Imprevisível. Essa talvez seja a melhor a definição do niLL. Nenhum dos seus álbuns seguem padrões. De “Negraxa” pra cá, ele evoluiu. Depois de criar o seu – possível – clássico (“Regina”) não se prendeu na eterna cobrança de fazer um trabalho para superar o outro. Até o momento, a arte tem se sobressaído. Isso também acontece na mixtape “BLU”.
Os experimentos de cada peça mostram todas as possibilidades de expressão que o MC/produtor/beatmaker pode atingir. Está livre de qualquer amarra. Não acompanha o que estabelecido. Usa diferentes estruturas para construir sons distintos, que não se repetem nem estão conectados. É conceitual, apesar de não ter um conceito exato. Serve como plano de fuga do caos. Ao mesmo tempo que é denso em “Modulation”, logo eleva a intensidade com uma espécie de “funk soul industrial” da muito bem temperada “Control”. Faz essas viradas sem mudar a cadencia das rimas e os temas dos versos.
Essa ambiguidade torna a experiência interessante. Também abre excessão das regras dos puristas de que não se pode ouvir um álbum no aleatório. niLL te permite fazer isso. E surpreende ao fazer dupla com Ana Frango Elétrico na radiofônica “Singular” (tocaria facilmente em qualquer FM focada em MPB). Essa reflete a ideia do projeto. Não cabe em caixas. Isso é um exemplo de que a música flui naturalmente quando o propósito da entrega não está baseada apenas em chamar a atenção dos números.