A caminhada não começou ontem. Faz 6 anos que Rafael e Anderson compartilham a mesma luta. Nos últimos 5, eles (mais conhecidos por Dj Comum e Supperbiro) se dedicaram na construção de “Meu Lugar”. “Os beats dele me chamou muito a atenção, porque me lembrava dos rap que aprendi a ouvir na época das coletâneas “Dinamite”: Fugges e outros clássicos daquele tempo”, diz Supperbiro. “Daí então fomos trocando ideia, mostrei minhas rimas pra ele, descobrimos que éramos vizinhos, então começamos a produzir o disco em 2015”.
O alicerce foi levantado em cima dos boom baps noventistas. Tem uma textura rudimentar. Mas é robusto. A obra entrega a mensagem de forma clara, sem extravagancias. São ideias de quebrada, de vivência e paixão, acompanhadas pela “sujeira” habitual do underground. Por estar bem aprumado, agrada os “conservadores” e abre uma linha direta para falar com os millennials.
“Por mais que não seja mainstream, fazemos nossa música com muito amor e dedicação, muito carinho mesmo, manja? Acreditamos que traduzimos essa energia para nosso som, e o que acontece bastante em nossos shows, por exemplo, é a galera se contagiando com a vibe do som”, reflete. “Esse é o nosso estilo natural, quando nos juntamos para fazer música é sempre isso que estamos fazendo.”
É possível observar que há um sincronismo entre DJ e MC. Um complementa o outro. E não poderia ser diferente, tendo em vista o tempo que estão juntos lapidando a pedra bruta. “Os beats do DJ batiam muito certo pra mim, lembro que eu tinha uma letra pra cada beat que ele me mandava. Na época eu era crente evangélico, voluntário em ações sociais nas periferias, com a população com dependência química e presos, ao mesmo tempo que trabalhava no meio corporativo e tinha acabado de me formar em contabilidade. Toda a complexidade de viver essas experiências me inspirou a escrever”.
A união de Dj Comum e Supperbiro nesse projeto inicial tem por objetivo se conectar com as pessoas, oferecendo uma proposta de rap, diferente do que tem sido feito atualmente, e dando amostras da beleza que é o lugar de onde vieram.
“Ser boa notícia e ferramenta de ânimo em todo tempo, e sinalizar a música boa de essência do hip-hop para os dias atuais”.
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