar, DJ KL Jay, de uma parte elevada no meio do palco, acompanhado dos DJs Ajamu e Will, faz a introdução de “Pânico na Zona Sul”. Seguindo a influência gangsta da época em que o clássico chegou às ruas, todos usam óculos escuro e roupas pretas com o escudo do Las Vegas Raiders estampado nas camisetas e bonés. A estética do time de futebol americano, que era de Oakland, região de Los Angeles, se tornou símbolo do gangsta rap no final dos anos 1980 e início dos 1990 por causa do NWA.

Passados mais de 30 anos, o entrosamento dos quatro permanece intacto. A energia que transmitem contagia quem assiste. Alguns cantam todas, letra por letra, com a empolgação de quem vivenciou toda aquela história. Outros apenas observam atentamente, não sem ser levado instintivamente pelo corpo. Inseridos a pouco tempo na estrutura performática, dançarinos (b-boys e b-girls) complementam a estética. De início, seguindo o tom de protesto, o figurino se aproxima dos “uniformes” usados pelos membros do partido dos Panteras Negras.

Nesses primeiros anos de Racionais, Mano Brown diz que o que mais escutava era Public Enemy, e que lia muito a  biografia do Malcon X. “Foi como um segundo nascimento”, afirmou antes de iniciar “Voz Ativa”, que teve a cadência modificada. Ficou no meio termo entre a versão original e a mais suingada feita ao vivo no DVD de 30 anos. Dos sons iniciais, as mais aclamadas foram “Fim de Semana no Parque” e “Homem na Estrada”. A primeira foi acompanhada de recortes de jornais retratando a violência em São Paulo naquela época. Já a segunda era ilustrada com imagens feitas provavelmente por Inteligência Artificial, que também retratavam o conteúdo lírico da música.

 

Foto: Jef Delgado

DO FINAL DOS ANOS 1990 PRA FRENTE

O momento do álbum “Sobrevivendo no Inferno” iniciou com “Fórmula Mágica da Paz”. A versão que fizeram usou como base “Keep Ya Head Up”, do 2Pac, que tem sample de “Be Alright”, do Zapp. Logo em seguida veio “Capítulo 4, versículo 3” com a participação do Vitinho RB, que abriu com um freestyle. Quando entregou o comando de volta aos quatro, geral foi junto cantando todos os versos com a mesma ferocidade que Brown e Edi Rock. “Rapaz Comum”, interpretado por Edi com vocais de Lino Krizz, fechou a sessão novamente com a presença dos “Black Panthers”. Quando encerra, as congas introduzem “Diário de um Detento”. Na tela aparece o muro de uma prisão. “Aconteceu em São Paulo em 1992”, observa Brown, que volta na companhia do Dexter. Ambos vestem camisa branca (a do Brown é do Santos) e calça bege, o “uniforme” do sistema prisional de São Paulo.

Sem a marcação das batidas mais acentuadas, a base instrumental ficou limpa, evidenciando a percussão, os acordes do piano e o baixo, que ganhou potência. Na interpretação, Dexter e Mano Brown dialogam, cada um assumindo uma frase. Ao final, Brown pede um cigarro. O amigo diz que parou de fumar faz um tempo, e lembra o que disseram quando ele chegou no Carandiru em 1998: “Ai ladrão, aqui é a sua nova casa, eles mandam e você obedece”. Desse período, do terceiro disco, “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar” não foi incluída, mas bem que poderia.

 

Foto: @h.agst

 

Os anos 2000 se iniciam com o sample de “Uma Lágrima”, do Cassiano, usada em “Sou + Você”, abrindo o período “Nada Como Um dia Após Outro Dia”. O “tradicional” palhaço entra em cena de macacão alaranjado. “Da Ponte pra Cá” dá o start na sessão. Com uma roupa toda marrom, Edi rock pega um banco alto, do estilo boteco, para fazer “um pião pelas ruas da Zona Norte” de Parati filmada em “Expresso da Meia Noite”. Essa é mais uma que ganha uma versão minimalista. Edi faz quase uma acapella, sendo guiado apenas pelos efeitos dos sintetizadores. É intimista, e sombria. Também direciona o que viria a seguir: “Vida Loka pt 1”, “Jesus Chorou”, “A Vida é Desafio”, “Artigo 157”, “Marighella”, essa com a participação do Galo de Luta.

Perto do final, entrando na fase de “Cores e Valores”, eles mostram porque artisticamente este álbum é um dos que já estavam na vanguarda do rap brasileiro, apesar de incompreendido, chegando com traps e flows diferenciados. Por não estarem acostumados, os amantes dos storyttellings relacionados à política social torceram o nariz.

 

Foto: @h.agst

 

Aproveitando a oportunidade, Mano Brown chamou Rael e Rincon Sapiência para cantarem “Malandros Online”, música inédita que provavelmente estará no próximo projetos dos Racionais MC’s. Mais uma vez, eles saem do comum. E isso pode novamente causar estranheza quando ela chegar nos ouvidos. Mas inevItavelmente não seria possível seguir uma mesma receita. É a forma deles se reinventarem para manter a relevância. O mesmo aconteceu com “Cores e Valores”que só começou a ser entendido depois de uma década.

Para fechar o último show do ano, e as ações da Boogie Week, a música escolhida foi “Vida Loka part. 2”. É claro que não poderia ser diferente, levando em consideração que ela se tornou o hino das festas de final de ano nas quebradas do Brasil. Com toda a banca reunida, Ice Blue abriu o Champagne. Talvez esse seja o fechamento de um ciclo para o início de outro. Por isso, “quem viveu, viveu”.

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