As palavras de Eduardo Galeano serviu de inspiração para que Roger Deff escrevesse “Utópico”. Afinal, “para que serve a utopia? Para continuar caminhando”. A resposta do escritor e jornalista uruguaio parece simples, mas não é. Por isso, o MC mineiro tenta passar a sua visão sobre o assunto, que também se conecta com o caos estabelecido.
A base orgânica, produzida por Sérgio Giffoni, antigo parceiro do MC no grupo mineiro Julgamento, e o músico Fernando Macaco, serve de base para que ele aborde a importância de enxergarmos outras possibilidades, outros horizontes, para além dessa realidade, e mostra a importância da arte em meio a crise estabelecida.
“Vivemos um momento muito difícil e acredito que a maior contribuição que posso dar enquanto MC, enquanto artista, é construir narrativas que apontem para outras direções. Se a não acreditamos que as coisas podem mudar, ficamos apáticos, e isso é muito perigoso”, diz ele, que no refrão enfatiza que “o tópico é distópico e o que me move é utópico, não me rendo ao que é tóxico, caminhando junto aos meus, deste lado dos trópicos”.
Suas ideias também estão representadas na ilustração da capa do single, assinada pelo grafiteiro e ilustrador Binho Barreto. Para cria-las, ele pegou referências nas artes dos quadrinhos de Robert Crumb e do rap dos anos 1990, principalmente do Public Enemy e DelaSoul, Wu Tang Clan, RZO.
Este é o abre alas do próximo álbum de Deff, planejado para outubro de 2021. Tudo foi produzido à distância por conta da pandemia. “Gravei todas as vozes da minha casa, com os recursos que tenho, e enviei para o estúdio para que Giffoni e Fernando produzissem, foi a primeira vez que fiz um trabalho inteiro assim”.
Foto: Janaína Tábula