O Bruno é conhecido nas ruas de Curitiba como Bface. Ele é multifacetado: rapper, beatmaker e produtor. A “iniciação” dele no rap foi em 2005. De lá pra cá, o artista autodidata preencheu com a própria caneta todas lacunas do currículo. Após assinar as produções da coletânea “Suite Para Corações Urbanos”, de 2014, conquistou notoriedade na sua área e decidiu seguir sozinho na caminhada. Em 2018, fez o álbum “Gradientes”. A qualidade do trabalho expandiu ainda mais o horizonte.
Seguindo pelos trilhos perigosos e sombrios do undergound, Bface está sempre experimentando. O seu recente disco reflete essa vontade de explorar sonoridades diferentes. Não segue o padrão. Faz de tudo para fugir dele. Por isso, “Egoritmos” é quase que um laboratório de testes. Ele une diferentes estilo para criar algo único. Algumas de suas criações podem não ser tão palatáveis na primeira orelhada, mas aos poucos os ouvidos se acostuma.
As camadas instrumentais são densas e sempre estão mais evidentes voz. Faz parte da identidade musical desenvolvida por Bface. Tem um certo balanceamento, mas as bases está uns três graus acima. Mesmo assim, as letras estão bem distantes da superficialidade. Foca nos temas que sempre estão em alta no Brasil (tipo o racismo), passando por polêmicas da internet, crises de identidade, ansiedade, sobrevivência e a busca incessante dos artistas por números.
Talvez, Bface tenha previsto o momento atual que o mundo vive, tendo em vista que esse trabalho começou a ser feito alguns anos antes de tudo isso começar. Dá um choque de realidade, em alguns momentos na companhia de Tuyo, fvve, Thiago Elniño, InPulso e Inaki. “Egoritmos” é singular, porque não se limita. Surpreenderia até se fosse completamente instrumental.
Escute “Egoritmos” AQUI