O próprio DJ Nyack não faz ideia de como arruma tempo para fazer tantas coisas. “É uma loucura que nem eu sei como consigo… . Às vezes acho que eu não consigo, mas dou o meu melhor”, diz ele via Zoom diretamente da Petróleo, loja de vinis que administra em São Paulo em parceria com Eduardo Brechó. Também acompanha o Emicida nos shows, desde 2007, faz residência quinzenal no bar Matiz, comanda o projeto sazonal Rádio Gatilho FM e toda terça-feira faz geral dançar na Discopédia, ao lado dos DJs Dandan e Marco. Este último, inclusive, foi um dos responsáveis por abrir espaço para o DJ começar a discotecar nas festas.
“Foi o DJ Marco, em 2004, que me ensinou a tocar e me chamou, no meu aniversário, pra colar numa festa que ele estava tocando”, relembra. “Aí, fui e ele deixou eu tocar duas músicas. A partir daquele dia eu falei: “caralho, mano, é isso que eu quero pra mim”.
A paixão pela discotecagem começou um ano antes no Jardim Brasil (Zona Norte), sua quebrada, no projeto social Do Risco ao Rabisco, que tinha oficinas de teatro, dança e de DJ, a qual Nyack se identificou mais. “Depois que aprendi a história do hip hop, eu me apaixonei pelo bagulho à primeira vista”. Praticamente no mesmo período, os vinis também começaram a fazer parte do seu cotidiano. Os primeiros contatos foram com os discos do pai e do tio que já faziam bailes no bairro. Por isso, é provável que essa veia artística e a aptidão para produzir festas venha de família.
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“EU ACREDITO QUE UM DOS PRINCIPAIS PAPÉIS DO DJ É EDUCAR O PÚBLICO DA MELHOR MANEIRA POSSÍVEL, PORQUE O PESSOAL NÃO VAI NA DISCOPÉDIA PRA OUVIR DETERMINADO TIPO DE MÚSICA… VAI PRA VER A GENTE TOCAR PORQUE GOSTA DO SOM”.
Foi a partir de 2010-11 que o DJ decidiu fazer rolês para reverberar os sons garimpados nas viagens que fazia com Emicida e as tours pelos EUA. “A agenda estava muito grande e eu sentia falta de tocar nas festas”, afirma. “Inclusive, a Discopédia nasceu 12 anos atrás depois desse lance, porque o Criolo estava com a agenda grande de show e o Dandan também estava sentindo falta de tocar. O Marco, que na época tocava com a Céu, também queria fazer o mesmo”. Por se conhecerem a um bom tempo e terem um gosto musical parecido, o entrosamento entre os três aconteceu facilmente.
Passados 20 anos da primeira vez que colocou seus discos para rodar, Nyack se tornou uma das referências no hip hop do Brasil. Para comemorar essa caminhada, ele vai fazer no dia 30 de junho um long set de 8 horas seguidas na edição “Brainstorm” da festa “Algorítmico”. O lugar escolhido foi o Edifício Martinelli, um prédio histórico do centro da capital paulista, que está completando 100 anos.
“Estou chamando de Brainstorm porque é uma série de mixtapes que eu tenho, onde eu viajo por vários gêneros que gosto de ouvir”, observa. “Vou tentar abranger os 20 anos de carreira com um pouco de tudo que eu ouvi, que já toquei e que gosto. Também acho muito louco fazer parte das comemorações do aniversário do Martinelli, que é um dos símbolos de São Paulo, a cidade que mais me abraçou nesses anos e me motiva cada vez mais a melhorar o meu trampo”.
Para fazer essa maratona musical, que vai da MPB ao pop, o artista diz que sabe mais ou menos o repertório, mas não vai levar nada programado. “Por saber o que funciona pra mim e o que funciona pra pista, eu consigo visualizar. Eu sei o que eu quero, mas a qualquer momento eu posso ir pra outro lugar”, ressalta ele, complementando que nem na Discopédia faz isso. “Eu separo os discos que eu quero tocar, mas as vezes nem toco porque acho que não tem a ver com o tema da festa, por isso sempre tenho um plano B”.
Essa será uma das últimas vezes que Nyack vai discotecar em SP antes da sua tradicional turnê de verão pelos EUA, país que seu trabalho tem ganhado cada vez mais notoriedade. “De quatro anos pra cá eu tenho conseguido consolidar meu nome lá, porque querendo ou não lá eu sou só mais um… é quase que começar do zero”. diz. “Não preciso provar meu talento, mas mostrar pra quem não me conhece um pouco do que eu sou, fazendo que eles admirem meu trampo a ponto de me convidarem. E isso tem rolado bastante”.
Feliz por comemorar todas essas conquistas, ele reitera que a festa no Martinelli vai ser uma celebração não só dele, mas de todo mundo que o acompanha todos esses anos. O seu desejo para as próximas duas décadas é que sua arte continue atingindo pessoas de várias gerações, como tem atingido. “Acredito que estou construindo algo legal na cena”, declara. “Que meu nome reverbere por mais 20 anos e eu consiga inspirar outras pessoas, artistas e DJ’s que estão nesse corre louco da música”.
DJ Nyack apresenta “Algorítmico – Long Set” – edição especial “Brainstorm”
Quando: 30 de junho, das 15h às 23h
Quanto: de R$ 25 a R$ 150 (ingressos aqui)
COMO CHEGAR:
Uber | 99 | Carro
– Rua Líbero Badaró, 504 | O carro para na porta do edifício e será recepcionado por um segurança em sua cabine.
Metrô
– São Bento | São 150 metros de distância, menos de 2 minutos. Seguranças irão auxiliar no seu percurso
Censura: entrada permitida apenas para maiores de 18 anos.